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Capacidade

Uma das coisas que eu acho fascinante em Jesus, é a capacidade que ele tinha de encontrar no meio da multidão, pessoas.
Ele era capaz de reconhecer em cima de uma árvore um homem, e descobrir nele um amigo.
Bonito uma amizade que nasce a partir da precariedade, quando você chega desprevenido, o outro viu o que você tem de pior, e mesmo assim, ele se apaixonou por você.
Amor concreto, cotidiano, diário.
Jesus se apaixonava assim pelas pessoas e as tornava suas amigas.
As trazia para perto Dele.
É fascinante olhar para a capacidade que esse homem, que esse Deus tem, de investigar a miséria do outro e encontrar a pedra preciosa que está escondida.
Isso é Páscoa, isso é ressurreição.
É quando no sepulcro do nosso coração, alguém descobre um fio de vida, e ao puxar esse fio, vai fazendo com que a gente se torne melhor.
Não há nada mais bonito do que você ser achado quando você está perdido.
Não há nada mais bonito do que você ser encontrado, no momento que você não sabe para onde ir e não sabe nem onde está
O amor humano tem a capacidade de ser o amor de Deus na nossa vida por causa disso: porque ele nos elege!
Por isso que é bom termos amigos, porque na verdade, as pessoas amigas antecipam no tempo, aquilo que acreditamos ser eterno
Quando elas são capazes de olhar para nós e descobrir o que temos de bonito.
Mesmo que isso, as vezes costuma ficar escondido por trás daquilo que é precário.
Por isso agradeço muito a Deus pelos amigos que tenho.
Pelas pessoas que descobriram no que eu tenho de pior, uma coisinha que eu tenho de bom, e mesmo assim continuam ao meu lado, me ajudando a ser gente, me ajudando a ser mais de Deus, ajudando a buscar dentro de mim, a essência boa que acreditamos que Deus colocou em cada um de nós.
Ter amigos, é como arvorear: lançar galhos, lançar raízes Para que o outro quando olhar a árvore, saiba que nós estamos ali Que nós permanecemos para fazer sombra, para trazer ao outro, um pouco de aconchego que às vezes ele precisa na vida
Arvoreie! Crie árvores! Seja amigo!

