Não tenho medo da morte, porque tenho fé e, sobretudo, lucidez.
Sou frágil nas pequenas coisas, mas forte nas grandes.
São apenas as cabeças pequenas e limitadas que temem seriamente na morte a destruição total do ser; dos espíritos verdadeiramente privilegiados tal medo fica completamente afastado.
Parece me que não é possível não ter medo da morte.
Por mais intensa e significativa que seja a nossa fé, por maior que seja nossa intimidade com Deus, esse mistério incomoda profundamente.
[Trecho do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas] Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar
Deus e a morte são as duas faces da mesma moeda.
Não podem passar um sem outro.
Sem morte não haveria Deus, porque não o inventariam.
Mas sem Deus não haveria morte, porque Deus tinha de fazer a vida finita.
O carimbo da morte é que dá o seu valor à moeda da vida e a torna capaz de comprar o que tem valor real.