Voltas do Amor

É amigão, já pensou o dia que ela deixar de responder suas mensagens e aceitar as suas desculpas Ela pode te colocar na mesma categoria dos demais, a categoria do passado pra sempre.
Não era a categoria que você estava quando ela resolveu te ter de volta, ela te trouxe para o presente remoto, e espera te dar o upgrade para o futuro, mas pode ser que você volte para categoria: passado, o mesmo passado que aqueles que a magoaram estão.
O passado acinzentado, o passado do nunca mais.

Desculpe, meu amor, sei que prometi lhe esquecer, mas aqui estou eu, mais uma manhã de domingo, pedindo desculpas pelos áudios que lhe enviei ontem a noite, desculpe.
Eu havia lhe esquecido até ontem.

Não deu, é mais forte que uma crise de abstinência, eu consigo viver sem coca cola, sem sushi, eu consigo viver até sem maquiagem – ai, não, espera , mas com essa saudade, impossível.
Já lhe esqueci por um mês, consegui finalmente ficar um mês sem lhe procurar, juro que não abri por muitas vezes a nossa foto – que ainda está naquela pasta “felicidade”, ai que brega – e nem reli tantas vezes assim nossa última conversa no whats app aquela que você disse que também sentia saudade, que lindo! – que se resumiam em “oi que saudade”, “eu também”, “como tu está ” e “quando vem me ver ”

Mas a vida, essa grande fanfarrona vai e nos traz de volta.
Tira nossos sorrisos e devolve.
Enxuga nossas lágrimas, mas também derrama.
Debulha quando a gente queria que fosse seco.
E eu não sei mais suportar viver essa inconstância.
Esse turbilhão de sentimentos puros ligados à nossa posse, aos nossos medos.
Você me faz acreditar que é para sempre, mas num piscar de olhos tudo muda.
É na resposta torta de uma pergunta mal feita que tudo se transforma e zera.
Eu zero, você zera.
Meu silêncio não suporta seu barulho, é ensurdecedor, você enlouquece meus pensamentos.
Transtorna minha vida.
Não me deixa dormir, qual a quantidade de palavras e pensamentos que ocupam minha cabeça Qual a quantidade de coisas que me perturba diariamente A quantidade é absurda.
É proporcional à quantidade de vezes que a gente se afasta.

Somos feitos para a distância, talvez nunca sejamos feitos para nós.
Não dá, não deu, talvez jamais dê.
Por que tanta dificuldade em só querer amar Por que tanta dor em querer ficar junto Porque não deve ser.
Porque ficamos insistindo no sim quando somos compostos de nãos por todos os momentos.
Você me enlouquece.
Mas não dá mais.
Não cabe mais loucuras dentro de mim senão as minhas próprias.
Eu me curo.
Eu tento me recuperar, eu busco ajuda, eu vou a terapia.
Mas você me destrói com um olhar, com uma declaração sem noção do que você viveu no seu passado mais presente.
Você joga na minha cara as minhas dores.
Me magoa.
Eu sou dura, tenho uma voz ríspida, mas dentro de mim existe um poço de fragilidade feminina, que só quer ser cuidada e poder ficar no silêncio sem sofrer, sem precisar justificar o silêncio que desejo ter.

E você reaparece.
Havia deixado de lado todo e qualquer momento que pudesse ter se tornado eterno dentro de mim, eu tinha conseguido te deixar na caixinha de memórias distantes, daquelas que não queria lembrar, daquelas que me magoaram um dia.
Nossos desentendimentos, nossos deslizes, nossas dores.
Mas aí, tudo muda e deleta quando a gente se vê de novo.

Você chegou de mansinho, me mostrou músicas novas, fez festa para as minhas chegadas e se entristeceu com a minha partida.
Eu acho que não preciso de mais nada além disso, sabe O que eu sinto por você é tão bom que eu não queria partir, mas não tem como saber o final dessa história e eu torço para que ela seja bem feliz enquanto durar.
O final não precisa ser feliz, mas deve ser maduro e consciente.
Eu não sei se isso faz muito sentido pra você que chegou bem quietinho e foi se encaixando na minha vida.
Obrigada por esse tempo bom que nós estamos dividindo e pela ajuda nessa caminhada da vida; eu não poderia esperar por alguém melhor que você para me dar a mão e encarar a vida de frente.

Isso acontece com todo mundo, uma hora ou outra, a gente tem que ceder deixar de lado o ego, o excesso de amor próprio, e olhar que aquele duo pode ser melhor do que a valsa da solidão.
Se entrega bobinho, ela tá na sua.
Vai por mim cara, ela pode te dar muito mais do que a outra já te deu, e te magoar muito menos do que aquela lá.
Mas dá essa segurança para ela, vai Não deixa perder a cabeça e em cinco minutos desistir de novo de vocês.
Cara, essa história pode render, só aprender a colocar prioridades, entender o que realmente você quer para você.
Lembra daquela moça que te fez sofrer Então, foi ruim para você né Pra caralho Por tanto, não faz com a atual o que seu passado um dia fez com você, porque ela não tá mais procurando o passado, ela quer o presente remoto para o futuro próximo, não deixa ela te botar de volta naquela categoria anterior, e se ela te devolver para lá, vai ser pro para sempre no acinzentado, você vai ver, receber esse upgrade pode te dar uma vida de cor e de felicidade, vai por mim, aceita a troca de faixa.

