Não há bicho doméstico mais frio do que o gato.
Frio e interesseiro.
Ele não se apega exatamente ao dono.
Gosta mesmo é da comida e do sofá.
Do conforto proporcionado por quem o cria e pode a qualquer momento ser arranhado ou levar uma bela mordida, caso o contrarie, por exemplo, com afagos em demasia.
Ninguém se iluda com as esfregações do gato entre suas panturrilhas nem com outra possível manifestação de afeto.
Gato é prostituto.
Vende se pelas mordomias e vantagens ao seu alcance, na casa que o acolhe.
No entanto, não hesita em trocar de casa e dono, sem qualquer nostalgia, se outra casa lhe abrir as portas e oferecer mais fartura e conforto material.
Em no máximo três dias, o ex dono de um bichano pode se tornar completamente estranho para ele, mesmo depois de uma vasta convivência.
É triste, mas nesse aspecto, a espécie mais parecida com o gato é o ser humano.
Pessoas adoram quem lhes dê vantagens; rodeiam sempre os que podem lhes proporcionar acessos, ascensões, indicações, status, lucros.
Tratam com menos deferência, respeito e carinho aqueles que nada podem oferecer de vantajoso.
De alguma forma leiloam seus afetos e preferências e constantemente renegam a quem deixa de ser interessante, quer seja como patrão, empregado, bajulador, mecenas e tudo o mais que represente ganhos.
Não importa que tipos de ganhos.
Podemos concluir dessa particularidade, que o rico também bajula o pobre, quando o ato significa a chance de utilizá lo para se dar bem.
Numa coisa o ser humano é pior do que o gato: ao passo que o bichano apenas busca o melhor para si, gente quer muito mais Quer o pior para os outros, a eliminação da concorrência, e vai muito além da esfregação entre as panturrilhas: dá rasteiras; derruba o próximo em beneficio próprio.
Que o digam, de forma especial, os políticos partidários com os quais lidamos mas olhe: não são apenas eles.