Você vai e eu fico nessa dependência irritante de quem espera, de quem não sabe se faz alguma coisa porque a consequência pode atropelar o que tá por vir, mesmo que você nunca mais venha.
E eu vivo preso num milésimo de segundo de saudade, elaborado pra avançar aos poucos.
Me deixa sentar no sofá da sala e ligar o vídeo game pra nós dois.
Colocar aquele jogo que você gosta e perder de propósito (como se eu precisasse) só pra te ver com os olhos brilhando tentando me consolar da sua vitória.
Minhas amigas disseram para eu parar de me iludir.
Eu sei que é ilusão e por isso mesmo é que eu não tenho medo.
Sei que não posso esperar nada de você além do de sempre: a despedida.
Mas vem pra ficar comigo um dia e continuar esse jogo que eu não sei onde vai parar.
Vai ser difícil acordar.
Perceber que eu corro atrás de memórias no jardim e que o choro faz parte da sensação de saber que você nunca mais vai voltar.
Meu Deus, será que eu sou tão previsível assim a ponto de você saber que eu sempre deixo a porta aberta quando você me liga pra dizer que vem A gente não funciona junto, não dá certo junto, não foi feito pra estar junto.
Mas eu cismo em forçar a barra e ver se você fica de vez, por esperança ou por vontade de poder usar a sua camisa social verde que cai tão bem em mim.
Sempre vai ser você que vai me dar um sorriso de lado e me deliciar na sua simpatia espontânea.
Nesse jeito de fazer as coisas meio erradas, meio certas demais.
Nessa cumplicidade e na forma com que o teu abraço me engloba e me deixa sem escapatória.
Vai ser sempre você o meu menino.
Vai ser sempre você que fica e vai embora e me leva junto e me faz voltar pra você mais uma vez.
E essa confusão toda me deixa feliz.