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Primeiro Dia de Aula

O 'Cinema Paradiso' e a volta às aulas
No clássico Cinema Paradiso (1989), do diretor e roteirista italiano Giuseppe Tornatore, o pequeno e sensível protagonista Totó descobre o mundo por meio de uma escola diferente.
Uma escola encantada, impregnada de sonhos, desejos, possibilidades.
Uma escola travestida de cinema e que prescinde do quadro negro justamente porque ensina, comove e arrebata os corações e mentes utilizando imagens, emoções, sentimentos e ações reproduzidas nas projeções comandadas por Alfredo espécie de mentor, professor, pai e amigo do eloqüente Totó.
É essa vontade de desvendar o mundo, vivenciada pelo pequeno personagem de Tornatore, que pretendemos levar aos alunos da rede estadual de ensino na próxima segunda feira, quando seis milhões de estudantes voltam às aulas e assumem seus postos de aprendizes nas seis mil escolas do Estado.
Estamos convictos de que a maioria de nossos 250 mil educadores tem muito do amor, da generosidade e do espírito apaixonado do velho projecionista Alfredo.
Homem que se vale dos filmes e de suas histórias para fazer do menino Totó um ser humano melhor, mais confiante no futuro.
Uma criança comprometida com o aprimoramento de seus talentos.
Alfredo ministra ao bambino muito mais do que o ofício da projeção das fitas.
Sábio, o velho mentor ensina, a bem da verdade, a importância do sonho, a importância de acreditar neles e a necessidade de lutar para que se tornem realidade.
Alfredo é um professor na acepção mais completa do termo.
Um mestre que, mesmo após ter perdido a visão durante um dramático incêndio no cinema em que trabalhava, consegue enxergar em seu pupilo o grande artista que ele se tornaria um dia.
O grande homem que deixaria aquela pequena cidade sem oportunidades em que viviam em busca da concretização de seus ideais.
Ideais fundamentados na concepção, na produção e na execução de suas próprias histórias.
Histórias, por isso mesmo, mais fascinantes do que aquelas assistidas nas sessões das matinês.
É essa a função do educador.
É essa a missão das instituições de ensino.
Despertar potenciais.
Descobrir dons adormecidos.
Injetar confiança em crianças e jovens muitas vezes descrentes de seu valor, de sua singular capacidade de escrever belos roteiros para suas vidas.
Nesta época do ano, em que retomamos as atividades do processo ensino aprendizagem em nossas escolas, faz se necessário refletir sobre o modo como devemos "seduzir" nossos alunos para a beleza da vida e para as diversas maneiras de torná la melhor, a cada dia.
As salas de aula podem, sim, ser tão atraentes quanto as telas de cinema.
Até porque é por meio delas que começamos a aprender mais sobre nós mesmos, sobre os que estão à nossa volta e sobre os que estão distantes.
É nelas que deparamos com a melodia da poesia, com a dança frenética dos números, com a natureza e seus infinitos mistérios.
É lá que os melhores professores nos orientam sobre o quanto podemos ser detentores das rédeas de nosso destino.
O período escolar encerra anos indispensáveis ao crescimento emocional e intelectual dos indivíduos.
Anos em que precisamos receber estímulos, incentivos, elogios e críticas construtivas.
Tempos em que planejamos, passo a passo, o início de nossa trajetória.
A educação necessita de doses maciças de ousadia, da intensidade de espíritos inquietos, da energia pulsante de uma vocação peculiar: a vocação pela propagação de saberes, pelo gosto em debater, refletir, discutir e analisar o mundo junto com o outro.
Uma vocação que impulsiona o ser humano ao crescimento ininterrupto.
Vocação que se traduz em amar o conhecimento e, principalmente, em compartilhá lo.
A Secretaria de Estado da Educação acredita em seus educadores e tem orgulho de presenciar o modo com que têm exercitado o magistério.
É impressionante o empenho desses mestres em fazer o melhor, em participar ativamente de nossos programas, projetos e ações, como é o caso do Escola da Família.
Nas visitas às unidades educacionais, nos eventos programados pela secretaria, nas capacitações, na maneira dedicada com que nos apresentam sugestões, no brilho apaixonado com que nos revelam suas idéias Tudo nos lembra a grandeza e a extrema sensibilidade do inesquecível Alfredo, de Cinema Paradiso.
Por tudo isso, a todos vocês que fazem da educação um exercício contínuo de arte, de amor e de altruísmo, um maravilhoso ano letivo.
E, sobretudo, o nosso muito obrigado.
Que em 2004, possamos avançar ainda mais na construção de uma escola viva, dinâmica e sedutora.
Uma escola capaz de deixar nossos aprendizes como o pequeno Totó: repletos de entusiasmo, energia e autoconfiança.
Publicado na Folha de S.
Paulo

Os 5% que fazem a diferença
Tínhamos uma aula de Fisiologia na escola de medicina logo após a semana da Pátria.
Como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado prolongado, todos estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e a excitação era geral.
Um velho professor entrou na sala e imediatamente percebeu que iria ter trabalho para conseguir silêncio.
Com grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que minha turma correspondeu Que nada.
Com um certo constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio educadamente.
Não adiantou, ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa.
Foi aí que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já presenciei.
Veja o que ele disse: “Prestem atenção porque eu vou falar isso uma única vez”, disse, levantando a voz e um silêncio carregado de culpa se instalou em toda a sala e o professor continuou.
“Desde que comecei a lecionar, isso já faz muitos anos, descobri que nós professores, trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma.
Em todos esses anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que fazem alguma diferença no futuro; apenas cinco se tornam profissionais brilhantes e contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Os outros 95% servem apenas para fazer volume, são medíocres e passam pela vida sem deixar algo de útil.
O interessante é que esta percentagem vale para todo mundo.
Se vocês prestarem atenção notarão que de cem professores, apenas cinco são aqueles que fazem a diferença; de cem garçons, apenas cinco são excelentes; de cem motoristas de táxi, apenas cinco são verdadeiros profissionais; e podemos generalizar ainda mais: de cem pessoas, apenas cinco são verdadeiramente especiais.
É uma pena muito grande não termos como separar estes 5% do resto, pois se isso fosse possível, eu deixaria apenas os alunos especiais nesta sala e colocaria os demais para fora, então teria o silêncio necessário para dar uma boa aula e dormiria tranqüilo sabendo ter investido nos melhores.
Mas, infelizmente não há como saber quais de vocês são estes alunos.
Só o tempo é capaz da mostrar isso.
Portanto, terei de me conformar e tentar dar uma aula para os alunos especiais, apesar da confusão que estará sendo feita pelo resto.
Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo pertencerá.
Obrigado pela atenção e vamos à aula de ”.
Nem preciso dizer o silêncio que ficou na sala e o nível de atenção que o professor conseguiu após aquele discurso.
Aliás, a bronca tocou fundo em todos nós, pois minha turma teve um comportamento exemplar em todas as aulas de Fisiologia durante todo o semestre; afinal quem gostaria de espontaneamente ser classificado como fazendo parte do resto Hoje não me lembro muita coisa das aulas de Fisiologia, mas a bronca do professor eu nunca mais esqueci.
Para mim, aquele professor foi um dos 5% que fizeram a diferença em minha vida.
De fato, percebi que ele tinha razão e, desde então, tenho feito de tudo para ficar sempre no grupo dos 5%, mas, como ele disse, não como saber se estamos indo bem ou não; só o tempo dirá a que grupo pertencemos.
Contudo, uma coisa é certa: se não tentarmos ser especiais em tudo o que fazemos, se não tentarmos fazer em tudo o melhor possível, seguramente sobraremos na turma do resto.