Frases.Tube

Luis Fernando Veríssimo

Carências
Quem não gosta de ser amado Se Receber atenção especial Quem não gosta de beijo na boca e abraços apertados Quem prefere a solidão a uma boa companhia
Nesse mundo maluco e agitado, as pessoas estão se encontrando hoje, se amando amanhã e entrando em crise depois de amanhã.
Uma coisa frenética e louca, que tem feito muita gente que se julgava equilibrada perder os parafusos e fazer muita besteira.
Paixão, loucura e obsessão, três dos mais perigosos ingredientes que estão crescendo nos relacionamentos de hoje em dia por causa da velocidade das informações e o medo de ficar sozinho.
As pessoas não estão conseguindo conviver sozinhas com seus defeitos, vícios e qualidades e partem desesperadamente para encontrar alguém, a tal da alma gêmea, e se entregam muitas vezes aos primeiros pares de olhos que piscam para o seu lado.
Vale tudo nessa guerra, chat, carta, agência, festas.
É uma guerra para não ficar sozinho.
Medo, medo de se encarar no espelho e perceber as próprias deficiências, medo de encarar a vida e suas lutas.
Então a pessoa consegue alguém
(ou acha que está nascendo um grande amor), fecha os olhos para a realidade e começa a viver um sonho, trancado em si mesmo, transfere toda a sua carência para o(a) parceiro(a), transfere a responsabilidade de ser feliz para uma pessoa que na verdade ela mal conhece.
Então, um belo dia, vem o espanto, vem a realidade, o caso melado, o “falso amor” acaba, e você que apostou todas as suas fichas nesse romance fica sem chão, sem eira nem beira, e o pior: muitas vezes fica sem vontade de viver.
Pobre povo desse século da pressa! Precisamos urgentemente voltar o costume “antigo” de “ter tempo”, de dar um tempo para o tempo nos mostrar quem são as pessoas.

Lerdeza
A frase que o Everton mais ouvia da mãe era "levanta e vai buscar", geralmente seguida de um epíteto, como "seu preguiçoso" ou, pior, "lerdeza".
Porque o que o Everton mais fazia, atirado no sofá na frente da TV na sua posição de costume (que a mãe chamava de "estrapaxado"), era pedir para lhe trazerem coisas.
Uma Coca.
Uns salgadinhos
Levanta e vai buscar!
Pô, mãe.
Lerdeza!
O Everton já estava com quinze anos e era uma luta convencê lo a sair do sofá e ir fazer o que os garotos de quinze anos fazem.
Correr.
Jogar bola.
Namorar.
Ou pelo menos ir buscar sua própria Coca.
Esse menino um dia ainda vai se fundir com o sofá
Everton não queria outra coisa.
Ser um homem sofá.
Um estofado humano, alimentado sem precisar sair do lugar.
E sem tirar os olhos da TV.
E como era filho único, e insistente, sempre conseguia que lhe trouxessem o que pedia.
Quando não era a mãe, sob protestos ("Toma, lerdeza, mas é a última vez") era Marineide, a empregada de vinte e poucos anos cujo decote era a única coisa que fazia o Everton desviar os olhos da TV, e assim mesmo por poucos segundos.
***
Um dia, estrapaxado no sofá, o Everton se deu conta de que estava sozinho em casa.
A mãe tinha saído, o pai estava no trabalho, a Marineide de folga, e ele sem ninguém para lhe trazer uma Coca, uns chips de batata e uns Bis.
Levantar se e ir buscar estava fora de questão.
Fechou os olhos e concentrou se.
Concentrou se com força.
Depois de alguns minutos, ouviu ruídos vindo da cozinha.
A geladeira abrindo e fechando.
Uma porta de armário abrindo e fechando.
Depois silêncio.
Quando abriu os olhos, a Coca, os chips e os Bis pairavam no ar, à sua frente.
Ele só precisou estender a mão.
No dia seguinte, Everton testou seu poder recém descoberto na Marineide, que até hoje não sabe como a sua blusa desabotoou sozinha e seu soutien simplesmente voou longe daquele jeito, e logo na frente do menino.
Everton também acendeu a TV e mudou de canais sem precisar usar o controle remoto, e fez um vaso voar pela sala só com a força do seu pensamento.
Apagou a TV e ficou, atirado no sofá, refletindo sobre o que significava aquilo.
Ele era um fenômeno.
Tinha um poder único fazia as coisas acontecerem apenas pela sua vontade.
Contaria aos pais, claro.
Eles poderiam ganhar dinheiro com seu poder.
O pai saberia como.
Ele se transformaria numa celebridade.
Cientistas do mundo inteiro o procurariam, sua capacidade extraordinária seria usada em benefício da humanidade.
No combate ao crime, por exemplo.
Nas comunicações.
Na medicina a distância.
***
E se aquilo fosse, de alguma forma, um poder religioso Até onde a revelação do seu dom milagroso seria um sinal de que ele tinha uma missão a cumprir na Terra Até onde aquilo o levaria Fosse o que fosse, uma coisa era certa.
Ele teria que sair do sofá.
***
Mãe.
Ahn
Eu quero daquelas coisinhas de queijo.
E uma Coca.
Levanta e vai buscar.
Pô, mãe.
Tá bem.
Mas esta é a última vez.
E já a caminho da cozinha:
Lerdeza!

