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Maria Paula Fraga

Ainda não sei ao certo se são as decepções que me perseguem ou sou eu que vivo atrás de ilusões.
E é impossível não doer quando as melhores coisas da vida se mostram não tão boas.
A gente cresce com uma visão de mundo que vai se modificando com o passar dos anos.
Descobri tanta coisa que eu não queria, e tenho dúvidas que eu não suporto.
Mas se me perguntam como eu tô, eu sempre digo que tô bem, porque é ainda mais difícil quando eu resolvo contar dos precipícios que a vida me joga.
Tudo parece tão frágil agora, tão inconstante, e sempre tão passageiro.
Não sei se sou eu ou o resto do mundo que é assim.
Só sei que eu não tenho mais nada a perder, e não me consola pensar que não há mais erros a cometer porque não há mais ninguém pra me perdoar.
É a condição da solidão absoluta.
E mesmo que o acaso tenha me tirado muita coisa, no fundo eu sei que as mais importantes foi eu quem joguei fora.
Ou não.
Afinal, tudo é passageiro não é Principalmente as ilusões.
E se eu for pensar na verdade, no fim é só o que eu perdi, ilusões.
Isso me faz acreditar que tudo vale a pena, por pior que seja o preço.
Mas ás vezes eu não quero a verdade.
Nem a ilusão.
Eu só quero não doer inteira quando toda a verdade bonita que eu conservei durante longas estações se desfazem em tão pouco tempo.
Talvez a verdade seja só uma teoria que eu entendi errado.
Ou talvez não exista jeito certo de entender.
Talvez eu nunca descubra e saia desse mundo com mais mil verdades doloridas e um alivío intenso de estar saindo dessa loucura que é tentar entender as outras pessoas.
Porque no fim eu só vivo pra isso, pra tentar entender as coisas.
E nem eu sei porque continuo quando sei que sempre vai acabar doendo.

Antes de ir, eu vou ligar.
Dizer que realmente foi amor, e se realmente terminou, a vida foi um pouco injusta comigo.
Vou dizer que se ele é feliz, que siga por si mesmo, porque o futuro é uma ilusão, e nossos erros são passado.
Depois não quero ouvir nada, e vou dizendo o que vier na garganta, porque me segurei por oito meses, e já virou meu feto pensar em falar coisas pra ele.
E eu não quero essa criança.
Esse peso na mente, e na língua, eu quero ir embora vazia e acabada, abortada do que quase fomos, ou tivemos.
Vou dizer que a vida é curta, e um dia ele vai acordar com quarenta anos e arrependido de ter feito muita coisa, mas que eu vou dormir todas as noites torcendo pra que ter me deixado, não tenha sido uma delas.
Também vou dizer pra ele se apaixonar muito, se apaixonar sempre, mil vezes, mesmo que pela mesma mulher, todos os dias.
Pois saber que alguém desperta isso nele, já me deixa um pouco melhor, pois vê lo sorrindo, me machuca mas me cura ao mesmo tempo.
Antes de ir, eu vou telefonar.
Falar que ele foi meu maior amor, minha melhor loucura, mas minha pior lição, porque a história não me deu chance de corrigir os meus rabiscos.
Vou falar que depois de muito tempo, eu entendi as suas dores, porque se tornaram minhas também.
E que se ainda dói um pouco, e isso não tem consolo, eu pelo menos consegui seguir em frente.
Preciso falar outras coisas, mas o texto vai ficar grande e talvez ele nem seja lido, por último vou falar que mesmo que eu não ligue, e esse e mail não seja aberto, o destino saberá mostrar pra ele tudo que eu não disse segurando um telefone.