Giandra Meyne

Dois corações apenas uma peça de encaixe
No quebra cabeça da vida
A mulher forte que se perde da menina
Olhar de cigana
Que ginga na vida
Já conheceu o sorriso da chegada
Chorou com as partidas repentinas
Traz a fé nas mãos
E a resiliência no coração
Ansiosa em viver
Absorve em cada suspiro
A liberdade de se recriar
Voa alto
Não deixe o medo cegar
Você é capaz e vai chegar lá
Esse é seu tempo
Seja a protagonista do seu momento.

O espelho da alma
Transcende toda calma
O reflexo desconexo
O agora reverso
Sabedoria lapidada
A eterna inércia entre o tudo e o nada
As memorias sempre assolam
Como o vento insistente
Levam a gente
A encontro de si
Construído entre egos
Fortalezas e castelos
Corrompendo a vida
Seremos despedida
Poesia lida e relida
Em corações esquecidos
Sentimentos perdidos
Caminhos e abrigos
Leais e inimigos
A melhor versão é a que virá
Depois de tombos e medos
Quando você se reencontrar
Quando souber pelo que lutar
De algum modo o novo surgirá.

Como dizia o poeta, a felicidade é um caminho escasso e solitário, se não fizermos por nos mesmo ninguém o fará.

Criar um poema
Deixar entre cada linha a dor
Felicidade errante
Paz entre tinta e papel.

Fênix se levanta errante
O infinito em seu olhar
O mundo em suas assas
Prossegue sobre a vida
Encara desprevenida
Alcança o vôo distante
Sua jornada uma busca
De sonhos e destino.

Perdem se as palavras, os sentimentos ainda reinam
Todos os sentidos giram em busca da lucidez, mais no fundo ela sempre esteve em você.

Deixem os corpos
Deixem que as mães enterrem seus mortos
Limpem o sangue no asfalto
O mesmo que jorrou no parto
O pequeno que acalentou nos braços
Frio e estático
O choro que outrora impediu
Se misturou ao sereno frio
Juro que o de farda sorriu
Um corpo sem espírito
Ali ja não estava seu menino
Seu olhar agora vazio
Refletia os olhares assustados
O choro velado
De tantas outras que deixaram de ser mães pelas mão do estado
Inocente ou culpado
A balança desequilibrada
Só pesa para um lado
Lado periférico
Isolado e oprimido
Em que ecoa a voz dos estrategicamente esquecidos.

Filas e filas
Vida e vidas
Gente mecânica
Parece gente
Mais não sente
Vê a mãe chorar
O idoso definhar
O menino lamentar
O caos nunca terminar
A dor atormentar
Tudo vira lista,estatística
Para ir de encontro a gente de cima
Que não sabe o que é fila
Ou muito menos valor da vida
Que só se importa em arquivar
E o vazio deixado quem vai curar
E os sonhos terminados quem vai eternizar
Tanto poder der ser
Acabam na mesma fila
Esquecem que não são de cima
E correm o mesmo risco de virar
Números e registros
Em breve esquecidos.

Nunca me prendi a segurança
De paraquedas cai na vida
De queda livre na realidade
Um misto de força e cicatriz
Sempre me reerguendo
Eis me aqui
Sou fênix a cada queda
Reinvento muitas em mim
As lágrimas lavaram a alma
Agora o que importa é sorrir
De menina a mulher
Poucas palavras
Muitos tropeços
De peça em peça
O destino atravessa
A lógica se perde
Em tanta inércia
Um amor findado
Um recomeço entrelaçado
Vidas ao acaso
A luz já não ilumina
A minha estrela agora brilha.

Então um dia meu bem
A gente vira primavera
Começa a florir
Esquece das mazelas
Só quer sorrir
Sorriso bolo
Olhar debochado
O novo espetáculo
O palhaço tira a maquiagem
Encara o espelho
Abandona o picadeiro
Descobre que a vida vai além
Não quer ser escravo da felicidade de ninguém
Espalha purpurina e tinta colorida
Faz as malas
Vai para a estrada
Acordado demais para esperar
Louco o suficiente para sonhar
Se o impossível é apenas
Uma palavra descrita
Acorda logo vem pra vida.

