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Demétrio Sena Magé RJ.

PAPAI E MAMÃE
Demétrio Sena, Magé RJ.
Certas mães têm natureza total de pai.
Amam com praticidade, alguma dureza e um olhar técnico, impessoal para o comportamento do filho.
Essas mães não fazem cerimônia nem consideram a hipótese de estarem erradas quando acham (e quase sempre acham) que os conflitos do filho são frescuras; os temores são dramas; os descontentos e opiniões próprias, pura pirraça; os gostos pessoais, mera esquisitice.
Por outro lado, alguns pais têm natureza total de mãe: amam com extremamento e cegueira; com entrega irrestrita; um olhar derretido.
Esses pais sempre acham que seu zelo é pouco; é ineficiente.
Superprotegem o filho e supervalorizam seus conflitos, temores e descontentos.
Respeitam as escolhas e opiniões, e minimizam as esquisitices.
São confidentes em potencial.
Cada natureza tem seus excessos e pecados.
Ambas cometem erros; distorções de conceitos e olhares.
No entanto, são ambas necessárias, se cada uma for exercida a contento.
Não deixar buracos.
Houver uma interação de lado a lado, gerando a entrega plena do pacote humano que formará o caráter de mais um cidadão imperfeito, porém sadio de afetividade, resolução interna, equilíbrio de caráter e certeza de quem é.
Para que as coisas sejam dessa forma, é necessário que todo filho tenha pai e mãe.
Se a mãe for pai, que o pai seja mãe, e vice versa.
Não importa que sejam pais avós, pais tios, adotivos ou pais gays.
Um terá que ser pai, o outro mãe, ainda que os papéis estejam trocados.
Não sendo assim, até será possível criar um ser humano.
Mas na hora de se formar cidadão, esse filho terá que ter a sorte de contar com a própria natureza.

PRECISA SE DE MÃES
Demétrio ena, Magé RJ.
Aprendi com a minha mãe, que todo o cuidado será pouco para um filho, e que por isso, as mães não relaxam.
São felizes, podem viver bem, mas não relaxam.
Natureza de mãe que tem mesmo natureza não obedece à lei da prática e da serenidade, porque para ela o mundo está sempre a um passo de ruir sobre os ombros do filho.
Há sempre alguém muito próximo, e acima de qualquer suspeita, pronto a se revelar capaz de um gesto indigno, malicioso ou desmano contra esse filho.
Com as demais pessoas, aprendi que não é certo a mãe ser extremada, super protetora e desconfiada de todo o mundo.
Até minha mãe reconheceu muitas vezes, com palavras, o quanto estava errada por ser assim.
No entanto, sua natureza infalível, com gestos e vivências me fez ver definitivamente que alguma coisa está errada com a mãe que não erra nesse aspecto.
Especialmente aquela mãe que se deixa sufocar pela mulher, sempre bem vinda, mas não como substituta da mãe.
Foi com a minha mãe que aprendi a apostar minha vida no caráter do próximo, mas não a vida de um filho.
E que a integridade física do meu rebento precisa depender de mim, dos meus cuidados, minha desconfiança, e não da sorte ou do acaso de outra pessoa ter ou não bom caráter, tanto quanto aprendi que o caráter não tem cara.
Finalmente aprendi, com suas poucas palavras e muitos exemplos, que mãe não tem meio termo.
Se não pecar por excesso, pecará por falta de cuidados, e que nos tempos em que vivemos, toda falta será castigada em maior ou menor escala.
E também aprendi, com a moderna escassez de mães iguais à minha, que os pais de agora têm que aprender a ser mães, pois são muitas as mães que se tornaram como aqueles pais meramente provedores que delegam totalmente seus filhos.

O amor está nas lojas.
Tem de todas as cores, modelos, utilidades e preços Preços ótimos! Amor a partir de “um e noventa e nove”, para quem não pode fazer declarações mais caras; amor de cem reais, duzentos, mil, até milhões Já pensou, declarar um amor de milhões de reais Talvez de dólares É o natal que está vindo À sua frente, chegam os ares que se refletem no ensaio de cada olhar, cada braço, cada voz Pessoas mudam, ou sofrem mutações, para o desempenho da trégua natalina, que se estende até o trinta e um de dezembro.
Chega o dia de amar o inimigo, para desamá lo novamente no comecinho do próximo ano.
Ano que já será velho no dia dois ou três.
Data de perdoar os que nos ferem, porque passa logo, não custa nada ou quase nada, pois em menos de uma semana poderemos desperdoá lo.
À nossa volta o apoio das lojas, que tornam o amor democrático.
Pobres e ricos podem amar, no natal, pois existe amor para todos os bolsos.
Há um sentimento forte no ar comprimido pelas axilas que se cumprimentam no silêncio ruidoso das compras.
Das caixas registradoras.
Até mesmo dos pregões que incentivam esse sentimento, balançando os artigos bregas ou de luxo que têm a tarefa de pescar sorrisos, palavras e reciprocidades em formas de outros presentes Outras demonstrações embaladas por papéis coloridos e seladas por cartões que registram palavras previsíveis, criadas e impressas por quem não conhece os seus compradores Mas as mensagens são universais.
Servem para qualquer um, nessas datas.
E aceitam complementos de quem quer enfeitar um pouco mais.
Nas marquises e viadutos, há os que não podem comprar o amor Dar nem receber.
Nem aquele mais baratinho.
Também não podem comê lo nas formas vistosas de pernis, farofas, rabanadas e outras guloseimas.
Nem bebê lo, nos vinhos e champanhes que se revezam em taças.
Mesmo assim, feliz natal para todos! Para quem pode ou não, afinal, o natal é um grande teatro! É o espetáculo fabuloso que demonstra o ser humano em sua inexistência ideal, íntima, projetada no inconsciente relutante! Na fraqueza universal de criaturas que disputam espaço em um mundo cada vez mais concorrido! Essa disputa se acirra no natal, quando o amor é medido pelo dar e receber, excluindo os que não podem entrar nessa democracia para a qual não nasceram os indigentes, porque esses perderam há muito tempo.
Perderam pra mim e pra você, o que lhes era de direito.