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Karoline Nogueira

Floricultura
Mais cachorros que pessoas passando na calçada, bicicletas, o som das jovens vozes no ginásio da outra quadra.
A orquídea que perfuma tudo pra chamar atenção, o vento, a brisa calma: vão fazer falta no verão.
Da porta vejo escadas, no alto, janelas refletoras de sonhos
Uma promoção, um suco gelado, uma vontade de falar com alguém.
O telefone toca, uma voz amiga do outro lado do mundo Que vontade de chorar.
Queria ser pássaro, pássaro não, vento: pra chegar mais rápido.
Vou conhecendo a pequena floricultura com a chegada do sol, com a promessa da primavera Piso num chão de sombras de folhas douradas
Tudo na cidadezinha é devagar, o tempo, o homem, o olhar, o sorriso.
Quando se pensa em sorrir, a vida já deu dois passos, e uma parte de mim nunca olha pra trás.
Vendo flores, vasos, sonhos, uns sorrisos, surpresas, amores e contentamento.
O quase perfume de criar um jardim entre quatro paredes de concreto.
Nada num jardim é concreto, nada permanece, mesmo as esculturas de pedra.
Esse é um desses negócios que além da beleza e do prazer vende renovação, nutrição, recomeço Algumas recomendações, o desejo que vinga, o cuidado de um novo alguém, um novo lar, e se ninguém cuidar
As tardes de conversa jogada fora com insetos e folhas Entre podas drásticas ou carinhosas, percebo que preciso de espaço.
Um escritório debaixo do pé de caju, quem sabe
Alguns metros quadrados a mais pra cultivar as flores de vento, borboletas!
O caminho não é mais o mesmo, ainda tem um campo de girassóis antes de chegar em casa, ainda tem o mar, a vila, mas é o barquinho azul, parado na lembrança que ensina a olhar pro que se quer mesmo quando não se quer nada.
Os dias de sol trazem coragem, os de céu branco ditam o ritmo da espera.
Vou pintar o vento no tronco de uma árvore