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Otildo Justino Guido

Quando anunciaste a despedida
a casa toda desabou
ficou escuro lá fora
toda lembrança veio à película
despejou se toda tristeza em mim
não tive um rosto por usar
meus lábios me doeram
fruí escamas nos braços
tive capim na boca
tentei em vão da memória
desprender a saudade
Doeu me amar te.
Olhei os gestos da tua face
impossivelmente abandonável
Demorei me na palavra
e encostei te sem erudição
na lágrima que chovia adentro
afogando o meu céu interior
Doeu me amar te.
Doeu me mais olhar te
despertar promessas e juras
Ai! Feriu me cobrir te de ausências
mas, estavas em mim
desenterrando caminhos
Meus pés envelheceram
Transcrevi te silêncios
Não tive enganos de amor
para subordinar te, vil
Doeu me amar te.
Demorei morrer
impossibilitei me de viver
de nos viver turbulentos
na aurora do arco íris
Oh!
Quando pronunciaste a despedida
todo tumulto abarbou me
tsunamis, sismos: catástrofes
Pupilas entraram me fundo
Meus ossos careceram de carne
Senti te tão perto, tão humana
Senti o mundo a fugir me pelos dedos
Ocupei vazios antigos
arrojado de medo de açoitar me
Doeu me amar te.
Esse sentimento da fala:
pura explicitação da sublimação
amputou me das mãos à poesia
por favor, meu áspero, abjecto amor
desdiga te e leve me contigo
seja para que outra dor for!
Magoa me tanto desviver te
produzir solidão e sofrências
tua despresença
torna me irmão próximo da morte
fatal forma de ilusão e desencanto
É que
o mar é sangue sem cor
impossivelmente real
Não vá, meu amor
até os tambores quebrarem as auroras!