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Textos Fortes Morte Amor e Melancolia

Vocábulos vazios
Alguns dias são piores que outros.
Na maioria das vezes me perco em pensamentos.
Deito me, olho o teto do quarto e espero o tempo passar, se perder.
Alguns dias nada faz sentido, não me lembro de ações anteriores, não meço meus atos posteriores, me perco no relógio.
Alguns dias eu queria apenas algumas horas a menos, dormir e acordar sem compromissos, planejamentos ou regras a seguir.
Em alguns desses dias, o mar é meu refúgio, imagino me prostrada sobre a areia fina, observando o céu, as constelações, dando nome a todas elas, uma por uma.
Em outros desses dias, sinto minha garganta queimar, meus pulsos arderem e meu peito doer, cada vez mais forte, cada vez por mais tempo, e assim o tempo passa.
Algumas vezes uma pintura, uns escritos, são o bastante pra me definir.
Algumas vezes, me encontro em meio a um punhado de lágrimas e soluços ritmados com meu coração.
Algumas vezes, para ser sincera, não vejo em mim muito mais que uma pilha de pincéis, palavras e livros lidos, ao se tirar isso, não sobra muito de mim.
Sou fraca, você me disse uma vez, lembra Eu concordei, mas acho que essa frase nunca fez tanto sentido quanto agora.
Sou fraca com relação a você e ao mundo.
Sou fraca por não conseguir lidar com minhas emoções, principalmente quando se trata de você.
Às vezes dói, às vezes faz mal, e às vezes eu só queria mais um cigarro e uma dose daquele whisky barato que comprei na esquina outro dia.
Cada dose te tirou um pouco de mim, e ao final do litro, nem conseguia dizer o teu nome.
Talvez fosse bom, talvez eu realmente quisesse que você evaporasse junto com cada um daqueles tragos de cigarro dos tantos que dei.
Talvez você já tivesse evaporado, se misturado com o ar, talvez eu só não soubesse.
Algumas horas eu penso em te deixar, em outras dessas eu não vejo muito futuro sem você.
Meu pensamento é como uma bola, e você, um jogador empenhado, daqueles que são realmente bons.
Você chuta uma vez, duas, três, de novo e de novo, enquanto tudo se agita por dentro, enquanto tudo se mistura e nada mais fica estático.
É sempre assim quando te vejo, já percebeu Meus olhos vidram nos teus castanhos vivos, nas tuas órbitas que parecem querer juntar se as constelações que estariam ali, acima do mar.
Você também ama o mar não é Te ouvi dizer isso uma ou duas vezes, não lembro.
Guardei comigo só o que considerei importante, todo o resto foi descartado, junto com tudo que me lembrasse você.
O teu "adeus" me perfurou a carne, como uma furadeira entrando por meus órgãos e me causando hemorragia em cada um deles.
Um sangue imperceptível e coagulante que a ti pouco importava.
"Espere por mim", você dizia em meus sonhos, e neles, você realmente vinha, mas a vida real não funciona assim.
Meu sangue se infectou por todas as manchas negras causadas pela nossa separação, meu corpo desidratou por todas as lágrimas derramadas em teu nome.
E minha cabeça girava, minha boca, seca e meu sorriso, sem vida.
Este e aquela, antes se iluminavam ao te ver, emanavam uma luz quase tão ofuscante quanto tua própria presença.
Se meus sonhos pudessem se tornar realidade, meu peito agora não doeria, minha voz não falharia, minhas pernas não estariam a fraquejar.
Se aquela praia estivesse comigo, meus pulmões teriam o mais puro ar, poderia vislumbrar as estrelas, e te ver acima de mim, em cada uma delas.
Já que não posso, essa tarefa cabe a ti e somente a ti.
Quando vir as estrelas, quando for à praia, lembre se de mim uma vez ou outra.
Lembre que te amei um pouco mais a cada dia, até perder o controle por completo de mim mesma.
Lembre que seu rosto, seu sorriso, seu abraço, são as melhores coisas que eu já experimentei nesse mundo, que tu fostes meu abrigo nos tempos de tempestade, minha calmaria em meio ao nevoeiro, e agora tem minha vida em suas mãos.
Eu, carbono, ei de me decompor logo mais, você, com seu desamor seja feliz pela presença que te invade, vais e não magoe ninguém mais
Thaylla Ferreira {31/07}

ASFIXIA
Escrevo estas palavras póstumas nestas linhas sem sentido afim de descrever todo o percurso transcorrido nestes últimos anos.
