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Mensagens de Martha Medeiros

Mulheres Possíveis
Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.
Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.
Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana,vou ao supermercado algumas vezes por semana, decido o cardápio das refeições, telefono para minha mãe, para minha sogra, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, faço academia,compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana e as unhas! E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas queoperam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.
Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.
Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye bye vida interessante.
Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias! Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina Destina se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga.
Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.
Está tentando provar não sei o quê para não sei quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.
Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo.
Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso,francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.

Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal.
Todo mundo quer se encaixar num padrão.
Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar.
O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem sucedido.
Quem não se "normaliza" acaba adoecendo.
A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.
A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas
Eles não existem.
Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado.
Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados.
Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos.
Melhor se preocupar em ser você mesmo.
A normose não é brincadeira.
Ela estimula a inveja, a auto depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa.
Você precisa de quantos pares de sapato Comparecer em quantas festas por mês Pesar quantos quilos até o verão chegar
Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias.
Um pouco de auto estima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.
Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante.
O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros.
É fraude.
E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera.
Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.

Se eu fosse eu, reagiria.
Diria exatamente o que eu penso e sinto quando alguém me agride sem perceber.
Deixaria minhas lágrimas rolarem livremente, não regularia o tom de voz, nem pensaria duas vezes antes de bronquear, mesmo que mexicanizasse a cena.
Reclamaria em vez de perdoar e esquecer, em vez de deixar o tempo passar a fim de que a amizade resista, em vez de sofrer quieta no meu canto.
Se eu fosse eu, não providenciaria almoço nem jantar, comeria quando tivesse fome, dormiria quando tivesse sono, e isso seria lá pelas nove da noite, quando cai minha chave geral.
Acordaria então às cinco, com toda a energia do mundo, para recepcionar o sol com um sorriso mais iluminado que o dele, e caminharia a cidade inteira, até perder o rumo de casa, até encontrar o rumo de dentro.
Se eu fosse eu, riria abertamente do que acho mais graça: pessoas prepotentes, que pensam saber mais do que os outros, e encorajaria os que pensam que sabem pouco, e sabem tanto.
Eu faço isso às vezes, mas não faço sempre, então nem sempre sou eu.
Se eu fosse eu, não evitaria dizer palavrões, não iria em missa de sétimo dia, não fingiria sentir certas emoções que não sinto, nem fingiria não sentir certas raivas que disfarço, certos soluços que engulo.
Se eu fosse eu, precisaria ser sozinha.
Se eu fosse eu, agiria como gata no cio, diria muito mais sim.
Se eu fosse eu, falaria muito, muito menos.
E menos mal que sou eu na maior parte do dia e da noite, que sou eu mesma quando escrevo e choro, quando rio e sonho, quando ofendo e peço perdão.
Sou eu mesma quando acerto e erro, e faço isso no espaço de poucas horas, mal consigo me acompanhar.
Se eu fosse indecentemente eu, aquele eu que refuta a Bíblia e a primeira comunhão, aquele eu que não organiza sua trajetória e se deixa levar pela intuição, aquele eu que prescinde de qualquer um, de qualquer sim e não, enlouqueceria, eu.

