AMOR VIOLETA
O amor me fere é debaixo do braço,
de um vão entre as costelas.
Atinge meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco.
Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida.
Então eu virei pra ela e falei assim: ah, nada, boba, também é assim, se der, bem, se não der, amém, toca pra frente.
"Sofro por causa do meu espírito de colecionador arqueólogo.
Quero pôr o bonito numa caixa com chave para abrir de vez em quando e olhar."
"A liturgia,
O ícone,
O monacato.
Descobri que eu sou Russa."
_
(PRADO, Adélia.
"A Convertida" In Poesia Reunida, pg.
365 (Ed.
Record 2015)
[ ]
"Ó pai, duro é este discurso, quem poderá entendê lo "
Se abrisse um sol sobre este dia incômodo,
eu rapava com enxada os excrementos,
punha fogo no lixo
e demarcava mais fácil os contornos da vida [ ]
(Poema 'discurso')