Em política, a «honestidade» não conta nem como estratégia nem como índice para avaliação dos outros.Ser «honesto» em política actuante é ser parvo.
Morreremos sem conhecer uma fracção grande de nós.E isto apenas porque ela não teve oportunidade de se manifestar.Eis porque, por exemplo, nem todos sabem de si que são heróis, ou cobardes.
A arte não serve para nada.A filosofia também não.Excepto como extensão da pessoa que se é, ou seja do homem que se é.O que se segue e importa saber é se o homem serve para alguma coisa.
A grande fraqueza da razão: ser incapaz de demonstrar a sua excelência.A grande força da razão: termos de servir nos dela para demonstrar isso mesmo.
Um sentimento define se segundo a pessoa que se é.Quando jovem, o amor é um impossível que se deseja possibilitar e que quando isso acontece se desfaz.Na velhice o amor define se como uma grande paciência.Como às vezes se define o génio.
Para ajuizar do que é inferior é preciso ser se superior.É por isso que um imbecil facilmente se julga um génio.
A verdade de hoje é o erro de amanhã todo esse saber se afundará e a glória e a petulância que vinha nele.
Quem procura a glória não a merece, quem a merece não a procura.
Por detrás de um triunfo há sempre uma vingança.E é numa razão directa que varia a sua grandeza.
A maior tragédia para o homem é saber que tem de morrer.Mas a sua maior grandeza é justamente ter consciência.Assim a sua maior grandeza é a sua maior tragédia.
Há monumentos ao soldado desconhecido.Mas não há um só aos heróis a que não calhou poderem sê lo.
Não mudamos com a idade na estrutura do que somos.Apenas, como na música, somo lo noutro tom.
Tenho tantas saudades de ser eu.De ver.De me deslumbrar numa iluminação.
O prazer que nos dá uma ideia de outrem com que concordamos, vem nos da ilusão de que fomos nós que a inventámos.Até porque fomos.Mas só agora o soubemos.
Não se faz arte com bons sentimentos.Mas com os maus também não.Porque quando se entra em arte, a moral fica à porta e só entra nela a inocência que se ignora.
