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Textos em Prosa Literariamente

Minha avó chora.
Antes ela não chorava, mas de dois anos pra cá, desde que precisou sair da sua casa, ela chora.
Por diferentes motivos, mas um dos motivos causadores de choro recorrente da minha avó, em seus quase noventa anos, era exibição de reprise do programa Viola Minha Viola.
Minha avó chorava dizendo que a Inezita estava doente, que não estava bem para gravar o programa, por isso estavam passando reprise.
Explicávamos que era Natal, Páscoa, Ano Novo, que Inezita estava de férias.
Não adiantava, minha avó sofria por Inezita não estar ali, ela tinha medo do inevitável.
Até eu estava ficando com medo de quando acontecesse.
E aconteceu.
Inezita era a motivação de vida da minha avó, porque ela era idosa e cantava, sorria, estava na televisão, com tudo.
Se Inezita poderia fazer um programa usando fralda geriátrica a minha avó, com suas fraldas poderia fazer tudo.
Não tinha outro programa para minha avó no horário da Inezita.
Minha avó está chorando desde que recebeu a notícia, quando pensamos que ela se acalmou, as lágrimas estão caindo de novo.
Eu tento dizer algo para consola la, escuto seu choro e tento não perder nenhuma das suas palavras: "A única coisa que eu tinha era ela, agora eu não sei o que vai ser, era um costume de muitos anos.
Tem alguma coisa muito errada, não tem mais novidades, só temporal, não sei se é muita gente, muito cimento em cima da terra Eu não sei, eu fico imaginando Tentando saber o que vai ser Só sei que eu não queria que a Inezita tivesse ido embora".

A MENINA POETISA
Mamãe eu vou ali, voltarei já, irei colher flores de maracujá Eu posso ir mamãezinha ..
A senhora vai deixar ! _ Vá, mas volte logo filha minha não se esqueça de que você é a perola dessa família.Além do mais já é quase chegada a hora do almoço: meio dia, e depois eu não quero te ver envolvida com garotos.
_ Oh minha mãezinha! ’ porque tanta ladainha assim! Eu também quero ter tempo para passar no jardim Colher folhas de alecrim, E aqui aproveito a nossa prosa para te falar que das rosas eu colherei pétalas, para mim, e também trarei para ti pétalas de flores de todas as cores
lindas grenás como sabe, todas as rosas vermelhas esboçando os meigos amores.
_ Minha filha você também tem a lição escolar para fazer; meu sonho filha minha, e a minha paixão para quando você crescer e for uma médica sensível e cheia de mimo como você é,
e sempre será.
_ A mãezinha a senhora ainda não sabe que se estuda muito para ser médico, e assim com esse poder aquisitivo baixíssimo que nos possuímos, é claro que nunca serei uma médica.
Nessa via só sou menina pobre só sei brincar,
Brincar de boneca, pula corda ciranda, eu sei
rodar, gosto de bambolê pular sorrir e cantar
nasci para ser rainha do lar medica não serei!
Quem dera chegar lá ! Tenho estudado:
Anatomia, matemática socialismo e biologia
Para que desse modo de ser, pobre eu saia
um dia.
Mas aqui, a vida é simples, sem stress
sem conta e sem processos, não tem carros
nem aglomeração os dias são meigos
e a esperança existe no coração.
A lua por aqui, a noite ainda se vê no céu
Ver também todas as estrelas Sobre o sol,
se anda de chapéu observa se as chuvas
as enxurradas a correr fazendo aranzel.
Ver também o vento farfalhar as folhas
O joão de barro revoando para lá e pra cá
fazendo a sua casinha e com a sua amada cantando a namorar, tenho visto o
tico tico no terreiro bicando o fubá os
pássaros todos alegres a chilrear, o galo
no poleiro apresentado o seu cantar.
Mãe eu não sei se quero ser medica viver
sob quatro paredes não me agrada.
Não me
agrada aprender tanto, tanto! Para depois
viver sobre tensão carregando um controlador
“bipe” e nunca mais da vida nada! ’ poder degustar, sou mesmo uma pessoa simples,
admiro a saúde a paz e o amar, fico feliz
apenas com uma musica, um cantar.
Antonio Montes