Os olhos se cruzam diante de uma multidão, sete bilhões de pessoas no mundo, e a gente se reencontra, pela enésima vez.
A gente se enxerga a distância.
Não estava bom você vivendo sua vida fantasia e eu minhas mentiras de leveza e solidão ! Estava mais fácil tentar deixar de lado qualquer possibilidade de um pseudo final feliz entre nós.
As possibilidades tinham se esgotado.
A gente já tinha chegado no fim.
Já havíamos vivido de um tudo.
Um tudo bom, um tudo ruim, um tudo leve, um tudo pesado, um tudo de um tudo, um tudo de um nada.
Não, parece que nesse fim sempre volta, as nossas vidas param, os momentos congelam, e só pensamos naquilo que ainda não vivemos.
Contraditório.
Parece que seremos sempre contraditórios em o que já nos dissemos, em que falamos ao mundo, declamamos aos outros.
Somos loucos.
Loucos por acreditar que um dia o amor vencerá e as dores cicatrizariam.
Talvez um dia elas sarem, mas ainda não sararam.
E continuamos tentar desgastar essa ferida até o osso.

Eu fujo, eu fujo mesmo, confesso.
Não posso dar de novo essa chance ao meu possível azar.
Eu já sei como é ficar sem você, eu já sei como seria mais fácil viver longe, sem nossas loucuras.
Eu fujo porque sei que posso dar chance a felicidade ao seu lado, mas para isso vou precisar abrir aquela caixinha que está lá no fundo, trancada a mil chaves.
A caixinha mais sensível e dolorida, e se você abrir a caixinha e colocar pra fora meus medos O que eu faço para controlá los Você vai dar conta Não sei, parece que não deu antes.
E agora seria diferente Ou será que sou eu que nunca deixei que você cuidasse desses fantasmas do passado

Como seria mais fácil se você mudasse para Marte e eu pudesse visitar a Lua (sem ser como visitamos mentalmente em nossos momentos mais íntimos, e a admiramos deitados no chão).
Eu queria poder ter controle sobre o que sinto, eu queria poder entrar em sua mente e me deletar.
Queria poder te ver com desprezo e lamentação, mas você está dentro de meus sentimentos profundos, ainda está lá, acendendo a nossa chama a cada mensagem e aparição do além.
Talvez um dia possamos entender o que tudo isso representa.
Talvez um dia eu me renda à esses seus olhos claros e aos seus abraços no meio da noite, talvez.
Hoje ainda não me sinto confiante de que você vai invadir de novo minha vida, virar do avesso, transformar minhas certezas em dúvidas e que você vai fazer de novo a sua bagunça maluca, e mesmo assim conseguir deixar a casa limpa depois desse furacão chamado: você.
Talvez.
Você, de novo você.

Sei que faz um tempo desde o último beijo de boa noite pouco antes do café da manhã, desde a última ligação ou mensagem de texto avisando que cheguei em casa bem, mas nada disso importa quando a saudade bate.
E nem tô falando daquela saudade de casal, sabe É uma bem maior, bem mais viva.
Parece até um vinho que envelheceu e está pronto para ser servido.
Se bem que, talvez seja um pouco saudade de casal também.
Do cotidiano, das coisas pequenas do cotidiano.
Não que eu não esteja bem agora ou que duvide que você também esteja, é só que talvez esse seja o momento certo pra dizer algumas coisas que por covardia ou comodismo eu ainda não havia dito

Pensei em desistir, cheguei em casa, depois de caminhar com minhas mãos congeladas (droga, esqueci as luvas, você tinha me dito aquele dia para não esquecer as luvas e o gorro; tinha dito que a noite naquela cidade congelava até pensamentos), liguei o aquecedor, me enfiei embaixo das cobertas, decretei o fim.
Decretei que não te procuraria mais, que minha alucinação teria uma morte naquele momento.
Ilusão, nos meus primeiros momentos de sono, você apareceu, envolto de um poncho quentinho, me abraçou e me fez lembrar porque passei o dia em sua busca.
Mas você nunca saiu dali, dos devaneios da minha mente, repleta de sonhos, repleta de desejos do amor, você esteve ali o tempo todo, mas você nunca passou de um simples sonho, de um sonho lindo, que ao acordar sumia como fumaça ao vento, e me deixava ali, sempre na busca do que você nunca foi, do que você nunca será, porque você apenas nunca existiu.