Não absorva toda esta melancolia, são só versos de solidão.
Agora tudo que resta é um punhado de folhas mortas, alheias a toda e qualquer movimentação que o mundo lhes ofereça.
Os móveis se enchem de poeira, camadas e mais camadas que se acumulam sobre o plástico que os devia proteger.
A vida que existia, se esvaiu completamente.
Eu por outro lado, sentia a cada dia um dor crescente que me consumia por inteiro e me fazia querer gritar até que as portas e janelas se rompessem, relevando todo o vazio que aquela casa demonstrava.
Era um sentimento sujo que me maculava a alma e transbordava todos os meus pecados.
Tudo o que sobrou foi encaixotado, na esperança da venda do máximo que conseguisse.
A casa foi posta à venda, e comprada muitos anos depois por um jovem casal que vinha de longe e não conhecia toda a história misturada com o cimento daquelas paredes.
Até as fotos foram jogadas fora mas estas foram resgatadas por mim.
Quando finalmente consegui encaixar todas as peças do quebra cabeças, todas as que tinha, minha luta pareceu ser inválida.
Não importava a maneira que tentasse coloca las juntas.
Nada jamais voltaria a ser como antes e o vazio me pressionava o peito a ponto de esmagar, me fazendo sentir e pensar em coisas para as quais nem consigo achar vocábulos descritivos.
O que ficou no final não era vida.
Não era viver.
Não era sobreviver.
A vida, essa palavra linda que sempre derrotou a morte no curso natural das coisas estava agora sem o mínimo valor.
O relógio continuava funcionando, pendurado na parede de uma sala escura em pleno meio dia, negra como minhas esperanças.
Os ponteiros giraram por incontáveis vezes até que as pilhas acabaram, e ninguém estava ali pra repor.
Iniciei sozinha um processo quase impossível de esquecimento, e nesta longa jornada, só a dor me acompanhou.
Os mais velhos conseguiram tocar a vida com bem mais facilidade que eu, como se nada tivesse acontecido, ou nada de novo sob o sol.
Andando em seus cavalos, se encontrando para o happy hour, para jogar bola com os amigos, ou apenas numa tentativa vazia de socializar o imcompartilhável.
Pareciam conhecer todo o roteiro daquela história, como algo já vivido nesta vida ou noutra.
Era um verão quente.
As mulheres usavam saias cada vez mais curtas que atraíam cada vez mais olhares.
Transcorridos pouco mais de cinco anos desde o dia em que cortei pela primeira vez os pulsos, espalhando todo aquele veneno pelo ar, naquele ar disforme em que eu mesma me contaminei.
A mim, a você e a todos a nossa volta.
O rio local teve um considerável aumento no cheiro de enxofre, talvez pela excessiva produção de fosfato, talvez o acúmulo das mentiras contadas, que criou uma bolha ao redor da cidade, fazendo com que todos se rendessem a seus pecados.
O que é certo é que dezenas de noivas desmarcaram seus casamentos, infelizes com o azar de ter escolhido uma data de que todos lembrariam negativamente, seja pelo odor ou pelos fatos.
Eu por outro lado, só penso em asfixia, por tudo que me tira o ar e me rouba o sono.
Como todo mundo, queria poder esquecer do que aconteceu.
Nada melhor do que não absorver.
As drogas funcionaram por um tempo, o álcool me mantinha entorpecida e os cigarros me ocupavam.
A boca, os dedos e o coração.
E a cada trago eu me entregava, sem a coragem de fazer o que você fez.
Tanta coisa que falaram de você ao longo de todos esses anos, mas ninguém nunca te conheceu como eu, ninguém nunca soube verdadeiramente a resposta.
Você nunca me ouviu, e ainda não ouve quando te chamo, quando grito por você nas madrugadas de pesadelos.
Sei que podia ter sido diferente.
Você deixou este quebra cabeças pra que eu montasse mas não importa o que eu diga ou faça.
Sempre irão faltar peças.
A árvore que você gostava foi cortada e eu lamento por não conseguir impedir.
Queria ter dito que te amo, mas só percebi quando era tarde demais.
O fato é que depois de você finalmente percebi, um dia a gente vai ser apenas uma fotografia na estante empoeirada de alguém e depois nem isso.
