Se te pareço noturna
e imperfeita
Olha me de novo.
Porque esta noite
Olhei me a mim,
como se tu me olhasses
E era como se a água
Desejasse
Há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos cofre, trancados até o nosso fim.
E por isso passíveis de serem sonhados a vida inteira.
Te amo como as begônias tarântulas amam seus congêneres, como as serpentes se amam enroscadas lentas algumas muito verdes outras escuras, a cruz na testa lerdas prenhes, dessa agudez que me rodeia, te amo ainda que isso te fulmine ou que um soco na minha cara me faça menos osso e mais verdade.
A vida é crua.
Faminta como bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima, olho d'água, bebida.
A vida é líquida.
Conta se que havia na China uma mulher
belíssima que enlouquecia de amor todos
os homens.
Mas certa vez caiu nas
profundezas de um lago e assustou os peixes.
Alguns doutos em ciências descobriram que quanto maior o intestino, mais místico o indivíduo.
E quem mais místico que Deus Grande Intestino, orai por nós.
Vontade de não dar sentido algum às coisas, às palavras e à própria vida.
Assim como é a vida na realidade ausente de sentido.