DIGA NÃO AS DROGAS
Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de "experimenta, depois, quando você quiser, é só parar " e eu fui na dele.
Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", "natural", da terra", que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do "Chitãozinho e Xororó" e em seguida um do "Leandro e Leonardo".
Achei legal, coisa bem brasileira; mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "Amigo" e acabei comprando pela primeira vez.
Lembro que cheguei na loja e pedi: Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano.
Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé.
Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve "Banda Eva", "Cheiro de Amor", "Netinho", etc.
Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: "É o Tchan", "Companhia do Pagode", "Asa de Águia" e muito mais.
Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes, então, meu "amigo" me deu o que eu queria, um Cd do "Harmonia do Samba".
Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, minha razão de existir.
Eu pensava por ela, respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais .
.
.
Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas.
Foi a partir daí que começou a minha decadência.
Fui ao show de encontro dos grupos "Karametade" e "Só pra Contrariar", e até comprei a Caras que tinha o "Rodriguinho" na capa.
Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo.
Não deu outra: entrei para um grupo de Pagode.
Enquanto vários outros viciados cantavam uma "música" que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorriamos fazíamos sinais combinados.
Lembro me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a coletânea "As Melhores do Molejão".
Foi terrível!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas "miseráveis" e letras pouco arrojadas.
Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada.
Mas a fase negra ainda estava por vir.
Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana, quando comecei a escutar "Popozudas", "Bondes", "Tigrões", "Motinhas" e "Tapinhas".
Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido.
Quando saia a noite para as festas pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos.
Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas; uns nobres queriam me mostrar o "caminho das pedras", outros extremistas preferiam o "caminho dos templos".
Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa.
Hoje estou internado em uma clínica.
Meus verdadeiros amigos fizeram única coisa que poderiam ter feito por mim.
Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues.
Mas o meu médico falou que é possível que tenham que recorrer ao Jazz e até mesmo a Mozart e Bach.
Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga.
Os traficantes só pensam no dinheiro.
Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas.
Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante; vai perder as referências e definhar mentalmente.
Em vez de encher cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:
* Não ligue a TV no domingo à tarde;
* Não escute nada qu e venha de Goiânia ou do interior de São Paulo;
* Não entre em carros com adesivos "Fui ";
* Se te oferecerem um CD, procure saber se o indivíduo foi ao programa da Hebe ou ao Sábado do Gugu;
* Mulheres gritando histericamente são outro indício;
* Não compre um CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;
* Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados;
* Não compre nenhum CD em que a capa tenha nuvens ao fundo;
* Não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no
Brasil; e
* Não escute nada em que o autor não consiga uma concordância verbal mínima.
Mas principalmente, duvide de tudo e de todos.
A vida é bela!!! Eu sei que você consegue!!! Diga não às drogas!!

O homem trocado
O homem acorda da anestesia e olha em volta.
Ainda está na sala de
recuperação.
Há uma enfermeira do seu lado.
Ele pergunta se foi tudo bem.
Tudo perfeito diz a enfermeira, sorrindo.
Eu estava com medo desta operação
Por quê Não havia risco nenhum.
Comigo, sempre há risco.
Minha vida tem sido uma série de enganos
E conta que os enganos começaram com seu nascimento.
Houve uma troca
de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de
orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos
redondos.
Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais.
Ou
com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não
soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
E o meu nome Outro engano.
Seu nome não é Lírio
Era para ser Lauro.
Se enganaram no cartório e
Os enganos se sucediam.
Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não
fazia.
Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na
universidade.
O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis.
No mês
passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.
O senhor não faz chamadas interurbanas
Eu não tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano.
Ela o confundira com outro.
Não foram
felizes.
Por quê
Ela me enganava.
Fora preso por engano.
Várias vezes.
Recebia intimações para pagar dívidas
que não fazia.
Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico
dizer:
O senhor está desenganado.
Mas também fora um engano do médico.
Não era tão grave assim.
Uma
simples apendicite.
Se você diz que a operação foi bem
A enfermeira parou de sorrir.
Apendicite perguntou, hesitante.
É.
A operação era para tirar o apêndice.
Não era para trocar de sexo

