[à mamã]
Talvez um dia possa poupar o coração de tanto atrofiar se em querer abrasar se no voo dos teus braços; deixar os meus lábios arderem na textura do teu rosto até que as palavras que aprisiono na alma, se manifestem, quando engasgo em querer manifestar a sensibilidade que forma caminhos inacabados que passam por cima dos meus hábitos.
Mas, é do teu olhar que me sei olhar.
Olho te e te sei que me sabes e sei o que esperas que te diga mesmo quando a palavra ficasse gasta de tanto ser falada.
Mesmo que te diga e sinta que não seja o suficiente o que te digo em relação ao que sinto.
Tu recebes com toda ternura e traduzes a tua gratidão num sorriso.
No mesmo sorriso que (re)inventa o mundo, que justaposto aos astros nasce o perfume da manhã.
Não digo te: de morrer a fala e falar te sem fala na linguagem do amor que simplesmente te amo, na mesma miragem de crença e gratidão que as feridas amam a dor, porque não aprendera emudecer o medo e dar voz aos sentimentos ressentidos no mutismo. afirmo: cansa caçar o cansaço do tempo.
Para fazer da minha espera uma outra espera que nasce antes que os tambores toquem na madrugada em ritmos simbólicos.
Gostaria tanto fazer ferver o teu sangue, sem que compreendas que fervo de dúvida que ferverás de emoção quando eu souber ser estranho comigo mesmo.
Ignorando o que não venho sabendo de saber fazer.
Não que queira: talvez o meu coração, de carne e sentimento, endureça e ganhe forma de saudades pela tua ausência; e aí, eu desunido comigo mesmo, saia da minha cabeça e fique perto das tuas cinzas, apenas sentimento: sem meu corpo e sem a razão de Costumes e Princípios e te fale, até chore de gritar mesmo, como os brancos fazem nos filmes.
Como os Homens fazem na vida.
Assim não precisarei precisar que me oiças e nem que me olhes com aquele olhar que me sabe bem decifrar antes de falar.