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O Tempo Cura

O tempo não cura tudo
Alô
Oi! Quem é
Sou eu.
Não precisa dizer nada, só me escuta.
Tudo bem Como têm sido teus anos longe de mim Cheguei hoje de viagem e pensei em te ligar.
Sei lá, puxar um papo, te resumir minha vida nesses oito anos.
Eu sei que a gente não se falou nesse tempo, e que eu, tampouco, respondi as tuas mensagens.
É que andei tão ocupado que mal tive tempo de pedalar como antigamente.
Na verdade, eu precisava de um tempo.
Queria estar longe e não estender mais o nosso vínculo.
Tu sabes que eu nunca fui muito bom com despedidas, e acredito que eu ainda devo me profissionalizar em “adeus”.
Tu lembras daquela faculdade na qual eu queria passar tanto Então, depois de três anos tentando, eu entrei.
Foi a maior festa lá em casa.
Minha mãe pensou em te ligar, mas não tínhamos mais o teu número.
Ou melhor, foi o que eu disse pra ela.
Até hoje a coroa insiste em dizer que tu és o melhor parceiro de festa que ela teve, e especialista em queimar todo o churrasco.
Tenho tanta coisa para te contar que, se eu demorar muito, meu bônus acaba e só poderei te ligar amanhã.
Tu sabes: “A vida tá difícil.” Meu bordão ainda é o mesmo.
Afinal, sou graduando e não formado.
Vais precisar ter um pouco de paciência caso escutes um “tututu” ao invés da minha voz.
Há uns dois meses eu ganhei uma viagem com acompanhante para Bali, acredita Para Bali, cara! Sim! Eu fui sorteado na agência que o Pedro trabalha.
Na verdade, eu não sei se realmente foi sorte ou a desculpa dele maquiada para irmos juntos.
Ah sim, nem te falei: estou namorando.
O conheci naquele posto que a gente sempre comprava o teu cigarro que eu tanto odiava.
Até que, do ódio, surgiu um amor.
O guri é meio louco, mas é tri gente boa.
Dirige um fusca, têm umas tatuagens mucho locas pelo corpo e um cabelo bagunçado que eu adoro.
Ele sabe como me tratar bem.
É doutor em me arrancar gargalhadas e faz questão de me mandar toda manhã alguma citação do Gabito Nunes.
Pelo estilo do cara, não deveria se empenhar pela metade, mas, segundo ele, o amor é sujeito à mudança.
Além dos seus defeitos já acostumados, quase morre a cada texto que eu publico.
Ele acha que será uma carta de término, exatamente como eu fiz contigo aquela vez.
Lembra
Minha amiga me ligou na segunda, falou que tu vais te casar.
É verdade Só pode, né ! Teu rosto está estampado na coluna social que ela fez questão de digitalizar e mandar por e mail.
Por um lado eu fico feliz.
O nosso plano de nos esquecermos deu certo.
Mal e porcamente, mas deu.
Eu também estou feliz.
Mês que vem estou indo tirar umas férias na África.
O Pedro tem fissuras por lá e o meu coração ainda bate quando vejo aquelas crianças com olhares que refletem a vida.
Ainda vou morrer com a vontade de querer abraçar o mundo e resolver a vida dos necessitados.
Esse tempo longe fez eu entender que o amor não discerne distâncias, não conta as horas e que a saudade não vem a óbito com as substituições.
Ou melhor, o tempo não cura tudo, só tira o incurável do centro das atenções.
Existem saudades que passam a ser nossas amigas.
Como uma filha, uma vez gerada, só podemos deixá la de lado quando outra pessoa assumir e der um jeito de tratá la.
Antes de embarcar no aeroporto, uma senhora com roupas e acessórios de cigana pediu para ler minha mão.
Interpretando minhas linhas turvas, graduada nas leis da vida, me encarou com dois olhos negros acompanhados de uma voz suave: “A memória conserva a felicidade dos momentos compartilhados e a mente faz o trabalho de lembrar o porquê não estendê la.
Não existe receita para a felicidade, não há fórmulas para o amor, não existirão remédios para a saudade.
O coração tem memória, passe a respeitá la! Não o subjugue, pois ele sabe muito bem a diferença entre lembrar e amar.
Quem um dia amou, leva a saudade antiga no bolso para poder viver em paz com a novidade de um novo amor.”
Tututu

O tempo não cura nada.
Apenas ajuda a colocar o resto da sujeira embaixo do tapete.
Mas do que isso adianta A sujeira continuará lá de qualquer forma.
Posso esquece la por uns dias, semanas, mas vou querer mudar os cômodos da casa outra vez, e adivinha Lá vai estar ela.
Isso corrói o restinho de vermelho que ainda pintava o meu coração [ ] Eu não consigo fingir sempre.
Às vezes eu deixo escapar um pouco de infelicidade, impaciência, de solidão.
Mas você faz questão de mostrar que ainda existe.
Que ainda sabe sorrir, e não precisa de mim para isso.
A vida tem dessas coisas, sabe como é O prêmio de quem aposta baixo, é igualmente baixo.
Às vezes eu ainda acordo tentando sentir raiva de mim por pensar em você, procurar seu cheiro pelos cantos da casa, lembrar daqueles lapsos de felicidade que pareciam eternos e que geram, acima de tudo, saudade.
As juras de amor que eram mentiras, as promessas que nunca vingaram.
De como sofri pelos seus erros, e de como até hoje sofro, pela sua ausência.
E o pior, por mais que você tenha pisado em todos os sentimentos que te dei, você não conseguiu acabar com tudo.
É íncrivel, mas, eu acreditava no que você dizia, mesmo fazendo sempre o oposto Eu nunca entendi o porque daquelas palavras, e nem todas as explicações do mundo seriam o bastante.
Sensações como as que eu senti, não se descrevem, se escondem.
Tenho certeza que hoje, não duraríamos nem um dia, mesmo que meu coração não precise de tudo isso.
Não posso me culpar de nada.
Não mesmo.
Ninguém entra num jogo acreditando que irá perder.
Não faz sentindo.
Então pelo menos por enquanto, eu ficarei na arquibancada.
Talvez eu aprenda que não é preciso se doar tanto, e ai estarei pronta pra jogar.
Mas por enquanto, isso não é um adeus, nem um até logo.
É apenas um: Eu continuarei aqui para sempre.
Te amando e te odiando.