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Verônica H.

Plateia
Talvez eu nunca entenda o real sentido das borboletas no estômago, da boca seca e joelhos frágeis.
Ou talvez nunca seja a palavra mais ridícula do dicionário; e eu sei do poder que as palavras exercem sobre mim.
A verdade é que sempre me esquivei de qualquer pequena possibilidade.
Sempre tive medo de gostar e ser deixada.
Porque veja bem, de primeiras impressões o mundo está cheio.
E logo meu primeiro coraçãozinho na agenda, ficou partido quando menos se esperava.
Eu tive todos os motivos pra acreditar num sentimento que logo se foi; e foi sem me levar.
Cansei de ouvir que eu não me deixo levar, que eu não me abro e não dou espaço.
Disso eu sei.
Eu só queria ter aprendido no colégio como mudar os defeitos que vêm na fabricação.
Minha frieza de visão só me faz ver defeitos e faltas.
Eu não sinto.
Eu não me abalo.
Eu sei o que vai acontecer e não me surpreendo.
Eu acho graça do esforço e da boa vontade, mas isso é muito triste pra mim.
É como se eu me assistisse de fora o tempo todo, tendo consciência de cada passo, cada sorriso, cada palavra.
É como se eu fosse plateia da minha própria solidão.
Se ao menos eu pudesse ter a certeza de que isso um dia vai mudar
Sinto falta e medo.
Talvez nunca ame, talvez seja nova demais pra dizer isso.
Quero o frio na barriga, a emoção de primeiros encontros.
Quero escrever mais que palavras de desculpas, textos sobres finais sem final; quero mais que arrumar coragem pra terminar.
Quero coragem pra começar.