A linha entre expectativas e decepções é tênue, menino.
Mas as tentativas não são vãs ou vazias.
O correr dos riscos nos impulsiona e nos aviva.
Eu sei, a frequência dos acontecimentos é o que assombra.
Cada episódio é fugaz e tão passageiro quanto nossas vontades.
É que o futuro é abusado, ele vem e nem pede licença.
Engraçado, menino, a vida sempre tem graça.
E como você diz, “basta de pretéritos”, por mais perfeitos que eles tenham sido.
Então, que o vento impetuoso arraste para longe essas folhas mortas que nos mostram que até mesmo nas pétalas secas há mais estímulo do que nas flores de plástico.
E que o tempo tirano continue a transformar em pipa que voa e não volta, tudo que não é mais importante pra vida da gente.
Menino, já é madrugada.
A rua e a garrafa estão vazias, mas nossas memórias cheias ainda causam estúpidas explosões de risos.
É menino, não é hoje que encontraremos o sentido das coisas.
Mas, antes de entrar em casa, vamos amassar os últimos papéis do juízo e, perante o infinito, firmar o compromisso de aceitar todas as expectativas e também os desenganos.
As nossas pândegas expectativas