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Nemilson Vieira de Morais

ALGUMAS LIÇÕES
CRÔNICA
Naquele tempo quase todo mundo usava uma arma qualquer
Esposta na sinta de seu usuário; na cabeceira do arreio,na sala de estar,atrás da porta
Conta se, que, na fazenda Alto do Barrerim, Sta Rosa da Serra, Chico Cabaça e Zuino Mandi se estranharam e foram às vias de fato
O trem foi feio!
Passado um tempo desse embate,ao se reencontrarem, um tirou a vida do outro, tragicamente.
Os dois personagens desta história detestavam seus apelidos
Chico Cabaça deu de possuir um revólver que, pelo apego, não devia se desgrudar tão facilmente dele.
Dado dia e instante, precisou ir à vendinha que arrendara a um conhecido, comprar um açúcar pra esposa coar um café.
Encontrou se com Zuino Mandi, na dita venda; bebendo "umas e outras", batendo um punhal prateado,reluzente num balcão de madeira.
Havia uns Bonitos e valiosos,de prata com desenhos de figuras trabalhadas em relevos, na bainha e no cabo; a lâmina de aço,servia para sangrar as vítimas.
Zuino,que punhal lindo é esse !! Quanto ti custou !
Custou 250 Réis e uma trela de cabaças.
E esse revolver bonito à mostra em sua cintura, tenho medo não; quanto cê pagou pu ele ! Reverberou Zuino.
Paguei 550 Réis e dois ganchos de mandi.
Pronto: Quando Zuino mesionou em sua resposta a "trela de cabaças", no negócio do punhal, e Zuino sitou os "ganchos de mandis" na compra do revolver, incendiram a fogueira
Pra quê!! Zuino foi pra cima de Chico
Chico bateu a mão no revolver, pronto em botá lo a "cuspir fogo" Acionava o gatilho sem parar, mirando o desafeto, mas nada acontecia
O tambor da arma de Chico Cabaça estava completamente vazio.
Ele mesmo, o havia esvaziado, prevendo acidentes com as crianças.
E não retornou a munição pro lugar.
Zuino o pegou à "unha"; imobilizado no chão, Chico, recebia panadas de punhal no rosto ouvindo Zuino dizer:
Eu não vou lhe matar com esse punhal, ele é caro demais, só uso de boniteza mesmo.
Você merecia morrer era com um punhal velho, enferrujado
Acalmado os ânimos, Chico Cabaça,disfeitado, montou em seu cavalo e jurou
No dia que eu o encontrar novamente um de nós vai pro inferno.
Dois anos se passaram
Chico Cabaça apeou do cavalo na mesma vendinha; Zuino Mandi estava de costas,Chico o pediu para que virasse que não matava homem pelas costas; ao virara se, Chico o desferiu seis disparos de arma de fogo.
Como um dos agravantes do crime, Chico colocou os invólucros dos projéteis deflagrados na boca da vítima.
Zuino, não resistiu os ferimentos
Julgado e condenado Chico fora sentenciado em 12 anos de prisão em regime fechado.
Um ano de sentença por cada cápsula.
Todos anos seus filhos saiam em penitências,numa via sacra, com a folia de Reis local, fazendo promessas pro pai sair logo da cadeia.
Tocar a vida ao lado deles.
Chico Cabaça ajustou advogado e saiu da prisão; depois de cumprir oito anos de reclusão.
O uso de amas é complicado
Se mata e se morre, por causa dela; outrora, ajuda o dono e o leva para a prisão.
Quanto aos apelidos: se a pessoa não gostar, deve haver respeito a ela.
Ser tratada pelo nome é a melhor opção.
Apelido, só se for carinhoso.
20.06.19

QUEIRA DEUS ME PERDOAR!
Bem cedo, nos conhecemos e nos apaixonamos de vez; o mundo inteiro estava errado sendo contra aquela união só nós dois achávamos certos:não dar ouvidos a oposição.
Nunca alimentamos o medo,a tirania, o ódio em nossa relação; e o verdadeiro amor era o recheio e a cereja da nossa vivência.
A roubei (literalmente, em carne e osso) roubar moça constituía se em crime, inafiançável naquele tempo e foste comigo pelos caminhos da vida, que diziam ser errantes; sem guarida, sem um ninho, sem um teto,ou um trabalho definido.
Mas com muito amor pra dar e receber.
Sempre a tendo do meu lado, e a recíproca era verdadeira; até que todos os nossos dias tivessem verdadeiros sentidos.
E como tiveram O amor era conosco.
Ele supera tudo, através do seu poder.
Achando que não, defraudei, fugi e penei pelos deslizes que cometi.
Mas tudo fora por uma justa causa: sermos felizes para sempre.
E fomos.
Se não o amasse e não fosse correspondido, seria em vão o meu querer lhe.
Mas não foi isso que aconteceu.
Nos amamos muito.
Quando fui preso, estava comigo, presa também.
E entre fuzis e baionetas fizeram nosso enlace matrimonial.
Não quisera o destino que fosse d'outro jeito, nossas nuances de amor.
Julgavam proibido nosso amor, pelo grau de parentesco que tínhamos,pela falta dos tramites legais de um cartório,sem as cerimônias matrimoniais e formalidades da sociedade que não nos submetemos.
Sofremos os rigores da Lei dos homens, sem precisão, pois, a lei do amor é maior e, vivia latente e internalizada em nós.
Não carecia de tão constrangedora punição.
A amei, até Deus o chamar; e fui amado também grandemente.
Agora continuarei palmilhando a terra sozinho, sem a sua companhia; porque ganhastes os céus como morada eterna.
Queira Deus me perdoar, pois,caso errei, foi sem pensar: envolver me em um amor proibido não para mim e ela,mas para muitos da comunidade;que defendiam o padrão social, vigente.
Eu,como tio e ela como minha sobrinha não podíamos nos amar.
Mas amamos.
Ocasionei transtornos em minha atitude; um ilícito cometi.
E teria que pagar o que fiz.
Como paguei.
Se no tribunal do Pai houver perdão Queira Deus me perdoar pela minha incompreensão e transgressão se fui transgressor.
De querer o que não devia, e ferir princípios estabelecidos.
Foi em nome do amor que cometi meus delitos, que dizem.
Mas o bom, foi que,provamos o contrário, tempo todo: vivemos sem lamentações ou queixumes, porque a vida sorriu para nós quando deixamos de lado as diferenças e estigmas. Que aprisionam os sentimentos.
Os filhos chegaram, netos também; e os bisnetos.
E o nosso amor transbordou se abundantemente por todos os lados.
E essa dádiva nunca mais se acabará.
Fomos confirmados na graça.
Eu e ela, e nossa herança familiar.
Repito: Queira Deus me perdoar, se em alguma coisa de errado pratiquei!
Só deu certo à nossa terna caminha,unidos num só corpo e alma, porque Deus entrou no meio.