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Batom

" Vez ou outra você me vem à mente, então fica claro que tu nunca a de deixa la.
Será estranho um homem feito, ainda recordasse tão vividamente de um amor juvenil Pois para mim não, não há amor tão arrebatador quanto o que se vive quando ainda inocente ao mundo, não inocência de pureza, mas sim a inocência de sonhar sem preocupação.
Pois bem, ainda me lembro de ti, me lembro de pensar que era diferente de tudo que havia visto, passou por mim como brisa, rápida, constante, silenciosa nem ao menos olhou para o lado para que eu pudesse ver seus olhos.
Desconhecia seu nome, desconhecia sua boca, desconhecia seu toque e mesmo assim já os desejava mais que à vida .
Talvez por acaso ou destino não demorou muito para lhe encontrar outra vez, sentou se na carteira ao lado, lembro me de ficar paralisado com sua presença mas como qualquer outro jovem da minha idade disfarçei o melhor que pude não sem antes olhar em seus rosto por alguns instantes.
A cor de seus lábios era como a de minhas vísceras e sangue, como se estivesse ali para arrebatar me a alma, dilacerar me a carne, e assim fez, com um olhar me tirou do corpo, olhos pintados de preto fosco, delineados delicadamente para matar a todo e qualquer um, olhos de profunda incerteza, de vil solidão, indiferentes a mim.
Não demorou muito para que nos aproximássemos, acho que seres perdidos procuram outros como eles para se afugentar, universos paralelos em vazio e superlotação.
Lembro me tão ferozmente de ti que basta me juntar as pálpebras para voltar ate mim o sabor de seus labios, batom vermelho e cigarro, saudade e perdição, diferente de qualquer outra me entregou sua verdade, deu me parte de sua alma, arrastou me para morte.
" lembranças

Silenciou.
Silenciou e todos à sua volta sabiam que era um sinal de alerta.
Ligam se os faróis de SOS, Estado de sítio, fujam para as colinas.
Ela silenciou.
Entrou lentamente fazendo com que sua presença fosse percebida por todo o salão da cafeteria.
Olhei pela janela e logo conheci o motivo que a trazia aqui, estava chovendo.
Todo mundo sabe que chuva, café e cigarro são como pólvora para corações que ardem.
Deu meia volta em um dos saltos e se dirigiu à área externa, era uma varanda com plantas aéreas que faziam a ideia de um ambiente acolhedor.
Dali fiquei a observar.
Marlboro branco denunciava sua preocupação em não deixar odor, embora já não fizesse muito efeito, qualquer um poderia sentir a quilômetros de distância o cheiro da dor que queimava naquele peito.
Unhas e batom vermelhos, pediu um expresso duplo, ela nunca foi mulher de meios termos.
Tragava como quem mais parecia beijar, talvez pela lembrança de alguém que refletia na fumaça.
Era dia dos namorados e por isso ela decidiu silenciar.
Passou a semana ouvindo e respondendo suas amigas sobre presentes e jantares daquele dia, sempre foi o estilo Amelie Poulain: Resolvia a vida amorosa de todo o universo, menos a sua.
Optou assim por achar que sofreria menos, até sentir na pele o peso intenso daquele 12 de junho.
A chuva deu uma trégua, e como a mulher forte que era ou demonstrava ser engoliu o choro que estava prestes a sair, pagou a conta e cruzou novamente o salão para ir embora.
Pausou me fitando com a porta semi aberta, desisti da minha tentativa de disfarçar lendo o livro e encarei, ela suspirou aliviada ao fechar a porta.
Duas almas boêmias sabem se reconhecer.