Então me deixa ser claro e te explicar uma coisa: corações partidos são reparados com o tempo, com o acaso, com técnicas que a gente nem sabe se funcionam, mas tenta.
Acho que na verdade eles se curam da tentativa.
Ou nunca curam, a gente que consegue mentir bem pra gente e acredita.
Eu acho que a gente não cura, a gente drena.
Drena a tristeza e drena todo o resto até perceber que secou e pronto.
Dia desses você volta e redescobre esperança no meio da dor.
E me conta que era impossível ter visto antes porque a gente não enxerga bem quando é escuro.
Talvez queira ir pra um lugar que não parecia claro, exato, bacana ou coisa e tal.
Mas as suas coordenadas mudaram, tua tatuagem é outra, teus modos descobriram um novo jeito depois de drenar a angústia de um coração partido no passado.
E faz bem porque a gente explora o tato no escuro.
A gente explora os sentidos e põe o instinto pra funcionar mais do que o pobre coração.
Tudo ainda é sobre você.
Até mesmo essa minha vida, que era pra ter sido menos ordinária se você ainda estivesse aqui.
Você nunca soube que eu matava as saudades te guardando em caixas.
E que o meu armário era montado com partes do que a gente foi e viveu.