PRESENTE DE ANIVERSÁRIO
Era tempo das vacas ainda mais magras.
Não haveria festa muito menos presente, porém aquele aniversário não passaria despercebido, com certeza haveria um amiudado bolinho e nele quatorze palitos de fósforos enfiados, seguido de um vibrante e caloroso parabéns pra você, nesta data, Querida porque era assim que todos os irmãos a chamavam carinhosamente.
Noite do dia 13de outubro do ano de 1971, passava das nove da noite e ali estávamos todos em volta da larga mesa, aguardando ansiosamente o grande momento.
O ventre enorme, pois, já passava de nove meses de gestação, dificultava as passadas de nossa mãe, que encaminhava se lentamente com óbolo na mão e uma sensação inquieta de dor em seu semblante, seguia para saudarmos a aniversariante.
Acendem se as velas (palitos de fósforos), apagam se as luzes, começa se o canto que interrompe se brevemente, ao nossa mãe anunciar a ruptura da bolsa.
Sempre fora uma mulher valente, corajosa, boa parideira, destemida, porém terna e muito meiga.
Naquele momento, o extinto de mãe estava interrogativo, pressagiando o futuro.
A essa altura, Teresa não se controlava, transferia o sorriso escancarado, pelo choro lacrimoso.
Permanecia naquela aflição, até nossa mãe ao consolá la, falar lhe: "Não chore, eu preciso muito de você e de sua ajuda, essa criança que está prestes a nascer será sua, e dela você cuidará, será seu presente de aniversário."
Então, Teresa novamente mudava seu aspecto fisionômico, agora era toda sorriso, felicidade.
As pernas longas e ágeis, encurtou o caminho e pouco tempo depois, Teresa já esbarrava se a nossa porta com o taxi previamente acertado, uma rural Willis de cor azule branco de propriedade de seu Zé maleiro, motorista dos mais antigos de nossa cidade, hoje falecido.
Enquanto o carro encobria se na primeira curva ficávamos os sete irmãos daquela época na calçada com a mão direita acenando enquanto a esquerda segurava ainda a fatia do bolo, amparados por nosso pai, que naqueles dias encontrava se enfermo.
Teresa a partir daquele momento seria não só a acompanhante de nossa mãe, mas também porta voz de toda família.
E não a largou mais passou a noite, o dia amanheceu, veio a tarde as dores multiplicavam se e prolongavam se até que concomitantemente com um grande blecaute em nossa cidade neste exato momento, nascia um belo garoto no apagar das luzes, nossa mãe decidiu colocar o nome de André Luís, puro espírito de luz.
Teresa estava radiante, teria ganho um belo presente, nossa mãe adormeceu, mais pela exaustão, que propriamente sono.
Aquela noite seguiu angustiante com o bebê que não cessava um segundo aquele choro e Teresa sem saber o que fazer Decidiu coloca lo ao seu lado da cama de acompanhante, ele gostou tanto do quentinho do corpo, agora de sua nova mãe, que se acalmou, adormecendo.
Pela manhã, a enfermeira ao chegar para cuidar de nossa mãe, perguntava pelo bebê.
Onde está Teresa acordou com a voz apreensiva de nossa mãe, também a perguntar: "Teresa, onde está o nosso bebê ".
E Teresa acordando sonolenta e assustada sem saber o que estava acontecendo, só descobrindo com o choro mingado, que vinha por baixo dela, teria dormido por cima dele, quase sufocando seu presente de aniversário!