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Crônicas do Cotidiano

Lembranças, somos lembranças.
Estive a poucos dias fazendo uma breve visita a parentes e entre as conversas, sorrisos e lembranças, tive uma epifania que gostaria de compartilhar.
Normalmente as conversas se prendem ao passado.
Falamos sobre o que fizemos, ou o que alguém fez, contamos os momentos e compartilhamos planos futuros.
Ora, quase que a totalidade dos assuntos postos a mesa, regada de quitutes de uma confraternização, caminhavam nas sombras e luzes das lembranças.
Lembranças são importantes e, sua construção é feita a todo momento.
Agora imagine e reflita, quais são suas lembranças Quais são seus feitos Quantos momentos você será capaz de partilhar Digo momentos, pois não conseguimos lembrar com exatidão tudo que fizemos ou fazemos no nosso dia a dia.
Guardamos tão somente os momentos marcantes, e esses se transformarão nas lembranças que nos acompanharão durante nossa jornada e, que servirão de assuntos a serem postos no futuro na mesa das lembranças.
Se o teu passado e tuas lembranças se repetem em um ciclo infindável, posso dizer que algo está cinzento em sua vida.
A vida está lhe oferecendo várias oportunidades para que você desfrute e se farte de experiências para que você tenha lembranças de uma vida plena.
Podemos aprender algo novo, visitar um amigo, ter um novo amor, errar, rir, chorar, passear, viajar, até mesmo ir em um desses shows de sertanejo universitário (aff sofrência) .Mas serão lembranças e, essas serão o tijolo da sua parede da vida .
Tua vida é medida pela tua obra.
Tua obra, não é o que você constrói em termos materiais, tua obra é o que você constrói no seu coração e na sua mente e expande nas pessoas a sua volta, isso sim, perpetuará.
Se eu perguntar quem construiu a muralha da China, a Torre Eiffel, o estádio do Maracanã, garanto que não saberemos e isso não importa, pois são obras materiais.
Assim, reflita, construa lembranças compartilháveis, seja vida, expanda seu universo, pule seu muro ou melhor, derrube ele.

►Quarta feira Imprevista
Eu não estava preparado para quarta feira
De manhã eu perdi a confiança para com um amigo
E a tarde, junto a uma garota, fiz besteiras
Logo cedo eu fui agressivamente traído
Ao entardecer, eu tive um momento íntimo
É difícil explicar, tanto que fiquei deslocado
Ao nascer do sol fui atacado, à tarde, provocado
A história por si só é impossível, inacreditável
Mas irei tentar desenhar tal cenário inimaginável.
As sete da manhã eu estava ocupado
O tal "melhor amigo" conversa comigo
E, lavando o carro, estávamos batendo papo
Melhor do que lavá lo sozinho
Claro, nada havia sido planejado
Em um certo momento, fui apunhalado
Melhor dizendo, agarrado, enforcado
Brincadeiras à parte, eu fiquei extremamente chocado
Chateado, desconfiado acabado.
Entristecido e aos prantos, eu saí, descontrolado
Os óculos que deveriam me proteger contra o sol,
Escondia os meus olhos avermelhados
Eu estava desmotivado, cansado
Queria apenas dormir, deitar tudo no passado
Isso para evitar o terrível fato,
Que, sem dúvida, me assombrará.
Depois de algumas horas, voltei para casa
Deprimido, resolvi deitar e tentar apaziguar minha alma
Pensei até em chorar sobre o travesseiro, mas dei um jeito
E, assim que fechei meus olhos, acalmei meus nervos
Meu medo foi passando, um passo por vez
A verdade era que eu queria dormir até as seis da tarde
Mas tinha que ir à praça, encontrar um compadre.
Ao chegar lá, vi ele e uma possível amiga
Conversámos, e depois de uma caminhada tranquila,
Resolvi voltar para a minha casa, ele foi também, com ela
E, em um momento imperceptível, eu e ela ficámos atraídos
Quando me dei conta, a vergonha estava fixada sobre o rosto do amigo.
Tudo o que estava acontecendo estava me assustando
Como não estava previsto, fiquei sem qualquer plano
Mas, o que posso assegurar é que,
O fim daquele dia foi especial, agradável
Por conta disso, dito isso, agradeço ao amigo, Otávio
Obrigado, jovem, muito obrigado
Não há palavra que descreva melhor
Obrigado, usando apenas uma palavra, e logo após
Estarei te agradecendo pessoalmente
Obrigado novamente, por me ajudar em um momento extremo
Momento que imaginei que enfrentaria sozinho
Perdi a confiança, mas garanto ter aprendido
Por tanto, obrigado, aqui sou eu que vos fala
Jamais esqueça dessas minhas palavras.

