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Adorei ter Conhecido você

“Pense nas casualidades que fizeram você gostar de quem se gosta, conhecer quem se conhece.
Pense nas milhões de escolhas que levaram você a estar lendo este conto.
Ou em como cada ação pode ser modificada em um pequeno instante.
Pense nas aleatoriedades que levaram Cecília a conhecer Enzo.
A maioria das pessoas não se dá conta de que um simples acaso pode mudar qualquer rumo.
Em uma escolha, seu inimigo pode virar seu chefe, ou em outra, seu chefe pode transformar se no amor de sua vida.
Vai entender..
Era dezembro de 1963.
Uma eventualidade numa fila de cinema.
Um encontro.
Uma história.
Tempos difíceis.
E o escondido passara a ser comum e deliciosamente perigoso.
Ela lia histórias para ele, já ele cantarolava pra ela.
E assim o tempo passava.
Enzo era um destemido viajante que possibilitou Cecília a ser desafiada, encarando um mundo fora de sua zona de conforto.
Mas não podiam ficar juntos.
Enzo era liberdade bruta e ela um diamante lapidado de estímulos bem pensados.
Cecília era medrosa, acima de tudo.
Como uma história de final premeditado, a pequena Cecília viu se obrigada a partir.
Medo.
Prometera que seria a última vez que veria seu amado.
Numa bela tarde nas montanhas, ela chorava, desarmada.
“ Não se preocupe, Cecília.
Não se preocupe que nada reluz mais do que o brilho do teu sorriso.” – disse Enzo enxugando suas lágrimas.
Por um momento ela acreditou e sorriu pela última vez.
O pôr do sol era um aviso e o nascer dele uma advertência imutável.
Ah Enzo, mal sabias tu que nunca mais tornaria a ver Cecília.
Enzo nunca conseguira compreender o que fizera de errado para ser esquecido daquele jeito.
Mas é assim mesmo, pessoas vem e vão, entretanto algumas não conseguem partir.
São as mesmas que não conseguem expulsar o que já deveria ter ido embora há muito tempo.
Não se consegue encontrar a força com que as outras pessoas têm de desatar esses nós de convivência com tamanha facilidade.
Você tem medo de quê uma vida não seja suficiente e que só lá no final perceba o que a sensibilidade nunca lhe pareceu consentir.
Que a gente morre.
E renasce.
Re descobre.
Re conquista.
E morre de novo, mas nunca é igual.
Era para ser revigorante, evolução obrigatória.
Era pra ser.
Observa se que o coração palpita, mas está morto.
As ilusões o abastecem e a esperança o deixa pulsando leve.
Encontra se um vazio.
Levando todos os pensamentos de toda uma vida à uma falência múltipla de um todo.
É como um sopro.
É um fantasma emocional que transpira arrependimentos e lhe faz notar que não existe apenas um rumo, eles são infinitos.
Esta é Cecília no dia de hoje.
Ela não gostaria tanto assim dele se não fosse aquele cinema em 1963.
Não o conheceria.
Não visitaria a velha sala de cinema a cada década mesmo sabendo que aquele instante nunca retornaria.
Saudade é aquele sentimento egoísta o qual não queremos que a pessoa saia de perto e não admitimos que elas possam ser felizes distantes de nós.
Enzo não conseguiu ser feliz.
Ela também não.
Apenas com ele, Cecília aprendeu que o futuro é incerto e o presente é realmente um presente.
Uma dádiva.
Mas o futuro deles nunca existiu.
Não se pode reprimir a coragem e fazê la ser menor que o medo.
1963.
O trem saía às 12hs e tanto ele quanto Enzo partiram sem Cecília.
Medo de novo.
A única coisa que Cecília recordava era de que Enzo sempre ria alto quando James Dean roubava um beijo da moça bonita do filme.
Enzo nunca a roubara um beijo, mas iria pedi la em casamento assim que se acomodassem no tal trem, contudo ela nunca aparecera.
Cecília tinha medo de que não fosse o que queria para si ou que não realizaria seus sonhos de menina ao lado de Enzo.
Que covardia.
Mal sabia ela que se jogasse suas malas num vagão rumo ao Leste de algum lugar, nunca seria tão feliz e completa.
Ah Cecília, vocês teriam filhos lindos.
Ela ainda lembra se do olhar cinzento de Enzo a convencendo de que qualquer problema seria resolvido num abraço e palavras confortáveis.
Ela não esquecera os lugares da poltrona vermelha, assim como o número da plataforma, o mês, o ano..
Ela apenas esquecera de que o tempo não era seu amigo e que apesar de viver por tantos anos, não sabia de onde tirar algumas histórias felizes para contar aos seus netos.
Ah Cecília, quantos desenganos.
Mesmo depois de décadas ela ainda consegue ouvir as gargalhadas dele ecoando nas paredes do tal antigo cinema.
O que a deixa momentaneamente feliz e a faz se arrepender amargamente por não se entregar de corpo e alma a loucura quando teve chance de ser plenamente feliz.
Indo ao encontro de Enzo na plataforma 7 naquele dia de chuva ”

Você me conhecia, me entendia, você sabia.
Você gostava de me provocar, me deixar ser louca, ou aparentar.
Você dizia que não ligava, tinha vezes que nem na minha cara olhava, nem um telefonema dava Mas eu era orgulhosa demais, estranha demais.
Você há alguns dias me disse que eu não estava nesse mundo sozinha, e quase me deu a entender, que eu não estava sozinha porque estava com você Você me chamava de mentirosa, muitas vezes me ignorava.
Tinha dias que eu chegava a fazer de tudo só para ganhar um olhar seu.
E quando você olhava Há quando você olhava, era algo tão profundo, demorado.
O mundo finalmente fazia algum sentindo.
Estar ali se tornou importante, pelo menos uma vez eu via um sentido em tudo.
O que não durou nada, na verdade depois de um tempo, parecia que nem havia acontecido 13 dias depois você voltou a falar comigo novamente, ou a me atingir novamente.
Você vazia questão de dizer que eu não servia para nada, a não ser para ser sua.
E eu me confundia.
Ser sua Era isso Mas nunca fui do tipo que pertencia a ninguém.
Muito menos de um alguém como você Alguém instável e tão seguro ao mesmo tempo.
Alguém que me criticava e ao mesmo tempo me elogiava.
Alguém que tinha mania de sumir e voltar quando bem entende se, alguém que me via e não falava nada e gostava da ideia de saber que eu odiava ser ignorada.
Alguém cínico, sádico e irônico.
Alguém que exalava tudo que eu mais odiava.
Alguém como você.
Que não é fácil de se esquecer, muito menos de se conhecer E todas as vezes na qual eu acreditava que estava pensando na sua frente, você fazia questão de me surpreender sabendo que eu odiava surpresas.
Você parecia o cara totalmente errado, no momento que eu nem fazia ideia se era o certo.
Você era o cara que bem, dizia que eu não prestava, enquanto quem não prestava era você.
Você foi o cara que me chamava de idiota, sem saber que você mesmo me tornou uma.
Você dizia que eu perdia minha vida sentada esperando pelos outros.
Enquanto por quem eu mais esperei foi você.
Você foi o cara no qual nunca um eu te amo me disse.
Mas foi o único que eu tive certeza de que me amou de verdade.