O homem não gosta da paz.
Gosta só de conquistá la.
Entre uma coisa e outra há muita gente estendida.
É a que tem a paz verdadeira.
No que se conquista há que descontar o que se sofre para conquistar.
E o saldo é normalmente negativo.
Quando nascemos, assinámos logo um contrato com a morte.
Porque é que depois fazemos todo o possível por não cumpri lo
A verdade és tu.
O que mais que se segue já não interessa à conversa.
Excepto para demonstrares essa verdade, em movimento de recuo.
Que importa o que erraste Não haveria verdade nos outros sem o teu erro próprio.
E assim colaboraste na harmonia da vida.
Se no mundo houvesse só uma cor, não haveria sequer essa cor.
O que se consegue no que se obtém é quase sempre a decepção.
Não é que falte muitas vezes seja o que for nisso que se consegue.
Mas falta a esperança ou o desejo de o conseguir.
Tem piada.
Deus não tem moral nenhuma.
O «tu deves» instaura uma distância entre o absoluto do dever e a finitude de quem é obrigado.
Deus não pode ter distância de nada.
E é porque ele é a moral que nós não podemos julgá lo imoral e pedir lhe portanto satisfações.
Quanto mais grave é uma doença, maior tem de ser a esperança.
Porque a função da esperança é preencher o que nos falta.
Não se procura uma doutrina para acharmos a verdade nela, mas para acharmos nela a verdade que é nossa.
A fé é uma esperança terrorista como a esperança é uma fé democrática.
A fé é um acto solitário.
A esperança tem de ter em conta o que a excede.
Mas na primeira está a certeza e na outra a dúvida.