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Demétrio Sena Magé RJ.

AMIZADES EROTIZADAS
Demétrio Sena, Magé RJ.
Amizades entre gêneros opostos têm sempre um quê de sensualidade.
É um quê que na maioria das vezes não avança, porque a natureza da relação já se arraigou tanto, a ponto de não caber outro contexto.
Se o contexto de amizade for violado, logo depois não haverá mais nada.
Amizade, amor nem paixão.
Talvez rancor, pela consciência da perda causada com a troca de relacionamento.
Às vezes, pela forçação infrutífera de um dos lados.
Isto equivale a dizer que amizade é eterna.
Relação amorosa, especificamente, não.
Por isso, trocar aquela por esta pode ser o que chamam comprar gato por lebre.
Mas algumas relações desta natureza crescem tanto e ficam tão profundas, mesmo não se tornando paixão nem amor, considerando o sentido específico da palavra, que não dá para mantê las, cruamente, no exato nível das grandes amizades.
Tampouco para transformá las em romances.
Quando isso ocorre, a única saída é deixar a natureza cumprir o seu papel improvisador, e não fugir da erotização do laço.
Inicia se, nesse patamar, o que há tempos classifico de amizade erotizada.
Muito mais do que íntimas, as amizades erotizadas têm o poder de preservar o que já existe, sem que nenhum sentimento seja confundido nem haja traição, considerando que, na maioria das vezes, ambos ou pelo menos um dos lados já vive uma relação especificamente amorosa.
Um compromisso.
Nas amizades erotizadas, a fantasia é permitida em palavras afetuosas, gestos e afagos um pouco mais apimentados e até exposições incomuns; porém, sem a relação sexual; o beijo apaixonado; o compromisso e o sentimento de posse que posteriormente poriam tudo a perder com cismas, cobranças, ciúmes, e o rompimento definitivo.
Terminal de sentimentos irremediavelmente negativos.
Por isso nunca transforme em romance uma grande amizade.
Quase nunca dá certo.
O quase é para não me chamarem de radical.
Prefira erotizar o relacionamento, para não correr o risco de perder, de uma vez por todas, uma pessoa especial em sua vida.
O romance durável costuma ser aquele que já nasce romance ou se torna paixão, amor futuramente conjugal, sem passar pela grande amizade.
Se você conhece casos que deram certo, em definitivo, fora desse contexto, esteja certo: conhece as exceções disponíveis à sua volta.

AO PROFESSOR QUE NASCEU PARA SER PROFESSOR
Agradeço todos os dias ao destino, pela graça de ser educador.
Arte educador.
Inserir me nesse contexto como profissão me fez mais do que um profissional: alguém que se reconhece como quem nasceu para isso.
Tenho, evidentemente, minhas angústias relacionadas a proventos, condições ideais de trabalho e as grandes dificuldades externas que acompanham nossos alunos até os espaços formais de aulas, oficinas e projetos educativos, tanto no conceito pedagógico, especificamente, quanto nos conceitos da arte e da cidadania.
Sou um professor que não dá nota.
Que pode mudar, todos os dias, as estratégias para vender suas ideias e seduzir os alunos.
Atraí los para contextos mais prazerosos do que a obrigação de alcançar notas e pontos para passar de ano.
Às vezes, adulá los.
Talvez por isso, eu não tenha nem condições de alcançar a grandeza dos esforços diários dos professores em disciplinas obrigatórias, que têm a dura missão de preparar pessoas para o mercado de trabalho.
Para disputas mercadológicas e a sobrevivência em uma sociedade competitiva e cruel, devido à falta de espaço confortável para conquistas.
Não tenho a mínima condição de avaliar precisamente a realidade total das salas de aula, mas sempre que vejo um professor de pelo menos alguns anos de profissão, admiro o profundamente por ter atravessado esses anos, diante do que vejo.
São muitos e muitos os professores que portam condições plenas de abraçar profissões muito mais rentáveis, e o fariam competentemente, mas não fogem do que escolheram, porque seriam somente profissionais.
E como nasceram para ser professores, não seriam felizes se não fossem profissionais e seres humanos, como tem que ser, mais do que ninguém, quem nasceu para ser professor.
Reitero, portanto, meu profundo respeito e minha admiração aos que trabalham com amor e sofrimento; com revolta e dedicação; com sorrisos muitas vezes salobros, porque se misturam ao pranto, mas logo se sobressaem, porque o amor ao que fazem tem sempre reserva de otimismo.
Ao mesmo tempo, meu desprezo profundo e a não admiração aos patrões da educação tanto particular quanto pública e aos cidadãos de má vontade responsáveis pelo sofrimento, a revolta e as lágrimas do professor que nasceu para ser professor.