Sorrisos de plástico
Olhares robotizados
O tempo é rei
Eu um simples servo
Trilhando essa caminho deserto
Hora a lágrima cai
Hora o sorriso engrandece
A vida é o constante
Sobe desce
A fé cansada perece
Tudo programado
Engole o café amargo
Sorri para os adversários
Compre pague
Colecione futilidades
Você vale o que ostenta
Uma alma por aparência
Perdidos e vendidos
Cigarro queimando
Álcool embriagando
A vida enganando
No final tudo que importá
É o quanto você suporta.

Sobre qual trilho caminha sua liberdade
Se ela existe de verdade
Ou a ilusão de ter
Atropela a verdade do ser
Quantos caminhos já percorreu
Sem nunca encontrar o seu
Quantas vidas já tocou
E delas o que restou
A construção de uma vida
Entre chegadas e despedidas
Entre o copo cheio e a alma vazia
Entre a fumaça que sobe
E o tempo que escorre
Quem te rouba a solidão
Te oferece abrigo
Ou fecha seu coração
A ilusão de Ícaro
A fuga do labirinto
A morte pelo fascínio
Qual sol cega a realidade
A criança de pés ao chão
E com eternidade no olhar
Ainda vive
Ou o medo a fez recuar
Suas dores agora enraizadas
São flores ou ainda cultiva
o solo árido da dor
E se apenas se misturasse ao todo
Se não houvesse definição
Se todo caminho fosse luz
Iluminaria sua escuridão.

Olhos de narciso
corrompem a maioria
talvez Ícaro em um delírio
Achou mais seguro o calor do sol
Flashes em meio ao caos
Uma vida por curtidas
Uma alma por seguidores
O pacto aqui até o diabo se ofende
Nas telas modernas se vende gente
Carne barata em meio ao progresso
Sangue humano
Bem vindo ao retrocesso
Egos e mais Egos
Castelos de areias
Fortunas construídas com vidas alheias
Sorria desde pequeno se aprende
Escolha sua máscara e siga em frente
Quem traz o sorriso mais claro
Em meio a corações devastados
Zumbis modernos
Deseducam seu cérebro
Não questione, não procure
Apenas siga a grande massa
Onde loucos são a cura
E a cura é vista como doença
Já se dizia cada cabeça um sentença
Mais não sentencie seu irmão
Usando Deus ou a ciência
De exu a Cristo
De Buda a ateísmo
Se a fé é sua
Pra que crucificar o outro por isso
Cada vez mais vazios de nós mesmos
Medidos pesados e alugados
Quem manipula sua alma
Quem tira sua calma
Quanto vale seu amor
Quem sabe sua dor
Acorda não é abrir os olhos
Viver é resistir
Órfãos de lugar nenhum
Buscando existir.

Existimos,sentimos,permitimos
A vida nos quebra
Em diferentes formas e brechas
As dores são solo fértil
Arrancadas deixam vertentes enraizadas
Marcas cravadas
Insegurança,medos bobos
Trazendo a sorte todo agouro
A força não se procria
Ela se equilibra
Há dias que parecem noites
E noites que não se acabam
Há toda eternidade
Em cada segundo
O tempo nem a favor nem contra
Passa timido
Sem percebemos
Que como uma ampulheta
Esta se esvaindo
Quantas pessoas vem e vão
Quantas procuram amor
Mesmo depois de toda dor
Quantas frias e vazias
Por mera proteção
Confiança palavras como fiança
Aprisionam e condicionam
Em quem confiar
Se a todos que deu a mão
Tinham palavras doces na boca
Mais o punhal no olhar
Se dançando com a solidão
Não há risco de errar
Em corda bamba sobre o infinito
Vivendo o eterno risco
De um dia por acaso tudo acabar.

Acordamos para a vida ou ela se acorda para nós
Nada é traçado em linhas retas, já que a vida tem seus acasos e descasos.
Dizem que nada machuca mais do que o amor, aliás, a falta dele.