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Reflexões Jetsunma Tenzin Palmo

Os nossos problemas fundamentais são a ignorância e o agarrar do ego.
Agarramo nos à nossa identidade, enquanto uma personalidade, memórias, opiniões, julgamentos, esperanças, medos, conversa fiada tudo gira à volta deste eu, eu, eu, eu.
E acreditamos que esse eu é realmente uma entidade sólida e imutável que nos separa de todas as outras entidades lá fora.
Isto cria a ideia de um eu permanente e imutável no centro do nosso ser, que temos de satisfazer e proteger.
Isto é uma ilusão.
"Quem sou eu ", esta é a questão central do Budismo.
Está a ver Geralmente o que fazemos é tentar proteger este falso eu, o meu, o mim.
Pensamos que o ego é o nosso melhor amigo.
Não é.
Não se interessa se estamos felizes ou infelizes.
Na verdade, o ego fica muito feliz por estar infeliz.
E temos de estar conscientes para não usar o caminho espiritual como outro canal para o ego um maior, melhor, mais espiritual eu.
Há práticas que podemos usar contra esta adulação do ego.
Na companhia de pessoas muito doentes que estão a sofrer, podemos visualizar nos a tomar a sua dor e sofrimento, sob a forma de uma luz ou fumo escuros, retirando a doença e karma negativos, e dirigindo os para a pequena pérola negra do nosso egocentrismo.
E começará a desaparecer, porque, realmente, a última coisa que o ego quer, são os problemas dos outros.
Se nós próprios sentimos dor e sofrimento, podemos usá lo.
Estamos condicionados a resistir à dor.
Pensamos nela como um bloco sólido que temos de empurrar, mas não é.
É como uma melodia, e por detrás da cacofonia há um espaço imenso.

O problema é que nós sempre confundimos a ideia de amor com apego.
Sabe, nós imaginamos que o apego e o ciúmes que temos em nossas relações demonstram que amamos.
Quando na verdade é só apego.
E isso nos causa dor.
Porque quanto mais nos agarramos a algo, mais temos medo de perder.
E então, se nós perdermos, vamos sofrer.
O que quero dizer é que amor genuíno é Bem, o apego diz: “Eu te amo, por isso quero que você me faça feliz”.
O amor genuíno diz: “Eu te amo, por isso quero que você seja feliz.
E se isso me incluir, ótimo.
Se não me incluir, eu só quero a sua felicidade.”.
E são dois sentimentos diferentes.
O apego é como segurar com muita força.
Mas o amor genuíno é como segurar muito gentilmente, alimentando aquilo, mas permitindo que as coisas fluam.
Não é ficar preso com amarras.
Quanto mais amarrarmos o outro, mais nós sofremos.
É muito difícil para as pessoas entenderem isso porque elas acham que quanto mais se agarram a alguém, mais elas demonstram que se importam com essa pessoa.
Mas não é assim.
Elas realmente estão apenas tentando prender alguma coisa, porque se for de outra maneira, acham que elas é que se ferirão.
Em qualquer tipo de relacionamento no qual pensamos que podemos ser preenchidos pelo outro está fadado a ser complicado.
O ideal seria que as pessoas se juntassem já tendo esse sentimento de preenchimento próprio, e se juntassem para apreciar a companhia do outro em vez de esperar que o outro supram a necessidade de preenchimento que elas não sentem sozinhas.
E isso gera um monte de problemas.
E com isso vem a projeção do romance e do amor, em que idealizamos nossas ideias, desejos e fantasias românticas do outro.
E possivelmente o outro não será capaz de corresponder a essas expectativas.
Quando começamos a conhecer o ouro, reconhecemos que ele(a) pode não ser o Príncipe Encantado ou a Cinderela.
É apenas uma pessoa comum, que também está lutando.
E a menos que sejamos capazes de enxerga las, de gostar delas e de sentir desejo por elas, e também ter compaixão e ternura, será um relacionamento difícil.