Ela é do tipo que doma seus monstros, exorciza seus fantasmas, anestesia sozinha suas dores Do tipo que sempre está pronta para ir por caminhos longínquos em busca do novo, mesmo que precise atravessar oceanos internos a nado.
Ela é quem sabe a hora de pisar fundo ou desacelerar, de regar ou de deixar morrer, de colher ou de esmagar suas flores.
E, de tempos em tempos, ela solta ao vento as pipas que não lhe servem mais e recusa os remendos de cacos que não lhe enfeitam a vida.
Porque ela sempre tem fome de vida.
Dilacera, majestosamente, o que traz gostos novos, enxerga o que é visível somente à alma, sente a magnitude dos aromas insignificantes.
Ela é a própria fragrância.
Ela colore o dia sem nunca se esquecer da maravilhosa imensidão do preto da noite.
Ela quer mais do que uma constelação apenas, com um céu infinito a seu dispor.
Ela nunca foi do tipo que se contenta com uma casa comum, quando pode ter um mundo.
Pois, no final das contas, ela é um mundo inteiro.