Vivemos cercados pelas nossas alternativas, pelo que podíamos ter sido.
Ah, se apenas tivéssemos acertado aquele número (unzinho e eu ganhava a sena acumulada), topado aquele emprego, completado aquele curso, chegado antes, chegado depois, dito sim, dito não, ido para Londrina, casado com a Doralice, feito aquele teste
Agora mesmo neste bar imaginário em que estou bebendo para esquecer o que não fiz – aliás, o nome do bar é Imaginário – sentou um cara do meu lado direito e se apresentou:
Eu sou você, se tivesse feito aquele teste no Botafogo
E ele tem mesmo a minha idade e a minha cara.
E o mesmo desconsolo.
Por quê Sua vida não foi melhor do que a minha
Durante um certo tempo, foi.
Cheguei a titular.
Cheguei a seleção.
Fiz um grande contrato.
Levava uma grande vida.
Até que um dia..
Eu sei, eu sei disse alguém sentado ao lado dele.
Olhamos para o intrometido Tinha a nossa idade e a nossa cara e não parecia mais feliz do que nós.
Ele continuou:
Você hesitou entre sair e não sair do gol.
Não saiu, levou o único gol do jogo, caiu em desgraça, largou o futebol e foi ser um medíocre propagandista.
Como é que você sabe
Eu sou você, se tivesse saído do gol.
Não só peguei a bola como me mandei para o ataque com tanta perfeição que fizemos o gol da vitória.
Fui considerado o herói do jogo.
No jogo seguinte, hesitei entre me atirar nos pés de um atacante e não me atirar.
Como era um herói, me tirei Levei um chute na cabeça.
Não pude ser mais nada.
Nem propagandista.
Ganho uma miséria do INSS e só faço isto: bebo e me queixo da vida.
Se não tivesse ido nos pés do atacante
Ele chutaria para fora.
Quem falou foi o outro sósia nosso, ao lado dele, que em seguida se apresentou.
Eu sou você se não tivesse ido naquela bola.
Não faria diferença.
Não seria gol.
Minha carreira continuou.
Fiquei cada vez mais famoso, e agora com fama de sortudo também.
Fui vendido para o futebol europeu, por uma fábula.
O primeiro goleiro brasileiro a ir jogar na Europa.
Embarquei com festa no Rio
E o que aconteceu perguntamos os três em uníssono.
Lembra aquele avião da VARIG que caiu na chegada em Paris
Você
Morri com 28 anos.
Bem que tínhamos notado sua palidez.
Pensando bem, foi melhor não fazer aquele teste no Botafogo
E ter levado o chute na cabeça
Foi melhor, continuou, ter ido fazer o concurso para o serviço público naquele dia.
Ah, se eu tivesse passado
Você deve estar brincando.
Disse alguém sentado a minha esquerda.
Tinha a minha cara, mas parecia mais velho e desanimado.
Quem é você
Eu sou você, se tivesse entrado para o serviço público.
Vi que todas as banquetas do bar à esquerda dele estavam ocupadas por versões de mim no serviço público, uma mais desiludida do que a outra.
As conseqüências de anos de decisões erradas, alianças fracassadas, pequenas traições, promoções negadas e frustração.
Olhei em volta.
Eu lotava o bar.
Todas as mesas estavam ocupadas por minhas alternativas e nenhuma parecia estar contente.
Comentei com o barman que, no fim, quem estava com o melhor aspecto, ali, era eu mesmo.
O barman fez que sim com a cabeça, tristemente.
Só então notei que ele também tinha a minha cara, só com mais rugas.
Quem é você perguntei.
Eu sou você, se tivesse casado com a Doralice.
E..
Ele não respondeu.
Só fez um sinal, com o dedão virado para baixo.
Creio que a vida não é feita das decisões que você não toma, ou as atitudes que você não teve, mas sim, aquilo que foi feito!
Se bom ou não, penso, é melhor viver do futuro que do passado!

