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Carlos Alberto Rodrigues Alves

MERCEDES: GRACIAS A LA VIDA!
Morreu Mercedes Sosa, a voz das veias abertas da América morena.
Cantora que fez os corpos de tantos amedrontados se mobilizarem para resistência.
Nos pesados anos de chumbo, os que optaram pela força do fuzil entenderam, e com razão, que suas músicas lhes eram mais perigosas que a luta armada.
Por isso, trataram de prendê la, e deportá la.
Erraram ao perceber que ela se tornaria ícone de “una Hermana mas hermosa que se chama liberdade”
Erraram também ao não imaginarem que quanto mais as botas pesadas lhe espezinhasse, tanto mais forte ela deixava sair de sua voz e de seu bumbo engajado, os versos e a alma do poeta :
“Os poderosos podem matar uma, duas ou três flores, mas não podem impedir a chega da primavera”.
Assisti “ la Negra” no teatro Guaíra, quando ela voltava de seu exílio em Paris e Madri.
Período de redemocratização do Brasil.
Período que estavam voltando as flores.
O teatro veio abaixo quando ela cantou
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
En el valle en la montaña
En la pampa y en el mar
Cada cual con sus trabajos
Con sus sueños cada cual
Con la esperanza delante
Con los recuerdos detrás
Yo tengo tantos hermanos
Que no los puedo contar
Morreu Mercedes Sosa nessa primavera.
Sua voz está mais florida que nunca!
Algumas de suas utopias se concretizaram.
Outras ainda nascerão de suas canções pois estas não podem morrer jamais.
Eu que um dia a vi esta guerreira ao vivo, continuo ouvindo a quando empunho meu violão para cantar a canção que traduz o nome de Mercedes: “Gracias a la vida que me há dado tanto ”!

ANGELIM, UM VIOLEIRO APAIXONADO
Angelim, meu compadre e menestrel dos violeiros, está apaixonado.
Coisa boa!
Estar apaixonado é estar acometido de uma doença para a qual não se quer cura.
Ele vai se casar.
E casamento de violeiro não é como outro qualquer.
Não há promessas, há confissões de amor e desejos Quem gosta de promessas é político! Violeiro gosta é de cantar a vida que brota dos sonhos e saudades Por isso ele é sincero!
Sua princesa já terá lido a oração das mulheres celtas:
Ama teu homem e segue o,
Mas somente se ambos representarem um para o outro
O que a Deusa mãe ensinou: amor, companheirismo e amizade.
Ele, por sua vez já terá cantado para sua amada a oração de Renato Teixeira e Almir Sater:
Quando o amor começa, nossa alegria chama,
e um violeiro toca em nossa cama
( )Tudo é sertão, tudo é paixão, se o violeiro toca
A viola, o violeiro e o amor se tocam
Por ambos saberem que “ são demais os perigos desta vida pra quem tem paixão” farão tudo para que possam viver um grande amor.
Portanto amigos, a mim me resta apenas abençoá los assim:
Que vocês se abracem sempre, sem se sufocarem
Que vocês se ajudem sempre, sem se anularem
Que vocês se aproximem sempre, sem invadir o espaço do outro
Que vocês se amem não apenas "POR CAUSA", mas "APESAR DE "
Isso mesmo compadres! A mim me resta apenas pedir ao bom Deus que vocês sejam mais que marido e mulher! Que vocês sejam amigos, amantes, filhos de Deus, filhos da liberdade, filhos da vida, filhos da felicidade

