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Textos de Alegria

O Riso do Palhaço Sem Alegria.
Outro dia alguém, não sei bem porque e quando, me disse que a vida era um presente divino, e que devíamos saber aproveitá la, e jamais esquecer de agradecê la, quem quer que fosse o padrinho.
E que por pior que se apresentasse a vida, estar vivo era um milagre dos céus.
“Deus sempre sabe o que faz”, enfatizou o amigo, filósofo de botequim, cheio de paz no coração e repleto de alegria artificial na cabeça.
Fiquei meio assim com essa idéia de que a vida é um presente, porque outro dia também ouvi de um mendigo agradecido pela sobras de um almoço: “cavalo dado não se olha os dentes”, nesse mesmo dia o vira lata ficou sem o seu almoço na lata de lixo.
As migalhas não escolhem os miseráveis, elas são presentes do acaso.
É preciso estar no lugar certo, na hora certa, nos diz as pessoas que embrulham os presentes.
Mas como os pobres e os vira latas não têm relógio, sempre chegam atrasados.
Assim como os ônibus.
Não sei quem me disse que para entender a vida era preciso conhecer a palavra de deus, mas como ele nunca apareceu pessoalmente, durante muito tempo acreditei nos mandamentos dos publicitários.
Lembram daquela profecia ”O mundo trata melhor quem se veste bem”.
Pois é, o mundo dá crédito para quem tem crédito.
E aí, se a vida é agora, Vida loka ou Vida besta Descobrir tem seu preço.
Na verdade acho que a vida é uma das coisas mais engraçadas que o mundo nos dá, e que por isso mesmo, muitas vezes não tem graça nenhuma.
Não é que eu seja mal agradecido, e ria menos que devia para o destino, mas é que tem umas coisas que acontecem
Vai vendo a ironia do destino, tenho um amigo que estava já algum tempo desempregado, estava vivendo de bicos sei que tem muita gente que não sabe, mas viver de bico não tem graça nenhuma.
Ele agora faz bico em uma loja de sapatos, e a coisa mais engraçada é que ele não é vendedor, nem gerente ou faxineiro, meu amigo é o palhaço da loja.
É.
Ele fica na frente da loja vestido de palhaço, fazendo graça para as pessoas que passam.
Parece legal né Mas não é.
Quando eu o vi e reconheci o até que foi meio divertido, não sei se porque o patrão estava olhando, mas seus olhos e a maquiagem mal feita, o traíram.
Estava triste.
Puxa, pensei um homem desempregado não deveria ser palhaço, ser palhaço não é uma profissão, é um estado de espírito, um dom.
Taí, um presente.
Que tristes tempos nós vivemos, em que os circos se foram para o nunca mais, e os palhaços trapezistas habitam as lojas de sapatos.
Também tentei fingir, e ri um riso falso de poeta que tem a boca desbotada, para que ele, talvez, se mantivesse digno em seu novo emprego, para que ele talvez se mantivesse firme na corda bamba dessa vida, que mais parece sapato sem cadarço, para os que têm pés de chinelo e as pegadas miúdas que rastreiam o chão duro da felicidade que nunca vem.
Despediu se de mim com os olhos e partiu arrastando sua tristeza oculta em outra direção.
Ele se aproxima de uma menininha que se afasta meio com medo.
A Mãe, sem graça, diz: “não tenha medo minha filha, é só um palhaço.” “Quem dera”, pensou ele.
“A Vida não é engraçada, um homem triste a fazer sorrir os outros ”, disse a voz do destino, segurando um cartão de crédito sem limites na mão, e um peito vazio na outra.
Sem saber como chorar, ele respondeu com os olhos: “Não mãe, não é só um palhaço, é um homem sem emprego, desfrutando o presente da vida”.
Mas há os desempregados, que cegos, viram atiradores de facas.
Dói só de lembrar.

