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Poemas de Novas Amizades

ESTE ANO NÃO TE DESEJO NADA
Aos meus amigos,
Para este Ano e Novo não desejo saúde, amor, paz, prosperidade e nem dinheiro pra ninguém.
Não desejo porque muitos já desejam e isso não muda o curso de ação da vida.
Não faz com que as coisas aconteçam.
Não significa, quase nada, além de meros desejos que na maioria das vezes não são verdadeiros.
Aos meus amigos não desejo.
Eu ofereço.
Ofereço companhia para o banho de chuva e para os Domingos à tarde.Não conte com a minha presença nas badalações de sábado à noite, sou da turma que prefere a conversa, o intimo, o contato.
Ofereço o meu ouvido atento para mentiras sinceras e telefonemas noturnos.
Ofereço me para parques de diversão, teatro, livrarias, cinemas e shoppings ( Em menor quantidade, bem menor).Ofereço minha casa, meu quarto,minha cama pequena.
Ofereço a minha in ti mi da de.
Ofereço me ainda para dias de coração e cerveja gelada, mas especialmente para dias de copo e coração vazios; aqueles em que não há o que se fazer nem o que se falar.
Ofereço me como companhia pra luta contra o preconceito e a ignorância.
Ofereço me para todo tipo de erros e brigas, mas entenda quando eu precisar brigar com você, afinal de contas todo mundo precisa de alguém pra brigar de vez em quando.
Ofereço me para a sorveteria, pizzaria e para o cachorro – quente da esquina, ofereço também meu cartão de crédito.
Não ofereço bondade nem fidelidade porque não as tenho.
Ofereço a possibilidade de você ser você mesmo em minha companhia.
Ofereço a mim mesma inteira.
Não ofereço minha amizade eterna, mas te ofereço o meu amor agora.

Quando se é novo é sempre a somar.
Somam se amigos, emoções, experiências, livros, canudos, lugares, responsabilidades, preocupações e ambições, vícios e prazeres que não viciam.
Até cada ano de vida que se viveu é celebrado como se fosse uma proeza.
É triunfalmente que se chega aos 6, 10, 14, 18 ou 22 anos.
E com razão.
Ainda consigo lembrar me que eram obra.
Depois, não sei a que idade (é aquela em que nos deixamos de importar tanto com as coisas, daí nunca darmos por ela), começamos a compreender a alegria e a liberdade de subtrair coisas e pessoas que só nos pesam, roubando nos tempo, paciência e a calma necessária para sobrevivermos e que se vão tornando, monstruosa e deliciosamente, cada vez maiores.
O tempo de subtrair é cruel e frio e imensamente libertador.
Dá vida aos últimos anos de vida que temos.
Sim, porque a vida acaba.
A morte acontece e, irritantemente, dura para sempre.
Há quem diga que é como o tempo antes de nascermos (até um gênio como Samuel Beckett caiu neste pensamento impreciso) mas não é.
O tempo depois de morrermos é sempre pior do que o tempo antes de nascermos.
Ninguém sobrevive.
Nascemos, vivemos e morremos.
Sobreviver é tão estúpido como anteviver.
A grande diferença entre estar perto da nascença e estar perto da morte é que a proximidade da morte é necessária e suficientemente melhor conselheira.
Antes de morrermos convém nos despirmos até estarmos nus; só com os nossos verdadeiros amores.
Miguel Esteves Cardoso