E POR FALAR EM LADRÃO DE GALINHAS
Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e levaram para a delegacia.
Que vida mansa, heim, vagabundo Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar.
Vai para cadeia!
Não era para mim não.
Era para vender.
Pior.
Venda de artigo roubado.
Concorrência desleal com o comércio estabelecido.
Sem vergonha!
Mas eu vendia mais caro.
Mais caro
Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas não.
E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.
Mas eram as mesmas galinhas, safado.
Os ovos das minhas eu pintava.
Que grande pilantra
Mas já havia um certo respeito no tom do delegado.
Ainda bem que tu vai preso.
Se o dono do galinheiro te pega
Já me pegou.
Fiz um acerto com ele.
Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus.
Convidamos outros donos de galinheiro a entrar no nosso esquema.
Formamos um oligopólio.
Ou, no caso, um ovigopólio.
E o que você faz com o lucro do seu negócio
Especulo com dólar.
Invisto alguma coisa no tráfico de drogas.
Comprei alguns deputados.
Dois ou três ministros.
Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada.
Depois perguntou:
Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está
milionário
Trilionário.
Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.
E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas
Às vezes.
Sabe como é.
Não sei não, excelência.
Me explique.
É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa.
Do risco, entende Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo.
Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante.
Como agora.
Fui preso, finalmente.
Vou para a cadeia.
É uma experiência nova.
O que e isso, excelência O senhor não vai ser preso não.
Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
Sim.
Mas primário, e com esses antecedentes

Caras Novas
O Rio é a capital mundial da operação plástica.
Não param de chegar estrangeiros para ver, não o pão de açúcar;mas, o Pitangui.
Quem não consegue reserva com o Pitangui recorre a outros restauradores brasileiros, com menos nome mas igualmente competentes (é o que dizem, eu não sei.
Na única vez que eu consultei um cirurgião plástico ele foi radical: sugeriu outra cabeça.
E aquela história do cara que era tão feio que foi desenganado pelo cirugia plástico ).
Os responsaveis pelo turismo no Rio podiam montar um balcão no aeroporto reserva de cirurgião para receber os visitantes que chegam tapando o rosto e pedindo informações.
Que tipo de operação o senhor deseja
Papada.
Quero um bom homem de papada.
O cirurgião plastico, injustamente chamado de gigolô da vaidade, desempenha uma função social muito importante.
Os eventuais exageros não são culpa sua.
São os clientes que insistem.
Minha senhora, é impossivel esticar a sua pele ainda mais.
Já lhe operei 17 vezes.
não tenho mais o que puxar.
Desta vez só quero que você tire esta covinha do queixo.
Isso não é covinha.
É o seu umbigo.
Antigamente a cirugia plastica era um recurso extremo.
Querida, que bobagem, operar o nariz.
Eu gosto do seu nariz assim como está.
Casei com seu nariz quenado casei com você.
Acontece que eu não aguento mais o meu nariz.
Não posso viver com ele mais nenhum minuto.
Não quero mais ver esse nariz na minha frente.
Mas uma operação plástica
Você tem que escolher, eu ele ou eu.
Hoje só falta das nas colunas sociais:
"Gigi Gavrache reuniu um grupo de amigos para a inauguração do seu novo queixo o terceiro em dois anos que recebei muitos elogios.
"Voluntarioso", "sensivel", "um classico", foram alguns comentarios ouvidos durante a noite.
"Não posso me queixar " disse Gigi, com sua conhecida verve."
"Muito ocmentado o encontro casual de Dora Avante e Scaninha Vabis na pérgola do copa, sábado pela manhã.
As duas estavam com o mesmo nariz.
Domage "
Imagino que no mundo da cirurgia plastica que é uma forma de escultura com anestesia devem exstir algumas mesmas instituições do mundo das artes, que também são plásticas.
Como a fofoca.
O que vc esta achando da nova fase dele
Muita influencia estrangeira.
Só da perfil romano.
Achei o queixo da Gigi bem solucionado.
Mas, nada original.
Eu estava fazendo queixos assim há cem anos.
O romantismo está ultrapassado.
Ele não evoluiu.
Por sinal, não deixe de ir ao meu vernissage.
Vernissage
Vou expor alguns traseiros.
meu trabalho mais recente.
Mas tem um problema que me preocupa.
Digamos que a americana rica se operou com o Pitangui.
Esta contentissima com o resultado e prepara se para embarcar no aviao de volta a Dallas.
Ela tem que passar pelas autoridades no aeroporto.
Seu passaporte, senhorita
Senhorita não, senhora.
Perdão.
Obrigada.
MAs este passaporte não é seu.
Como que não Ai esta meu nome.
Gertrude sou eu.
Mas a fotografia é do Ronald Reagam.
Ridiculo.
Está aqui.
O Ronald Reageam de peruca.
Essa sou eu.
Impossivel senhorita.
Vamos ter que confiscar este passaporte.
Providencie outro com a sua fotografia.