PS: Estou indo te encontrar.
Thaylla Ferreira Cavalcante

Último dia na terra (Parte |||)
As sacolas que estavam em minhas mãos foram ao chão sem que nem ao menos eu percebesse.
Agora estou rindo ao lembrar que uma das meninas, parecia ser a mais nova, segurou a garrafa de bebida como se fosse uma boneca, enquanto eu e seu avô nos soltávamos aos poucos.
Não demorou muito para que uma mulher de aparência um pouco mais velha que eu, saísse de dentro do casebre.
Seu dedo trazia uma aliança igual a dele, e só então percebi o que havia acontecido.
Ele nos apresentou, eu, sua velha amiga de bebedeiras, a moça que salvou sua vida no dia em que ele queria se matar.
E ela, a moça que saiu da vida dele, e levou junto seu coração, fazendo com que ele desejasse apenas a morte.
A esse ponto, já me parecia engraçado como tudo se encaixava.
Ela me convidou para entrar, na idade em que estamos, não parece ter muito sentido morrer de ciúmes de um companheiro de longa data.
Digo isso porque a casa deles era cheia de fotos, viagens, filhos, netos.
Afinal, eles deixaram seu legado.
A casa era realmente minúscula.
Alguns brinquedos espalhados e um punhado de poeira que parecia ter sido jogado propositalmente em cima de cada um dos móveis.
50 anos de casados.
2 filhos, três lindas netas, e uma intrusa em sua casa.
Tomei uma xícara de café, odiava café.
Ouvi uma música que me doeu os ouvidos e inventei algum compromisso ao ponto que me perguntaram sobre minha família.
Voei casa a fora.
Hoje é meu aniversário.
83 anos muito mal vividos, agora percebo.
Casa grande, três carros na garagem (não os uso a muito tempo, é certo dizer), uma piscina invejável, e uma área de lazer que daria orgulho a qualquer multimilionário.
O amor de minha vida foram meus livros, uma biblioteca com aproximadamente 5000 exemplares, todo lidos, alguns escritos por mim, inclusive! Meu ateliê tem quase 2000 peças pintadas, entre folhas telas e cerâmicas, todas feita com minhas muitas horas vagas.
O que mais posso dizer de minha vida Fui uma boa advogada.
Estou no livro de ouro de algumas universidades, e em minha casa tem algumas boas fotografias de viagens ao exterior.
Todas sozinha, ou com pessoas sem importância o bastante para que os nomes me venham à mente.
Aquela família, a família dele, nunca precisou de muito para ser feliz, eu tive tanto e não fui.
Parece clichê, não Meu testamento é um pouco incomum por ter sido escrito e reformulado durante tantos anos de minha vida.
Agora, com os olhos cheios de lágrimas peço a você, senhor advogado, meu sucessor nesse cargo.
Envie para aquela família tudo que eu possuir, passe para eles meus bens, casa, carros, e principalmente, a grandeza de minha alma, se eu ainda a possuir.
Neste momento, vou desligar a turbina que me mantém viva, essa coisa que chamam de respirador, minha hora já passou a algum tempo, não existe mais nada para mim nesta vida.
Quanto a ti, não seja como eu.
Largue os vícios.
Todos eles, entorpecentes ou pessoas, tua vida vale mais.
Lembre, há tanta vida para viver, mesmo quando chegamos ao nível loucura.
Ah, é essa a parte em que tudo fica interessante.
Uma boa vida.
Thaylla Ferreira {Poesias sobre um amor inatingível}

Sou passageira
Aqui da horizontal
Eu só via as faixas na estrada se repetirem
Você, da vertical
Via nossos mundos ruírem.
Eu lembro de pensar querer que aquele momento durasse uma vida inteira
Mas a gente é tão fraco
Tão pequeno
Que uma hora acaba a brincadeira.
Eu sei que agora só resta um sopro de lamento
Um mar de frustração
E você atraca sem ter a menor intenção
No meu cais de arrependimento
E eu que sempre acreditei em teu sentimento ardente
Entrego te um grito estridente
Quando me perguntas o que sinto no coração.
