Não existe som mais espetacular do que o de uma bateria de escola de samba na época do Carnaval.
Sempre mexeu comigo e faz o sangue correr mais rápido e mais quente nas minhas veias.
A bateria de grupos de jazz não me toca a mínima.
Do apartamento de Dora Ouve se o ruído lá fora Do carnaval que já vem.
O samba do morro desce E a gente do morro esquece Do gosto que a vida tem.
O Carnaval mudou, os desfiles privilegiam o espetáculo visual em detrimento do samba, do ritmo e do povo cantando
Antes, a palavra samba era sinônimo de mulher.
Agora, já não é assim.
Há também o dinheiro, a crise.
A mulher e o dinheiro são, afinal, as únicas coisas sérias deste mundo.
A escola de samba com seu enredo, o formato do espetáculo, é a síntese de todos os signos da vida cultural brasileira.
Ela consegue se manter porque se transforma.
Chico Buarque ascende amanhã à glória maior que se pode receber do nosso povo: vira enredo de escola de samba.
E quando eu me apaixonei Não passou de ilusão, o seu nome rasguei Fiz um samba canção das mentiras de amor Que aprendi com você
Gosto de fazer samba de dor de cotovelo, falando de mulher, de amor, de Deus, porque é isso que acho importante e acaba se tornando uma coisa importante.
Eu tenho um balanço meio chatinho que serve para toda época.
A turma se liga porque, a não ser samba canção, pego de todo lado, de frevo à música de terreiro.
Música que tem balanço, no Brasil, faço todas elas.
E o coco é o pai do negócio