BEM TE VI
Quando o visualizei em voos mirabolantes, coletavas insetos no ar.
Vivia bastante saudável na comunidade dos pássaros.
Depois de degustar o besouro,posado, num fio de luz, cantava louvores; feliz da vida.
Que, apesar de repetir o mesmo cântico e gesto, não cansavam seus ouvintes.
Em seu cantar, me transmitia uma mensagem de paz,esperança fé e crença; quando na letra de uma canção repetia o refrão, dizendo que “bem me via”; quando eu não estava bem.
E vivíamos bem, naquela doce ilusão.
Quisera eu ti ouvi lo novamente! Por muito tempo; ainda que seu repertório fosse o mesmo: Bem te –vi.
Pois do “bem”, não hei de me cansar.
Mas na fúria louca que se vive Uma vida sem rumo e sem coração, ceifou lhe à vida.
Precocemente.
Hoje,quando ti vi caído e já aderido no asfalto quente,pelos pneus dos veículos; doeu em mim.
Logo, interroguei me: pode haver poesia num pássaro que já morreu Pode.
A poesia não morre com um ente; nem vive sem ele, ainda que morra.
Por isso, é que não devemos nunca, deixar de dizer: Bem te vi.
Mesmo que o momento seja de lamento e dor.
O que me acalenta um pouco mais é saber que teus remanescentes ainda falam a tua língua e cantam a tua música.
O representando na terra dos viventes.
Desejam o bem a ti, na eternidade das aves, e a mim nesta vida efêmera; o mesmo que você desejava a todos nós em vida aqui na Terra: bem te vi.