Se conhecer a verdade na sua fórmula universal e genérica bastasse, seja para a sabedoria na vida, seja para a salvação da alma, Jesus não teria se encarnado na forma de um indivíduo humano singular, concreto e vivo.
Bastaria que enviasse um livro, como no Islam.
E nesse caso Ele não teria dito: 'EU sou a Verdade'.
Ele diria, como no Islam: 'A Verdade é o Livro.'
A verdade só existe na intuição da realidade concreta e viva por um ser humano concreto e vivo, no momento em que essa intuição acontece.
Tudo o que está escrito é apenas o registro de atos de intuição já acontecidos, que têm de ser REVIVIDOS para tornar se verdades de novo.
A verdade é uma PRESENÇA, não uma proposição, uma coisa dita ou escrita.
Isto mesmo que estou escrevendo, expressando uma intuição que tenho, e que no momento é verdade na minha consciência, só será verdade de novo quando você, depois de ler o que escrevi, intuir a mesma coisa que intui, com a mesma evidência gritante que tem para mim agora.
O reconhecimento da identidade de duas proposições base de todo o raciocínio lógico é um ato intuitivo, não um mero 'pensamento'.
Apenas a sua MATÉRIA se constitui de pensamentos.
Embora as proposições tenham de ser pensadas, a identidade delas não existe só no pensamento.
Se não fosse assim, a própria distinção de intuição e pensamento seria impossível.
A mente produz, cria, constrói os pensamentos, mas INTUI as relações entre eles.
Intuir é o mesmo que perceber, com a ressalva de que este último verbo se usa mais com relação às percepções de objetos sensíveis.
Basta meditar um minuto na sentença de Jesus, 'EU sou a Verdade', para entender que a Verdade é uma Pessoa, uma Presença, não uma proposição ou seqüência de proposições.
Mas, para esse minuto chegar, às vezes é preciso esperar uma vida inteira.