SOBRE TEOLOGIA
“Teologia é o caminho mais longo para se chegar a Deus”.
Mario Quintana
Sou visionário de um tempo em que as palavras sobre o indizível deixarão de se transformar em mortalhas para embalsamar Aquele cujo nome é impronunciável.
Até lá procuro tecer com outros irmãos, também exilados, uma rede de balanço onde as palavras se espalhem musicalmente pelo vento e anunciem aos quatro cantos da terra que o mundo ainda tem jeito apesar do que os donos da religião têm feito.
Sonho com um novo tempo em que a beleza, em suas multiculturais cores, substituirá as doutrinas fossilizadas, os musicultos bregas e as pregações burocráticas cada vez mais caducas de nossas comunidades.
Irei cantar e fazer parte do cordão do irmão poeta profeta Rubem Alves:
"Hoje faria tudo diferente.
Começaria por informar meus leitores de que teologia é uma brincadeira,
parecida com o jogo encantado das contas de vidro que Hermann Hesse descreveu,
algo que se faz por puro prazer,
sabendo que Deus está muito além de nossas tramas verbais.
Teologia não é rede que se teça para apanhar Deus em suas malhas,
porque Deus não é peixe, mas Vento que não se pode segurar
Teologia é rede que tecemos para nós mesmos,
para nela deitar nosso corpo.
Ela não vale pela verdade que possa dizer sobre Deus
(seria necessário que fôssemos deuses para verificar tal verdade);
ela vale pelo bem que faz à nossa carne".
Quando estiver próximo este tempo se cumprirá a profecia do Apocalipse:
"E não vi ali templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo Poderoso".

SOBRE A DIDÁTICA COMO ARTE
“A vida é um constante ato de aprendizagem” Piaget
A DIDÁTICA tem perdido cada vez mais seu caráter instrucional baseada em aulas e provas repetitivas para assumir, com vigor, o “status” de arte.
Esta arte jamais descarta as informações científicas, pois sem elas não se pode conhecer e manipular o mundo.
Mas por outro lado, é importante saber que essas informações só serão relevantes se forem impregnadas de estética e beleza.
Afinal, conhecimentos científicos são indispensáveis, mas sozinhos, são impotentes para transformar massas disformes em pessoas cidadãs.
Pensando assim, a DIDÁTICA contempla alguns princípios significativos que precisam estar na pele e nos poros do educador contemporâneo.
Primeiro princípio didático: Mais do que dar respostas a perguntas que não foram feitas, o professor deve ter capacidade de propiciar ao aluno capacidade de pensar critica e criativamente a realidade.
Aprendendo a arte de pensar o aluno cria a possibilidade de descobrir novos saberes.
Não fica apenas na memória acumulada.
Produz novos conhecimentos.
O educador que compreende esse princípio pode dizer como Edgar Morin : “Uma cabeça bem feita vale mais que uma cabeça cheia”.
Segundo princípio didático : O Educador que sabe este princípio sabe que seu dever é trabalhar para que o aluno tenha o prazer da autonomia.
Este processo tem duas dimensões: a dimensão do prazer e a dimensão da dor.
Aprendemos o saber quando ele tem sabor.
Mas também há aprendizagens profundas que nos dilaceram as entranhas.
Lembro me também de um adágio popular: “Ostra feliz não produz pérola”.
Terceiro princípio didático: O educador tem que querer a emancipação completa do aluno: seu conhecimento racional e também o poder de sua auto estima.
Isto exige do educador uma didática que esteja voltada para uma visão holística, para as múltiplas inteligências, para a integração de conhecimentos e para a transdisciplinaridade.
O educador que entende esse princípio sabe que bom professor não é o que produz alunos, mas o que produz mestres.
Pensar a DIDÁTICA como arte é pensar que em cada aluno existe uma beleza adormecida.
Concordo com rubem Alves quando diz: “As inteligências dormem.
Inúteis são todas as tentativas de acordá las por meio da força e das ameaças.
As inteligências só entendem os argumentos do desejo: elas são ferramentas e brinquedos do desejo”.

