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Aline Diedrich

O vento levou embora as folhas mortas como simbologia daquelas dores que exorcizei.
Bastava de masoquismo.
Bastava do mais autêntico masoquismo da alma.
Junto das pessoas, haviam adormecido todas as agitações e perturbações.
Eu não.
Eu, ainda sob o efeito hipnotizador dos olhos do moreno, deixei que o som embalasse a noite, madrugada adentro, como uma imperfeita boneca de pano que desperta da inércia, com todas as suas curiosas inquietações.
As luzes da cidade pareciam saudações, vistas da janela do alto daquele prédio, num bairro sujo no país das maravilhas.
O etílico, ah o etílico! Mais uma dose apenas e não ficaria nada além das verdades, principalmente das ironias, que libertou.
Bastava de meias verdades.
Propus, portanto, brindes ao meu estúpido domínio da razão.
Às vezes que bati com a cabeça na parede dando de cara com as atravancas do caminho.
Brindei aos meus olhares tortos, aos olhares fixos, aos outros amores atravessados.
De tudo, guardei o saber de que páginas viradas não voltam.
“Good vibes”, ele falou e despencou, em queda livre, num sono e em sua esquisita apneia de onde voltaria umas cinco horas depois com cheiro e gosto de café amargo.
Ah moreno
Em sua magnitude, debochado, o céu quase sorria pra mim.
Os paralelepípedos, lá embaixo, assombrados, esperavam ansiosos pela oscilação da vida.
Eu, absolutamente honrada como aquela que sobreviveu ao caos e todos os cacos deixados pra trás, sorri de canto, disfarçada, como cúmplice, e pedi perdão pelos meus paradoxos, mas sem nenhuma pretensão em deixar de tê los.
Então, do vento não veio a tempestade.
E eu, onipotente, megalomaníaca por natureza, finalmente me senti pequena diante do sol que surgiu tímido e trouxe com ele o cheiro de jornal das manhãs.
Quem diria, justamente eu, que – sem meio termo era preto no branco, descobri que existiam todas as cores em mim.
Ah, moreno Se você soubesse