É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade.
Todas as casas onde há livros e quadros e discos são bonitas.
E são feias todas as casas, por mais luxuosas, onde faltem essas coisas.
Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros e dei ás romãs a cor do lume.
Sou solitário por natureza.
No nosso tempo, onde a promiscuidade começa na família, apenas a solidão nos permite ser semelhante ao pássaro de S.
João da Cruz: nos cimos cantar sem alvoroço, virado para onde sopra o espírito da terra.
Nenhum poeta autêntico (e a expressão é pleonástica), pode aceitar, como regra de jogo, agradar; pelo contrário.
O mundo é conduzido por loucos e ambiciosos, que só têm em mira o êxito e o lucro, estão se nas tintas para as preocupações dos poetas, que são, como toda a gente sabe, seres da utopia, essa utopia sem a qual não há progresso.
Em toda a obra de criação há um fio condutor, nem sempre facilmente discernível, que lhe dá unidade um fio discreto ou evidente, da maior importância, pois é um dos sinais da sua autenticidade.
Eu nem sequer gosto de escrever, Acontece me às vezes estar tão desesperado que me refugio no papel como quem se esconde para chorar.
E o mais estranho é arrancar da minha angústia palavras de profunda reconciliação com a vida.