É extraordinário como nos tornamos violentos quando queremos agradar ao mundo.
Agradar ao mundo resume o comportamento da sociedade nos seus aspectos mais retóricos.
Ao longo da minha experiência foi me dado observar o comportamento das pessoas, e com isso fiz romances.
Eles ficam, no entanto, muito aquém do que aconteceu, porque há uma coisa que se chama a timidez da alma, e o que nos é revelado pode ser nos proibido também.
Se não há homens insubstituíveis, há palavras que são insubstituíveis.
Elas, de resto, não exprimem nunca o conflito, mas o seu fantasma; e o fantasma duma realidade está subordinado à escolha estrita das palavras.
Aí repousa o estrato da confiança humana.
O homem faz tentativas duma obra, a mulher opera sem necessidade de completar alguma coisa.
Ela é um ser completo, princípio e fim, lugar, caso, dispersão do conflito em que a própria morte se descreve, se anuncia.
No fundo, agradece se que não haja grandes governantes; eles trazem a ordem, portanto a proibição de escolha a uma consciência em estado de profunda reprovação.
Um governante iluminado causa mais males do que duzentos que estejam pouco empenhados na felicidade humana.
Uma nação não nasce duma ideia.
Nasce dum contrato de homens livres que se inspiram nas insubmissões necessárias ao ministério dos povos sobre os seus infortúnios.
O humor ilude nos como uma faísca num campo escuro.
A verve um tanto imoderada, uma corrupção do sentimento que se faz galhofa, um medo de ganhar nome de suspeita virilidade.
Quem não troça é beato ou é eunuco.
Nós, as mulheres, o que nos faz amar um homem é aparentá lo com tudo o que amamos o tempo da crise, da puberdade, da gestação, do enigma; os primeiros rostos, as primeiras carícias, os primeiros medos.
Entre a obra de arte e a crítica há um abismo, porque a crítica é inteligência, e a obra é, mais ou menos esquivado ou completado, o impossível.
Os homens têm necessidade da culpa porque ela funciona como um excitante para criar.
Têm que criar as excitações da culpa.
Têm que ser criminosos.
É tão simples como isso.
O saber precisa de ser visto com a idiotia que ele próprio comporta, com o jogo de certezas que uma época tem por inevitáveis mas não por permanente.
Um mundo sem idiotas é um mundo saturado de falsa dignidade.