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Rodrigo Ap Mendonça

Eis que eu vos digo
Eis que eu vos digo, amigos:
Que eu sou um ser solitário.
E a minha solidão é o perigo
Que da liberdade sai tão caro.
As palavras que eu escrevo
São sem nexo e sem sentido.
Mas, trazem os segredos
Tão puros e tão límpidos
Que chega a me dar medo
Como uma relâmpago partido
E que, destituído ao meio
Entre o encanto e o receio.
Eis que eu vos digo, irmãos:
Eu sou um orador itinerante.
O relâmpago é o coração:
Ora escuro, ora flamejante.
A minha tenra calmaria atrita
Do meu espírito fumegante.
Na minha louca alma viajante
Traça os pontos sem saídas.
Mas, eu sou o relâmpago
Que acende a pedra filosofal.
Separa o meu bem do mal
E me mantém navegando.
O meu coração é um ser artístico:
Que vos ama com tal intensidade
Que o meu amor acende e arde
Numa brasa de um sonho místico.
Eu queria viver todas as vidas
E sentir todas as sensações.
Pesar todos os pensamentos
E receber todas as emoções.
E, quem não quiser me ouvir
Que tape os ouvidos.
Pois, o meu compromisso
É com vocês nunca mentir.
Meus amigos, vinde a mim
Vocês de espíritos aflitos.
O amor que está por vir
Eu vos entrego por inteiro.
Vinde a mim sem receio.
E eu lhes darei um fim
Aos vossos torpes medos.
O choro das almas ruins
Terá um novo recomeço
Serão vestidos de cetim
E conduzidos ao meu reino
Onde o amor vive sem fim.
Eu também fui um suicida.
Como vocês, estive preso.
E já me lancei do abismo
Sobre as chamas do medo.
Eu também levava o crucifixo
Mas não carregava Jesus.
Andava com a lamparina
Mas não havia nela a luz.
Eu já puxei como o balde
A lava do poço do vulcão
E saciei a minha sede.
E, quando, em erupção:
Banhei me na cachoeira
De labaredas mágicas.
Após os arames enfarpados
Vivi a espantosa ilustração
De assombrosas fábulas.
Dentro da bolha de um sabão
Eu fiz a minha nova morada
E viajei segurando um balão.
Eu passei noites em claro
Com temor de pesadelos.
E mesmo quando acordado
Estava acorrentado ao medo.
Já me perdi no meu labirinto
Como um pássaro na gaiola.
E sonhei com o céu límpido
Pelo vão das grades tortas.
Sou consciente das ilusões
E inconsciente das verdades.
Eu desperto me para a fase
Que transborda o coração
De amor, de paz e bondade.
E, sobretudo, de perdão.
O sofrimento molda o caráter
E quebranta o grilhão.
Ah, que loucura é conhecer
A mais profunda decepção.
A alma flameja ao alvorecer
E o amanhecer em solidão.
Palpita, meu pobre coração.
Palpita triste a luz do dia.
Palpita a sua utópica alegria
A melancolia te é um dom.
E o que mais dói, em secreto
É ser obrigado a ocultar
De vocês o meu mistério
Que só eu posso desvendar.

Perdido no labirinto do teu Ser
Eu vou mudar as minha rotas
Para não ser preciso dar fuga.
E vou mudar a minha trajetória
Pois, sozinho, ela nunca muda.
Eu vou reiniciar o meu caminho
Que traça o meu distante rumo.
Além dos meus ciclópicos muros
Me procura o meu bom destino.
Vou de encontro ao meu futuro
Em passos calmos e bem finos,
Que, canta a fivela do meu sino
Preso no meu tornozelo último:
Agonia, nos meus pés libertino
Da minha vagação pelo mundo.
Sou vagarosamente moribundo
Numa venusta alma de menino.
Foi no desvendar dos segredos
Mas, no eclipsar de toda visão.
Achei no íntimo dos teus seios
Um intenso labirinto fluir ilusão.
Caminhei sozinho, pela solidão,
E viajei pelo meu lado do medo,
E conheci todos os teus receios
Logo, testifiquei, que são vãos.
Depois te vi um caminho estreito
Com espinhos brotados no chão.
É a felicidade, e os teus anseios
Quão vil trajetória de escuridão!
Luzia a brasa do amor perfeito
A te causticar o fogo da paixão,
Nas paredes frias, tua emoção..
Me aquecia o coração no peito.
Possuo te, em ternura espreita,
Teus lábios tão dóceis e macios.
O céu, reproduz um azul violeta
Mil cometas, e, íntimos arrepios.
Amor, volta te a cama, deita te
Olha me com teu olhar sombrio,
Não há nada acima das estrelas
A não ser, fluir te, como um rio
Com os meus dedos, deleita te.
Percorro os teus horizontes a fio,
Na brasa do amor, volúpia sutil,
Suspiros e gemidos flameja te.
Cada desejo nasce como broto
E não se sabe onde vai parar.
Deixa me a tua alma, jardinar
Amanha, seremos outro renovo.