Enquanto nossas mãos se tocavam
Nossos corpos entravam em órbita
Eu só te via junto
Do vazio e dessa incógnita
No silêncio, ritmados e compassados
Eu só ouvia nossos corações
E nossos perfumes embaralhados
Percorrendo outras dimensões
O motivo desta lírica
É só tentar, talvez, me fazer entender
Como te perdi
Se nunca tive
Como descrever o que não se pode ver
Tão intangível e palpável
Tão pequeno e maleável
Tão ébrio e solitário
Como estar escondida aqui
Onde estou
Bem no fundo do armário
Porque se por um minuto fostes meu
Não consigo vocábulos para descrever
Possivelmente nem há muito o que se dizer
A vida acaba com um beijo teu.
Com teu cheiro que me preenche as narinas
Com teu êxtase exalando adrenalina
Como a vida que poderia ter sido,
A vida
E o que nunca devia ter acontecido.
Eu segurava tua mão
Enquanto passavas as marchas
Eu só te falo porque tornou se insustentável
Falo porque não posso gritar
Porque você não vai me ouvir
Nem se eu tentar
Porque eu cansei de ficar.
Do teu ombro eu te olhava
Deitada
E te dizia que nem sei mais o que fazer
Você ria e apontava pras estrelas infinitas acima da estrada
Cujo brilho nem se compara a você
Se não morro embriagada
Não é a saudade que vai me matar.
Eu sei, sou totalmente errada
Porque sequer considerar qualquer envolvimento mais arriscado.
Você é meu pecado,
Mas eu sei.
Homens só morrem de amor nos palcos.
Thaylla Ferreira Cavalcante (Amor, meu grande amor)

Controvérsias
Te escrevo esta lírica crítica poética
Como um tolo devaneio desta minha mente
Antes tão inerte, agora inquieta
Redijo substantivos e vocábulos
Tão mornos e oblíquos
Afim de encontrar acalento
À esta minha vida, morna e incerta.
De amantes a inimigos
Malditos escravos
De devaneios antigos
De estranhas aversões
Nossos nocivos estragos
Eu queria a calmaria
Do encontro das marés
Queria a melodia
Orvalhada dos ouropéis
Queria não ser tão estático
E poder não sentir
Essa minha dor
Mas não sei se queria
O privilégio de chamar te de amor
No ápice de minha saudade
Houve um lapso temporal de desespero
Em que sem pudor ou medo,
Infligi a mim, uma dor de total desmantelo
Queimei me a pele
Por não suportar o queimor que me aquecia por dentro
Meus epitélios pareciam desgrudar da derme
E seu nome não me saía da cabeça
A tu, eu perdi a sanidade.
Nem mesmo todo o tempo que passamos na estrada
Bastaria a compensar as horas que perdi delirando por ti
Queria não ter essa intensidade exacerbada
Mas das rosas que você me deu,
Sou a estragada.
Desvencilhei me das lembranças tuas
Mas tua foto ainda está em minha cabeceira
Ainda sinto teu cheiro em pessoas alheias
Em minhas andadas rotineiras
Queria ter lembranças como as suas
Boas e puras
Mas nas minhas,
Só fomos dois inconsequentes
Cambaleando sob a linha tênue à margem da razão e da loucura
Beijei bocas das quais não lembro o gosto
Pousei em corpos estranhos, conhecidos e em tantos outros
Mas sempre foi você,
O fogo que me torna imune aos sopros
Estou numa bolha de inércia prestes a ser estourada
Meu mundo rosa tem coloração acinzentada
És parte fundamental desse caos instaurado em mim
E sem você, eu me resguardado
Nada mais vai ser cem por cento
Nada tem a beleza extraordinamente quântica
Linda, leve
Como teu sorriso e teus cabelos ao vento
Minha energia lasciva destruiu teu carro
E a minha sanidade,
Me trouxe os debates existenciais sobre a beleza da ida
Mas se eu não fosse azarada,
Não conheceria quem me ensinou a fórmula de resolução
Ou da destruição de minha vida
Toda a incompreendida chama que juravas ter
Era brasa molhada, fogo de palha
E agora, cobrança de saudade
Que só sobrou pra mim
Junto à esse romantismo ultrapassado
À imensidão de lirismo incompreendido
Você me trouxe de volta à monótona realidade.
Com a dor de ser o que sou,
Acabou.
Acabaram os vocábulos
Todos os numerados fósforos foram queimados
E apagaram
Só restou a fumaça
E a dor reconfortante de quem os segurou até o final.
Serei sua
Enquanto meus versos inconformados e desajustados
Insistirem em ser seus.
Thaylla Ferreira Cavalcante