Gente light
Vou ao supermercado e observo o crescimento do setor de dietéticos.
Abro revistas e me deparo com as exigencias de ter um corpo esbelto.
As clínicas de cirurgia plástica estão com a agenda lotada de homens e mulheres esperando sua vez para lipoaspirar, contar, reduzir.
A sociedade toda conspira a favor da magreza, e de certo modo isso é positivo, sem magro faz bem para a auto estima e para a saúde.
Mas não tenho visto ninguém estimular outro tipo de dieta igualmente necessária para o bem estar da população.
Encontro suco light, chocolate light, iogurte light, mas pessoas light é raridade.
Muita gente se preocupa em ser magro, mas não se preocupa em ser leve.
Tem criaturas aí pesando 48 quilos e é um chumbo.
São aqueles que vivem se queixando.
Possuem complexo de perseguição, acham que o planeta inteiro está contra eles.
Não se dão conta de sua arrogância, possuem a certeza de que são a razão da existência do universo.
Estão sempre dispostos a fazer uma piadinha maldosa, uma fofoquinha desabonadora sobre alguém.
Ressintidos, puxam o tapete dos outros para se manter em pé.
Não conseguem ver graça em nada, não relevam as chatices domuns do dia a dia, levam tudo demasiadamente a sério.
são patrulhadores, censores, carregam as dores do mundo nas costas.
Magrinhos, é verdade.
Mas que gente pesada.
Ser minimalista todo mundo acha moderno, mas ser leve cruzes! parece pecado mortal.
Os leves, segundo os pesados, não têm substância, não têm profundidade, não têm consciência intelectual: não são leves, e sim levianos.
Os pesados não conseguem fechar o zíper das suas roupas de tanto preconceito saltando pra fora.
Não bastasse a carga tributária, a violência, a burocracia e a corrupção, ainda temos que enfrentar pessoas rudes, sem a menor vocação para se divertir.
Diversão segundo os pesados, mais uma vez é algo alienante e sem serventia.
Eles não entendem como alguém pode extrair prazer de coisas sérias como trabalho e família.
Não entendem como é que tem gente que consegue viver sem armar barracos e criar problemas.
Eu proponho uma campanha de saúde pública: vamos ser mais bem humorados, mais desarmados.
Podemos ser cidadãos sérios e responsáveis e, ao mesmo tempo, leves.
Basta agir com delicadeza, soltura, autenticidade, sem obediência cega às convenções, aos padrões, ao patrões.
Um pouco mais de jogo de cintura, de criatividade, de respeito às escolhar alheias.
Vamos deixar para sofrer pelo que é realmente trágico, e não por aquilo que é apenas um incômodo, senão fica impraticável atravessar os dias.
Dores de amor, falta de grana e angústias existenciais são contingências da vida, mas você não precisa soterrar os outros com seus lamentos e más vibrações.
Sustente seu próprio fardo e esforce se para aliviá lo.
Emagreça onde tem que emagrecer: no espírito, no humor.
E coma de tudo, se isso ajudar.

Você é o que você gosta
Quem sou eu Quando não temos nada de prático nos atazanando a vida, a preocupação passa a ser existencial.
Pouco importa de onde viemos e para onde vamos, mas quem somos é crucial descobrir.
A gente é o que a gente gosta.
A gente é nossa comida preferida, os filmes que a gente curte, os amigos que escolhemos, as roupas que a gente veste, a estação do ano preferida, nosso esporte, as cidades que nos encantam.
Você não está fazendo nada agora Eu idem.
Vamos listar quem a gente é: você daí e eu daqui.
Eu sou outono, disparado.
E ligeiramente primavera.
Estações transitórias.
Sou Woody Allen.
Sou Lenny Kravitz.
Sou Marilia Gabriela.
Sou Nelson Motta.
Sou Nick Hornby.
Sou Ivan Lessa.
Sou Saramago.
Sou pães, queijos e vinhos, os três alimentos que eu levaria para uma ilha deserta, mas não sou ilha deserta: sou metrópole.
Sou bala azedinha.
Sou coca cola.
Sou salada caprese.
Sou camarão à baiana.
Sou filé com fritas.
Sou morango com sorvete de creme.
Sou linguado com molho de limão.
Sou cachorro quente só com mostarda e queijo ralado.
Do churrasco, sou o pão com alho.
Sou livros.
Discos.
Dicionários.
Sou guias de viagem.
Revistas.
Sou mapas.
Sou Internet.
Já fui muito tevê, hoje só um pouco GNT.
Rádio.
Rock.
Lounge.
Cinema.
Cinema.
Cinema.
Teatro.
Sou azul.
Sou colorada.
Sou cabelo liso.
Sou jeans.
Sou balaio de saldos.
Sou ventilador de teto.
Sou avião.
Sou jeep.
Sou bicicleta.
Sou à pé.
Você está fazendo sua lista Tô esperando.
Sou tapetes e panos.
Sou abajur.
Sou banho tinindo.
Hidratantes.
Não sou musculação, mas finjo que sou três vezes por semana.
Sou mar.
Não sou areia.
Sou Londres.
Rio.
Porto Alegre.
Sou mais cama que mesa, mais dia que noite, mais flor que fruta, mais salgado que doce, mais música que silêncio, mais pizza que banquete, mais champanhe que caipirinha.
Sou esmalte fraquinho.
Sou cara lavada.
Sou Gisele.
Sou delírio.
Sou eu mesma.
Agora é sua vez.