Essa é uma carta de despedida.
Uma carta clichê como todas as outras, como – você sabe – eu não poderia deixar de ser.
Seria ótimo se eu soubesse me despedir de uma maneira menos dramática e mais original, mas não deu.
E esta carta é uma prova de que eu tenho aprendido a perceber – e aceitar – quando já não dá.
Olha, na verdade esta não é uma carta tão clichê assim, porque eu não vou dizer que desejo que você seja feliz e saia por aí rodopiando entre as flores e que eu vou seguir também e tudo vai se arranjar.
A gente conhece bem a vida real.
Vai doer, pra mim e pra você.
Vai doer a primeira noite de sábado, o primeiro filme, o primeiro aniversário de um amigo em comum – e os próximos, talvez.
Graças à nossa mania de sermos o tudo um do outro, vai ser terrível.
Não vamos sentir falta só das conchinhas e dos beijos, a amizade mútua vai deixar um buraco imenso em nós dois.
Vai demorar pra a gente se acostumar a não ter mais a companhia um do outro pros filmes aos domingos – aliás, pra a gente se acostumar a não ter a companhia um do outro pra um monte de coisas