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Camila Dias

Não sei como lhe saudar, ainda não inventaram honras para amizades, o que é injusto, já que fazem mais por nós que as autoridades.
Querida amiga, rogo lhe seu companheirismo nessa aflição, já estou ciente de que essa doença também afeta o seu coração.
O que as folhas esconderam, o vento revelou, eu já havia lhe contado desse meu velho caso.
Infelizmente toma conta de mim a cada hora que passa, sonho de dia, penso de noite e tudo se converte a um Eduardo e Mônica sem certeza de final feliz.
Hoje vejo a coerência entre precipício e precipitar se, eu me joguei num abismo a espera de um rio abaixo.
E se o rio não existir E se a água estiver gelada E as piranhas Tudo isso me preocupa e já não me reconheço mais.
É doentio o modo como o amo, sinto os sintomas em mim.
Eu que tinha um coração gelado vejo alguém me incendiando e simpatizo com a dor! Minha confidente, eu não lhe peço conselhos, exceto se estiver ao seu querer, mas me sinto confortada em dividir isso com alguém, ao comparar nossos anseios aos encontros.
No mar ou na floresta, com peixes ou leão, ambos são aventuras que escrevo desde então, tentando aliviar a espera do convite.
Parabenizo a você, que em seu drama tem medo do que já lhe pertence e talvez eu a entenda.
Desejo lhe a sorte, a maturidade e principalmente a paciência que venho desfrutando, nunca achei tão cansativo e desesperador ficar sem respostas.
E de fato estamos ferrados, pelo bem ou pelo mal, espero o aprendizado.
Depois de tanto criticar as vítimas, o barco virou para o nosso lado.
Prima, eu me apeguei a ele.

Silenciou.
Silenciou e todos à sua volta sabiam que era um sinal de alerta.
Ligam se os faróis de SOS, Estado de sítio, fujam para as colinas.
Ela silenciou.
Entrou lentamente fazendo com que sua presença fosse percebida por todo o salão da cafeteria.
Olhei pela janela e logo conheci o motivo que a trazia aqui, estava chovendo.
Todo mundo sabe que chuva, café e cigarro são como pólvora para corações que ardem.
Deu meia volta em um dos saltos e se dirigiu à área externa, era uma varanda com plantas aéreas que faziam a ideia de um ambiente acolhedor.
Dali fiquei a observar.
Marlboro branco denunciava sua preocupação em não deixar odor, embora já não fizesse muito efeito, qualquer um poderia sentir a quilômetros de distância o cheiro da dor que queimava naquele peito.
Unhas e batom vermelhos, pediu um expresso duplo, ela nunca foi mulher de meios termos.
Tragava como quem mais parecia beijar, talvez pela lembrança de alguém que refletia na fumaça.
Era dia dos namorados e por isso ela decidiu silenciar.
Passou a semana ouvindo e respondendo suas amigas sobre presentes e jantares daquele dia, sempre foi o estilo Amelie Poulain: Resolvia a vida amorosa de todo o universo, menos a sua.
Optou assim por achar que sofreria menos, até sentir na pele o peso intenso daquele 12 de junho.
A chuva deu uma trégua, e como a mulher forte que era ou demonstrava ser engoliu o choro que estava prestes a sair, pagou a conta e cruzou novamente o salão para ir embora.
Pausou me fitando com a porta semi aberta, desisti da minha tentativa de disfarçar lendo o livro e encarei, ela suspirou aliviada ao fechar a porta.
Duas almas boêmias sabem se reconhecer.