BOM CORAÇÃO
No tempo do Buda vivia uma velha mendiga chamada Confiando na Alegria.
Ela observava os reis, príncipes e o povo em geral fazendo oferendas ao Buda e a seus discípulos, e não havia nada que quisesse mais do que poder fazer o mesmo.
Saiu então pedindo esmolas, mas, no fim do dia não havia conseguido mais do que uma moedinha.
Levou a moedinha ao mercado para tentar trocá la por algum óleo, mas o vendedor lhe disse que aquilo não dava para comprar nada.
Entretanto, quando soube que ela queria fazer uma oferenda ao Buda, encheu se de pena e deu lhe o óleo que queria.
A mendiga foi para o mosteiro e acendeu a lâmpada.
Colocou a diante do Buda e fez o seguinte pedido: Nada tenho a oferecer senão esta pequena lâmpada.
Mas, com esta oferenda, possa eu no futuro ser abençoada com a Lâmpada da Sabedoria.
Possa eu libertar todos os seres das suas trevas, purificar todos os seus obscurecimentos e levá los à Iluminação.
Durante a noite, o óleo de todas as lâmpadas havia acabado.
Mas a lâmpada da mendiga ainda queimava na alvorada, quando Maudgalyayana o discípulo do Buda chegou para recolher as lâmpadas.
Ao ver aquela única lâmpada ainda brilhando, cheia de óleo e com pavio novo, pensou: 'Não há razão para que essa lâmpada continue ainda queimando durante o dia', e tentou apagar a chama com os dedos, mas foi inútil.
Tentou abafá la com suas vestes, mas ela ainda ardia.
O Buda, que o observava há algum tempo, disse: Maudgalyayana: você quer apagar essa lâmpada Não vai conseguir.
Não conseguiria nem movê la daí, que dirá apagá la.
Se jogasse nela toda a água dos oceanos, ainda assim não adiantaria.
A água de todos os rios e lagos do mundo não poderia extinguir esta chama.
Por que não Perguntou o discípulo de Buda.
Porque ela foi oferecida com devoção e com pureza de coração e de mente.
Essa motivação produziu um enorme benefício.
Quando o Buda terminou de falar, a mendiga se aproximou e ele profetizou que no futuro ela se tornaria um Perfeito Buda e seria conhecido como Luz da Lâmpada.
*
Em tudo, o nosso sentimento é o que importa.
A intenção, boa ou má, influencia diretamente nossa vida no futuro.
Qualquer ação, por mais simples que seja, se feita com coração, produz benefícios na vida das pessoas.

São delicados e sutis os fios da harmonia.
Ao contrário da alegria, do entusiasmo, ela é uma das sensações mais discretas.
Sua voz é quase imperceptível, feito outra qualidade de silêncio.
Ela não é uma gargalhada, é aquele sorriso por dentro, uma sensação gostosa de estar no lugar certo, na hora adequada.
Feito um arco íris depois da tempestade, sua beleza é adornada pelo equilíbrio dentro do derramamento.
É um adestramento dos fantasmas internos.
A possibilidade de aprimorar os pensamentos.
É quase como não pensar.
Simplesmente, sentimos uma ligação profunda com tudo, um denso bem estar.
Como se tivéssemos uma secreta intimidade com o mundo, certa cumplicidade com o tempo.
É como se observássemos descompromissados, ela é uma descontração.
Como se o coração batesse pelo corpo todo, mas sem extremada euforia.
Uma tranqüilidade dilatada no peito, o olhar satisfeito, a mente entendendo que já nem precisa entender o que é prosa ou poesia.
E o mundo inteiro cabendo num abraço.
E uma firmeza na carícia, a maturidade que perdeu o cansaço, uma confiança que preenche a existência.
A harmonia é um contato profundo com a experiência.
E o tempo do dia não é mais composto por esperas, ele é vivido.
E já não se fala, palavras passeiam pela boca.
E já não se escreve, as frases coreografam as paisagens.
E já não se ama, o amor vigora em nós.
A harmonia tem fios muito delicados e sua trama faz a ligação mais suave entre todas as urgências já sentidas.
E o chão do sonho é macio, e tudo parece estar alinhavado, numa ligação sem sufocamentos.
E a poesia não deseja mais ser nada, vira o afago de um momento.
E nas letras a textura de um veludo, como se ao correr pela página, os olhos pudessem ser acariciados.
E você tem todas as coisas sem precisar tomar posse delas.
Você ama o amor, não o delírio de estar apaixonado.
Sinto a harmonia como uma espécie de fascínio pela vida.
É quase uma perda de outros apetites, porque se está tão nutrido pela própria companhia.
E a gente tem aquela vontade súbita de andar pela noite: não apenas para olhar as estrelas, mas também para por elas sermos vistos.
Harmonia é como se fôssemos inundados pelo mar onde antes só havia um precipício."