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Reflexões Aniversário

Quase meia noite, portanto faltam apenas alguns minutos para o seu aniversário de cinco anos.
Cinco anos e passou tão depressa.
Hoje me peguei com os olhos marejados vendo as nossas fotos espalhadas pela casa, tantos momentos inesquecíveis, maravilhosos.
Me deparei com tanta alegria, que só posso agradecer a papai do céu (como você mesmo o chama) por tudo que já vivemos juntos até hoje.
Mesmo com todas as mudanças que fiz em minha vida, ainda sinto o tempo me engolindo sem pedir licença.
Gostaria de ter mais tempo com você.
Falta tempo para brincarmos com os jogos novos que ganhou de dia das crianças da sua avó, falta tempo para lermos mais de uma história antes de dormir, e mais ainda para tomarmos café da manhã sem que eu te diga “anda logo meu amor, pois já estamos atrasados”.
Esforço me demasiadamente para dividir bem as minhas horas.
As que gasto trabalhando, respondendo e mails, cuidando da casa, dando atenção aos amigos e a família, cuidando de você.
Sempre, de coração, tentando priorizar o que mais importa meu pequeno, que é você.
Ainda assim, gostaria de mais.
Talvez faça parte do ser humano nunca estar satisfeito, ou talvez seja apenas uma forma de valorizarmos cada minuto do nosso dia.
Hoje, mais amadurecida, sei o que realmente levamos desta vida, o que realmente nos completa e nos faz feliz.
E é justamente isso: momentos.
Um cheiro, uma conversa, um sorriso, risadas contagiantes, um café saboroso.
Melhor dizendo, sob a minha perspectiva atual: seu cheiro, seu sorriso, sua risada contagiante.
Seus olhos que brilham, muitas vezes sem motivo algum, com tamanha intensidade que o sol ficaria constrangido de tão apagado ao seu lado.
Meu amor, fui obrigada a aprender desde cedo que filhos são do mundo.
Que você irá crescer e faltará tempo até mesmo para atender as minhas ligações.
Mas ainda assim, neste momento, devo dizer que a simplicidade da nossa rotina me basta.
Suas mãos, ainda gordinhas, que abraçam as minhas ao cair da noite.
Seu rosto, ainda arredondado, que descansa próximo ao meu.
Sua respiração calma, tranquila, de quem dorme seguro nos braços de sua mãe.
Saiba que tudo que mais lhe desejo hoje é justamente isso, que encontre seu verdadeiro abrigo, assim como encontrei o meu junto a você.
Encontre seu abrigo meu pequeno, seja nas brincadeiras, em sonhos, na música, nas amizades, na festinha (ainda que simples) ao lado dos que te amam.
Saiba que não foi à toa que nasceu justamente no dia dos professores.
Você nasceu para ensinar ao mundo meu filho, que é preciso muito pouco para ser inteiro e feliz.

A gente poderia se conhecer numa churrascaria, numa noite chuvosa de segunda feira, aniversário de um amigo em comum.
Você poderia sentar atrás de mim numa prova qualquer de concurso público, me achar familiar e com um pouco de vergonha me perguntar as horas e se não nos conhecemos de algum lugar.
Eu poderia visitar a igreja que você frequenta, eu te olharia de lado, acharia você bonito e perguntaria pra minha amiga quem você era.
Você poderia vim assim sem nenhuma pretensão, numa terça a tarde na sorveteria da esquina, numa festinha de criança na escolinha do meu sobrinho.
A gente poderia ser fã da mesma banda e colecionar a mesma série de livros.
Meu pai e você torceriam para o mesmo time, a sua gargalhada seria meu motivo de gozação e meu jeito manteiga derretida seria o seu.
Minha camiseta preferida poderia ser uma que você me presenteou pra se desculpar da nossa primeira briga, a sua camisa mais bonita poderia ser a que você usou no nosso primeiro encontro.
A gente poderia discutir sobre o destino de nossa primeira viagem, sobre o brinde de uma compra na internet, sobre a justiça do árbitro num jogo qualquer.
Eu poderia convidar você pra ver a lua na beira da praia a noite, você poderia me convidar pra uma exposição no museu de arte.
Você poderia ser o primeiro a me dar um anel de compromisso e eu a primeira a te dar a coleção de todas as temporadas de Friends.
Meu irmão implicaria com seu cabelo e sua mãe adoraria meus anéis.
A gente dormiria todo domingo depois do almoço no tapete da sala da sua casa e elegeríamos a segunda feira como o dia do“nós”.
Você seria meu admirador declarado e eu seria a sua fã enrustida.
Nossos olhares brilhariam na visão um do outro, e o final de um dia enfadonho de trabalho ainda teria cor, porque passaríamos a noite na minha casa arrumando tudo para a festa de aniversário de casamento dos meus pais.
Você poderia chegar amanhã, mês que vêm, daqui há alguns anos, mas vê se não demora tanto, vê se não se perde com essas meninas patricinhas vazias, vê se não viaja pra longe de mim ou vê se vem morar na minha rua, mas não deixa eu perder a esperança de acreditar que você vai vir, não deixa eu encontrar um meio amor qualquer e perder de viver uma grande história, a nossa história.