Medo.
Sem entrar na definição na qual o medo é um sentimento necessário à sobrevivência do ser humano, deixarei uma pequena opinião, não querendo ser esta, uma posição final.
Muitas vezes perdemos oportunidades reais, pelo simples medo de tentar.
Para tanto, inventamos as mais diversas justificativas e usamos essas como desculpas pela nossa inação.
Perdemos projetos ousados, oportunidades de emprego e até mesmo relacionamentos, pelo medo de tentar.
Por medo, talvez do fracasso, levantamos as mais diversas justificativas, dizemos que tal proposta não está ao nosso alcance, dizemos que não temos condições ou competências, enfim, inventamos as mais variadas justificativas que, para nós, nos servirão de conforto ante as nossas fraquezas, afinal é mais cômodo escorar a culpa em algo ou alguém do que em si mesmo.
As oportunidades existem para quem ousa, são para quem faz.
Agora, ousar e fazer, dependem de ação proativa, obriga querer e traçar objetivos e metas para alcançar o que foi almejado.
Se você quer ter uma profissão melhor, invista nisso, estude, se prepare, mude sua rotina, se esforce, saia da inércia, corra da mesmice.
Tudo exige sacrifício e, não há conquistas sem renúncias.
Esses esforços valem para todos campos da nossa vida, do pessoal ao profissional.
Invista, não tenha medo.
Seja sempre alguém além de suas próprias expectativas.
Você terá sucesso se assim agir Não sei, mas posso afirmar que você estará mais preparado do que quando começou.
Empregos que não conseguimos, concursos que não passamos, relacionamentos que não conquistamos ou que se perderam, tudo isso, não deve ser motivo de desânimo, ao contrário deve ser um estímulo à buscar novos saltos.
Invista em você, não tenha medo, arrisque se.
O medo, sempre estará a espreita e andará de mãos dadas com as dúvidas, com a sensação do fracasso, com a saída da nossa zona de conforto, mesmo assim, não tema, se supere.
Se quer algo diferente, faça algo diferente
Massako

