Era ali, naqueles cinco minutos em que você tava ali, mas não tava, que eu queria que você tivesse decidido lutar por mim.
Sem que eu precisasse pedir.
Se a gente for parar pra analisar, a saudade seria normal pra qualquer um.
É normal que se sinta falta de alguém que “esteve ali” com você.
Tudo ainda é sobre você.
Até mesmo essa minha vida, que era pra ter sido menos ordinária se você ainda estivesse aqui.
Eu inspirava saudade.
Um dia, me lembro de doer dele.
Ele longe.
Ele longe até quando voltava pra cidade.
Ele escorregando de mim o tempo todo.
A saudade que dá mesmo enquanto ele me encarcerava com palavras.
Você nunca soube que eu matava as saudades te guardando em caixas.
E que o meu armário era montado com partes do que a gente foi e viveu.
Tudo funciona bem, e apesar de ter poucas diferenças visíveis ainda falta a animação que tinha por aqui, falta um pouco da atmosfera mágica que inundava o lugar.
Daqui, do alto da varanda, eu percebo que falta um pedaço.
Falta você.
Quando eu chegava de mansinho e perguntava o que você queria: um café, um beijo, uma dose grande de amor.
E te dava uma massagem pra fazer a vida parecer mais leve.
Porque eu só queria que não doesse nos seus ombros como doeu nos meus ao ver cê virando esquinas sem me levar.
As andorinhas vinham em sentido contrário, ou não seriam as mesmas.
Nós é que éramos os mesmos, ali ficamos somando as nossas ilusões, os nossos temores, começando já a somar as nossas saudades.
Saudade que deixa o coração inchado e meio dolorido até.
Saudade é cólica cardíaca.
A saudade é minha.
Não preciso dividir com ninguém.