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO
Era tempo das vacas ainda mais magras.
Não haveria festa muito menos presente, porém aquele aniversário não passaria despercebido, com certeza haveria um amiudado bolinho e nele quatorze palitos de fósforos enfiados, seguido de um vibrante e caloroso parabéns pra você, nesta data, Querida porque era assim que todos os irmãos a chamavam carinhosamente.
Noite do dia 13de outubro do ano de 1971, passava das nove da noite e ali estávamos todos em volta da larga mesa, aguardando ansiosamente o grande momento.
O ventre enorme, pois, já passava de nove meses de gestação, dificultava as passadas de nossa mãe, que encaminhava se lentamente com óbolo na mão e uma sensação inquieta de dor em seu semblante, seguia para saudarmos a aniversariante.
Acendem se as velas (palitos de fósforos), apagam se as luzes, começa se o canto que interrompe se brevemente, ao nossa mãe anunciar a ruptura da bolsa.
Sempre fora uma mulher valente, corajosa, boa parideira, destemida, porém terna e muito meiga.
Naquele momento, o extinto de mãe estava interrogativo, pressagiando o futuro.
A essa altura, Teresa não se controlava, transferia o sorriso escancarado, pelo choro lacrimoso.
Permanecia naquela aflição, até nossa mãe ao consolá la, falar lhe: "Não chore, eu preciso muito de você e de sua ajuda, essa criança que está prestes a nascer será sua, e dela você cuidará, será seu presente de aniversário."
Então, Teresa novamente mudava seu aspecto fisionômico, agora era toda sorriso, felicidade.
As pernas longas e ágeis, encurtou o caminho e pouco tempo depois, Teresa já esbarrava se a nossa porta com o taxi previamente acertado, uma rural Willis de cor azule branco de propriedade de seu Zé maleiro, motorista dos mais antigos de nossa cidade, hoje falecido.
Enquanto o carro encobria se na primeira curva ficávamos os sete irmãos daquela época na calçada com a mão direita acenando enquanto a esquerda segurava ainda a fatia do bolo, amparados por nosso pai, que naqueles dias encontrava se enfermo.
Teresa a partir daquele momento seria não só a acompanhante de nossa mãe, mas também porta voz de toda família.
E não a largou mais passou a noite, o dia amanheceu, veio a tarde as dores multiplicavam se e prolongavam se até que concomitantemente com um grande blecaute em nossa cidade neste exato momento, nascia um belo garoto no apagar das luzes, nossa mãe decidiu colocar o nome de André Luís, puro espírito de luz.
Teresa estava radiante, teria ganho um belo presente, nossa mãe adormeceu, mais pela exaustão, que propriamente sono.
Aquela noite seguiu angustiante com o bebê que não cessava um segundo aquele choro e Teresa sem saber o que fazer Decidiu coloca lo ao seu lado da cama de acompanhante, ele gostou tanto do quentinho do corpo, agora de sua nova mãe, que se acalmou, adormecendo.
Pela manhã, a enfermeira ao chegar para cuidar de nossa mãe, perguntava pelo bebê.
Onde está Teresa acordou com a voz apreensiva de nossa mãe, também a perguntar: "Teresa, onde está o nosso bebê ".
E Teresa acordando sonolenta e assustada sem saber o que estava acontecendo, só descobrindo com o choro mingado, que vinha por baixo dela, teria dormido por cima dele, quase sufocando seu presente de aniversário!