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Daniel Bovolento

Histórias batidas de términos ilustram as televisões e os romances de prateleiras desde que o mundo se entende por gente.
Amores épicos e confusos, trágicos e simplórios se estendem pela História da humanidade paralelamente ao desenvolvimento de sociedades antigas e contemporâneas.
A gente já aprendeu como se cura uma decepção amorosa das mais diversas e criativas formas.
E também ouvimos receitas e mais receitas de como terminar um relacionamento, desde aquele primeiro amor juvenil ao relacionamento à distância que sufocava os dois.
Quando a gente precisa de um tempo pra gente A ideia é que seja um tempo para colocar as coisas no lugar, aproveitar a solteirice e preparar terreno para quando bater aquela vontade de se doar a alguém.
A ideia do tempo em que não estamos nos relacionando deveria servir justamente para isso: não pensar e buscar NOVOS RELACIONAMENTOS.
O estar sozinho passou a ser considerado um crime.
É sinal de fracasso e indica falta de algo.
Mesmo com a revolução sexual e com as grandes possibilidades de se estar feliz sozinho, muita gente ainda levanta a bandeira da necessidade de ter alguém, ou pior, de buscar alguém.
Essa busca desenfreada tira o olhar do “eu” e direciona o olhar para o outro.
Pode parecer natural ou um alarde desnecessário, mas a partir do momento em que não aproveitamos e entendemos aquele espaço de reclusão, passamos a nos tornar escravos de uma ação: o ciclo da companhia.
O que a gente nunca deu atenção é sobre o hiato que acontece entre uma despedida e um encontro.

Quando alguém te diz que você merece algo melhor, ele está te dizendo para seguir em frente porque não se importa com você a ponto de querer ser alguém melhor.
Ele não vão gastar a energia e o esforço que você merece.
Eu quero dizer que isso não tem a ver com você, que não é sua culpa, mas ele vai encontrar alguém que ele considere importante o suficiente para ser melhor.
A tal pessoa não é você, me desculpe.
É uma bosta, é horrível e eu quero abraçar você porque eu sei como isso é.
Eles sabem que você merece algo melhor.
Mas eles não vai ser essa pessoa melhor.
Ouça.
Quando alguém te diz que vai te machucar, ele vai te machucar.
Eu não acho que ele seja malicioso ou cruel.
Ele não está planejando um modo de destruir sua vida, encostando as costas numa cadeira, batendo os dedos na mesa e esperando o momento perfeito para te atacar.
Mas ele se conhece.
Todos sabemos quem somos, mesmo que não admitamos isso.
Ele vai te machucar.
Ele sabe disso.
E talvez, no fundo, você também saiba disso.
E quando acontecer, ele vai te dizer "eu disse, eu disse que aconteceria."
Quando alguém te diz que é uma confusão, ele está te alertando.
Não é que ele tenha muitos problemas ou seja muito machucado.
Mas é uma boa desculpa.
É algo guardado para chegar lá na frente e dizer "eu te disse, eu sou uma confusão".
Isso é um modo de culpá la, um modo de se ver livre da responsabilidade.
Essa é a garantia para qual eles podem apontar e dizer "olha, desculpa, eu avisei".
Quando alguém te disser quem é, acredite de primeira.
Eu estou tentando fazer isso.Entre Todas as Coisas

Amor foi a fatia grossa de torta que a gente pediu no The Baker’s logo depois de comer salada.
E a dieta da proteína da outra semana, a ortomolecular da próxima e todas as segundas que a gente passou de cara feia um pro outro sem saber que era fome.
Foi o saco de lixo com uns papéis importantes que você botou pra fora, porra, cê podia ter perguntado se eu ia precisar de alguma coisa dali, né Eu precisava e não adiantaria de nada você ter perguntado porque eu nunca reparo nos detalhes.
Teria visto a pilha em cima da mesa e despachado, assim como eu vi as coisas todas e deixei de lado, em algum canto do meu quarto desarrumado, nem fiz questão de botar pra baixo do tapete.
E amor foi quando você trancou a porta do quarto porque eu disse que não ia voltar naquela noite.
Nem na outra, nem na próxima noite e em semana alguma.
Foi quando você tentou desmarcar uns compromissos enquanto eu mantinha a agenda fechada e dizia que não posso hoje, desculpa, vamos tentar na semana que vem Amor foi quando você continuou ligando e até me comprou presente de aniversário quando a gente finalmente se sentou pra discutir.
Foi quando você pediu pro garçom não trazer gelo – porque eu tava doente – e me entregou um casaco pra me aquecer – porque já passava das 22h e eu não precisei dizer um pio pra você descobrir minha gripe.
Foi quando você me contou o que tava fazendo e riu de como me conhecia nos detalhes, quando confessou que sabia que tinha algo de errado e que eu não era mais o mesmo, foi quando você podia ter me deixado, mas me deixou na porta de casa e disse que esperava que eu ficasse bem.

Você vai achar que consegue, que é algum super herói e que dessa vez vai.
Vai ver as marcas na pele e buscar algum remédio de ses pe ra da men te pra tentar curar alguma coisa ali dentro, mas os cortes são profundos, quase dá pra ver lá dentro, quase daria pra ver se o sangue não coagulasse, mas você não desiste.
Você acorda de manhã cedo e traz o café na cama, um livro antigo de poesias e diz que o melhor presente é a companhia.
Sorri e você nunca foi tão feliz assim, foi Talvez esteja dando certo, talvez você esteja conseguindo.
Você se empenha e tenta, tenta hoje, tenta amanhã, aos poucos consegue progresso.
Uma vez eu também achei que poderia salvar e consertar e mexer lá dentro de alguém que era muito importante pra mim.
Doía em mim quando ela chorava, doía em mim quando eu não podia fazer nada pra botar os demônios dela pra fora de casa e organizar o caos.
Doía pra cacete porque não era algo que eu pudesse controlar.
A gente sempre acha que pode controlar o destino do outro, a forma como as coisas vão ser, mas não pra mensurar o estrago que ele já sofreu.
Só nos resta admitir que esse processo vai ser baseado na tentativa e no erro: 50% de chances de salvar tudo no fim do dia, 50% de chances de voltar pra casa desolado.
( ) Uma vez minha mãe me disse que você não pode ganhar todas as batalhas da vida.
Você tem que escolher quais batalhas deseja realmente lutar e quais batalhas está disposto a abrir mão.
No amor não é muito diferente, o que muda aqui é que a ferida é mais profunda e vai além da dor física.
Porque é frustrante, acredita em mim, frustra pra caramba perceber que não era você, que não era pra ser, que talvez nunca seja com aquela pessoa.
Mesmo que a culpa não seja sua.Entre Todas as Coisas