SOBRE O ADEUS A MEU PAI ZITO
" Se queres viver bem, pensa na morte" Monges medievais
Meu pai foi embora Mas ainda estou a ouvir a voz do meu bom e velho amigo.
Agora não mais da janela do seu quartinho, onde sempre ele esperava a próxima brisa benfazeja.
O cenário é outro, mas ainda sua sabedoria paira no ar.
Quando a sua voz calou com a morte, seu coração seguiu falando.
Ouçam:
“ A vida é uma tentativa, às vezes bem sucedida, de se driblar a morte.
Tentei de todas as maneiras me manter em pé.
Tal como o anjo torto do Garrincha, meu jogador predileto, driblei a várias vezes Eu gostava até de dizer, num jeito de brindar a vida : quebro mas não vergo.
Vejo, do alto de uma outra dimensão, um de meus filhos me saudando emocionado, com citações inspiradas pelo Brecht : 'Há homens que lutam a vida inteira, estes são os imprescindíveis.' Agradeço lhe pois de fato não perdi a garra de viver jamais.
Mas agora, deitado e inerte, sou rodeado de pessoas queridas que choram minha partida.
Chegou o momento em que as carrancas da morte se defrontaram cara a cara comigo.
Jamais as temi.
Pelo contrário, por saber que a morte é uma irmã gêmea da vida, tive para com ela, sempre uma relação de boa vizinhança.
Dela escapei várias vezes, dela ri para valer, com ela aprendi sempre.
Agora é a vez dela
Já havia pedido para meus queridos que no meu túmulo fosse colocado este epitáfio: ' Aqui jaz um homem, muito a contragosto'.
As pessoas que levam a vida muito a sério jamais compreenderão.
Irão dizer: ' está aí um homem blasfemo! Imagine um homem querendo contrariar os desígnios divinos! '.
Não é nada disso! O que eu quero é simplesmente dizer que a vida é boa e enquanto não chega sua irmã temos que inventar esperanças para fazer valer nossa passagem por aqui.
Vejam estas pessoas a me rodear.
Choram profundamente a saudade.
Não a saudade de quem se sabe, que um dia voltará.
A saudade que choram é aquela da canção do Chico que diz: ' ó metade amputada de mim ' É a saudade de se arrumar um quarto para o qual a pessoa amada jamais voltará.
É a saudade registrada na moda de viola que eu cantava com meus netos : ' a tua saudade corta como um aço de navaia'.
Chorem queridos! Mas não o choro do desespero! Chorem a saudade de quem sempre soube que há tempo de chegar e tempo de partir, tempo de cantar e tempo de prantear, tempo de nascer e tempo de morrer.
Recebo a amiga morte como presente.
Embora tivesse ensaiado em me assustar, ela me veio de forma branda, o que me deu até oportunidade de lembrar um verso de Tagore, que deixo para vocês:
' No dia em que a morte bater à tua porta que lhe oferecerás Porei diante de minha hóspede
o vaso cheio de minha vida.
Não a deixarei ir de mãos vazias '”
(Para minha irmã Luciana, fiel escudeira de meu pai até o último momento)
Postado por Revº Carlos Alberto Rodrigues Alves

AOS MEUS ALUNOS DE DIDÁTICA
Meus alunos me pediram para fazer um decálogo para serem bons professores.
Disse lhes que não há receitas prontas afinal como dizia Guimarães Rosa, “ Mestre não é aquele que ensina mas aquele que de repente aprende”.
Porém senti me desafiado em apresentar lhes o que poderia ser chamado de dez mandamentos de um bom educador.
Estão aí:
1 Lembrar que a vida deve ser vista como uma constante arte de aprender e ensinar;
2 Não dar respostas prontas aos alunos porém aprimorar a habilidade de propiciar lhes capacidade de pensar critica e criativamente;
3 Desafiar os alunos a não ficar na memória acumulada e sim a descobrir novos saberes;
4 Saber que a didática não deve ter um caráter instrucional mas sim um caráter de descobertas;
5 Compreender que conhecimentos científicos são indispensáveis, mas sozinhos, são impotentes para transformar massas disformes em pessoas cidadãs;
6 Incorporar o fato de que essas informações só serão relevantes se forem impregnadas de estética e beleza;
7 Aprimorar a habilidade de propiciar ao aluno capacidade de pensar critica e criativamente a realidade, sem apresentar lhes respostas prontras para perguntas não feitas;
8 Trabalhar para que o aluno busque constantemente o princípio maior da autonomia;
9 Incorporar a idéia de que o processo da aprendizagem contempla duas dimensões: a dimensão do prazer e a dimensão da dor;
10 Querer a emancipação completa do aluno: seu conhecimento racional e também o poder de sua auto estima.