Eu desejo que meus olhos não percam a capacidade de se deslumbrar com coisas simples: você já viu uma borboleta em uma manhã de sol indo subindo descendo, como se naquele momento só existisse o azul do céu e as suas asas
Eu desejo que o tempo não leve embora aquela criança que um dia eu fui, e que mesmo não tendo mais forças para subir em árvore alguma como antes eu possa encontrar paz ao me sentar em um fim de tarde sob a sua sombra.
Eu desejo que os meus pais vivam até o último fio que lhes restar de vida, e que quando eles partirem seja tão tarde, que quase será à minha hora de ir.
Eu desejo encontrar um homem, mesmo sem procurá lo, que me confirme a minha velha hipótese, que só o amor é capaz de dar um verdadeiro significado a existência.
Eu desejo também ter filhos, e que eu possa os ver correndo no jardim entre as flores, que eu os veja crescer; me agrada pensar que em um futuro muito distante, eles serão a reunião feita em lembrança, do que um dia e fui como também haverá neles um pedacinho de todas as pessoas que amei na vida.
Eu desejo que a idade não leve embora o meu velho e original senso de humor, e que eu aprenda a gostar de outras cores, porque depois de algumas longas primaveras vestir se de preto não será mais símbolo de rebeldia, mas sim de viuvez.
Eu desejo aprender sempre, seja a dar um nó na ponta da linha, seja as teorias filosóficas sobre o mundo das idéias de Platão.
Eu desejo não que meu coração não endureça com o tempo, e que não importa o que acontecer, eu jamais me acostume com a dor, com o sofrimento.
Eu desejo viver uma vida simples, a única exigência é uma casa com varanda, e uma rede onde eu possa descansar ao cair da noite.
Eu desejo envelhecer sentada em uma cadeira de balanço, usando roupas de florzinha e meias coloridas até os joelhos, como as da minha avó, desejo também que os meus netos venham me visitar para que posso os contar histórias, como aquela por exemplo, da menina que “plantou” a escova de dentes no vaso.
Eu desejo que os meus amigos vivam para sempre dentro do meu coração, e que o tempo não nos separe, e que a saudades nos mantenha unidos para sempre, e que eu jamais me esqueça dos momentos felizes que passamos juntos, mas que eles venham a se multiplicar com o passar dos anos.
Eu desejo que a minha mãe um dia pare de se preocupar tanto,que durma mesmo quando esqueço de telefonar, mas ao mesmo tempo, que ela continue me tratando como uma criança, que me cubra no meio da noite, que me de conselhos que me fazem chorar de rir, como andar de bicicleta na calçada e trancar a porta do quarto com chave antes de dormir.
Eu desejo que o meu pai assista menos futebol, e fique menos zangado quando eu “obrigo” a assistir à novela das oito, sob a justificativa que eu nunca assisto.
Eu desejo que o meu irmão e eu, continuemos a achar graça das mesmas coisa como antes, e que os laços que nos prendem não se desfaçam nunca.
Eu desejo que o meu cachorro e o meu gato morram de velhice, e quando chegará a tal da velhice, eu não sei.
Para mim, eles ainda têm um ano, e eu não tenho culpa de acreditar, pois eles se comportam como se estivessem acabado de nascer.
Eu desejo nunca deixar de acreditar em Deus, e haja o que houver que sempre Ele esteja dentro do meu coração, e que um dia os meus olhos sejam dignos de contemplar a beleza do seu rosto, que até hoje, só puderam imaginar o seu contorno.
Eu desejo que trabalhar não seja para mim apenas uma forma de subsistência, mas que o trabalho seja um ato de criação, uma obra de arte capaz de transformar tudo o que estiver ao alcance das minhas mãos.
Eu desejo

Confissões de um menor abandonado
Eu sei que sou culpado, não tive a capacidade de assumir a administração da minha vida, não fui capaz de controlar as emoções infantis nem consegui equilibrar me sobre os obstáculos que herdei da sociedade.
Até que me esforcei! Olhei para a vida de meus pais, porém, os desentendimentos do casamento falido nublaram os tais exemplos de que ouvi falar, só falar.
Não tive o privilégio de me aquecer no meu próprio lar, porque lhe faltou a chama do amor, sustentando nos unidos.
Cada qual saiu para o seu lado.
Na confusão da vida me perdi.
Candidatei me à escola.
Juntei a identidade civil ao retrato desbotado, botei a melhor farda de guerreiro, entrei na fila.
Humilhado por tantas exigências, implorando prazos, descontos e vaga, me sentei num banco escolar, jurei persistência, encarei o desafio.
Joãozinho, você não sabe sentar se
Joãozinho, seu material está incompleto.
Joãozinho, seu trabalho de pesquisa está horrível.
Joãozinho, seu uniforme está ridículo.
A barra foi pesando, fui sendo passado pra trás e vendo que escola é coisa de rico.
Um dia, me arrependi, mas a professora se escandalizou das faltas (nem eram tantas! ) e disse que meu nome já estava riscado, há muito tempo.
O que fazer Dei marcha à ré ali e, olhando a turma, com vergonha, fui saindo.
Moro nas marquises, debaixo da ponte, nas calçadas e não moro em lugar nenhum.
Tenho avós, pais, irmãos e primos, mas não tenho família.
Tenho idade de criança e desilusões de adulto.
Minha aparência assusta as pessoas e nada posso fazer.
A cada dia que passa, estou mais sujo, mais anêmico, mais fraco.
Sou um rosto perdido, perambulando, em solo brasileiro.
Na verdade, nos chamam de menores, todavia, somos os maiores desgraçados.
Vendo balas num sinal de trânsito que muda de cor a cada minuto.
Quando o sinal fica vermelho, os carros param, meu coração dispara.
Para nós, menores abandonados, o vermelho do sinaleiro é a cor da esperança.
Extraído do meu livro Escola Comunitária 4ª.ed