Aquele momento ficou suspenso no ar
Etéreo, vital, invisível, especial.
Virou lembrança de filme.
Virei atriz de cinema mudo.
Revirei me.
E nesse papel, juro, ainda ganho o Oscar.
Beijarei a estatueta e beberei vinho olhando meu triunfo e derrota.
Sinta a minha calma, alma.
Coma a aura, espalme a palma, abra a chaga e verás o profundo de mim transbordar em ti.
Assim, poderás me julgar.
Eu gosto de muros, protegem e dão sombra.
Convido o grafiteiro para escrever em cores Alberto Caeiro: "Sou alheio ao espetáculo que vejo "
Para apagar marcas, é preciso desapegar se.
E para cultivar o desapego é preciso o primeiro passo, a primeira reza e o último beijo
É preciso fechar os olhos e parar de sentir com o coração.
A vida vai passando, implorando sempre um pouco mais de sensatez; na palidez da dor em alma carmim, imploro sempre um pouco mais de cor
Ser a mesma, viver do mesmo, tira me o encanto de lutar pela vida e redescobrir esse mar imenso e perfeito a desnudar meus olhos
Sou esperta em linhas retas.
Em linhas tortas e no abstrato me abstraio, caio e calo.
Mergulharei em Picasso, quem sabe não me acho.
Quando começo a me sentir assim, eu bem sei.
São os primeiros passos para a estrada que jamais voltarei.
Mas primeiro, o ápice.
Depois, queda.
Por fim chão, e depois o tempo.
Somente nele que tenho aprendido a confiar
Eu sei que dentro do seu silêncio, corre um rio de pensamentos e que em algum lugar suas águas ficam mais claras ao encontrar as minhas.
Momento narcisista sim, admito.
Admiro o reflexo no lago, as ondas de minha alma abastecendo se de si própria.
Lambo os beiços saciada!
Se ardo, se atino, se concedo, se falto, se sobro eu não me importo.
São os meus dias ensolarados que preenchem todos os espaços e sentidos.
Talvez o segredo seja não olhar para trás mas sim olhar para frente com os olhos cheios de brilhos estelares em esperanças renovadas.