►Lembrete Na Cozinha
Eu pensei que se eu fechasse os meus olhos,
Toda essa minha dor acabaria
Mas quando os abri, o que restou foi o ódio
A tortura me deixara um lembrete na cozinha,
Dizendo que mais tarde voltaria.
Hoje eu disse a mim mesmo para me manter de pé
Disse a mim mesmo que faria o que puder,
Para ser feliz, para ser o que eu quiser ser
Eu me preparei para mais um dia comum,
E deixei minha tristeza fazendo jejum
Tudo se adequando, conforme o plano
Mas, infelizmente a vida fez sua jogada,
E me apunhalou com a garota das minhas fábulas
Aquela que dedilhei em linhas mágicas
Golpe baixo ou não, isso feriu gravemente o meu coração
E, quando retornei à minha cama, eu disse a almofada,
"Ela não mais me ama, minha saudade por ela clama"
E, inusitadamente, eis que o desânimo
Tomou posse da minha semana.
Mesmo que eu me previna
Mesmo que eu pressinta,
A dor da decepção sempre me humilha
Essa é minha vida, essa é minha sina
E a minha história sempre me ensina,
Que meus erros são apenas presságios
E que os meus ideais não passam de raios,
Que acertam duas vezes o meu retrato.
Às vezes, distraído, eu levo alguns tombos
Às vezes indago se, em minhas costas, há um anjo
O mal que sofro cada dia que uma lágrima caí,
Me deixa cada vez mais perto do precipício que vejo por aqui
Eu tento enxergar além da névoa do medo e ódio,
E, às vezes eu enxergo amor, ou algo similar
Enquanto meu espírito estiver sóbrio.
Ainda não desisti da minha rotina,
Muito menos da minha jovem vida,
Mas devo admitir que às vezes ela me intriga
Eu resolvo um problema, logo sou recebido com ironias.
O tempo cura tudo, menos as más escolhas
Elas irão me perseguir até minha cova,
Mas eu ei de aproveitar minha vida até o cair da última folha
Sei que tenho um caminho imenso a minha frente,
Mas a minha vontade de ser feliz me dará forças
Encontrarei alguém que poderei dizer que me entende
Tudo o que peço é que haja tempo para tudo isso,
Sei que meu futuro não será um desperdício,
Pois, em meus ombros, carrego a determinação do meu pai
E em minhas pernas, a resistência da minha querida mãe
E, quando eu sair de casa, sempre irei olhar para trás
Para que eu me lembre onde poderei voltar,
Quando os meus sonhos eu realizar.

INSATISFAÇÃO
Acontece a qualquer momento.
Enquanto passo o pó de café, finalizo um relatório importante, ou durante a faxina de todo o santo dia.
Entre uma música e outra no rádio, o silêncio abafa e escuto: fuja.
Levanto as sobrancelhas e olho pros lados.
Ufa.
Ninguém ouviu.
Esse desejo secreto, quase bandido, que faz da minha própria vida uma refém de mim mesmo.
O cotidiano é uma arma pressionada contra a minha cabeça.
Despertando às 7h, horários marcados.
Passa hora, passa dia, passa noite, continuo preso, sem ter aonde ir.
Ando em círculos numa cela do tamanho do mundo.
Tantas vias, mas tão complexas.
E esse meu destino, distante, que nem sei se existe.
Por um instante eu fico feliz.
Conquistei o que eu queria, beijei, escrevi, li, trabalhei, corri, comi, caguei.
Mas e depois A felicidade se esvai a cada meta alcançada.
Depois só me resta sonhar e esperar de novo pela alegria da realização.
No momento seguinte, acabou.
A felicidade não dura, sequer, um momento.
Minha vontade de ir embora é a plenitude da satisfação, pois a rotina calculada me embrulha o estômago.
“Bom dia, amor”.
“Deixei a chave embaixo do tapete”.
Mensagem por mensagem, deixo a mim mesmo embaixo do tapete.
Deixo o eu que quer viajar.
O eu sem hora pra voltar.
O eu que não depende de nada nem ninguém para fazer o que quiser.
É difícil ser fiel a uma rotina quando bem no fundo de mim sei que não pertenço a lugar nenhum.
Minhas roupas são escorregadias.
A cadeira em que almoço, desconfortável.
Até o sagrado quarto aonde descanso todas as noites é alugado.
Nada é meu.
Só o meu corpo me pertence, e ainda assim eu o maltrato.
Às vezes deixo de comer, aperto a cinta, raspo meus pelos como se não reconhecesse minha pele.
Vejo no espelho: ainda que eu fuja desta casa, continuaria preso num corpo limitado para as minhas expectativas.
Dia após dia, essa é a vida.
Medrosa que é, ela se esconde atrás de máscaras, abaixo de camadas de ossos, carne, pele e roupas.
Dia após dia, se camufla da morte por debaixo das músicas do rádio, barulho d’água monótona na pia e das vozes que abafam o silêncio.
A vida é a insatisfação que grita no silêncio.
Mas não a ouço direito pelo meu próprio medo de viver.
E assim eu me acostumei a morrer dia após dia.