A ESTRELA AZUL
Era uma vez uma estrelinha muito prosa,
toda orgulhosa,
no céu instalada;
até que um dia,
talvez por castigo,
um astro,
fingindo se amigo,
roubou lhe uma ponta dourada.
Cheia de revolta,
batendo as mãozinhas,
‘’pelo desaforo! (dizia a chorar)
uma estrela que perde uma ponta
não é mais estrela,
não vou mais brilhar.’’
E a pobre estrelinha,
assim mutilada,
tornou se problema na constelação;
antipática,
só pensando em si,
como se o mundo
desabasse ali
ao peso de sua humilhação.
‘’Ninguém gosta de mim (gemia a pobre),
só porque perdi minha ponta dourada.’’
E, enxugando uma lágrima comprida,
a estrelinha,
infeliz da vida,
tornou se resmungona e mal educada.
Oh! Era uma catástrofe no universo,
uma tristeza na constelação!
Tudo foi tentado,
nenhum resultado,
até chegar a estrela da Conformação.
Esta velha estrela
era mui sensata
e à estrelinha
ela aconselhou:
– Ainda és estrela,
pois tens quatro pontas,
torna bem brilhantes
as que Deus te deixou.
E a estrelinha
pôs se a trabalhar
ingentemente,
em busca de luz;
só pensando
em ser útil e bela
(que este é o destino de uma estrela).
Ela esqueceu a sua própria cruz.
E nem notou
que sua cor mudara
para um azul brilhante e sem igual:
uma cor linda,
cheia de esperança,
alegre como um riso de criança,
bela como uma estrela de Natal.
E a estrelinha que fora problema,
drama,
tragédia na constelação,
passou a ser motivo
de alegria,
uma bênção de Deus
em cada coração.