Quanto a você, da aristocracia,
Que tem dinheiro, mas não compra alegria,
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia.
Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de português.
O mundo é um samba em que eu danço
Sem nunca sair do meu trilho
Vou cantando o teu nome sem descanso
Pois do meu samba tu és o estribilho.
Antes, a palavra samba era sinônimo de mulher.
Agora, já não é assim.
Há também o dinheiro, a crise.
A mulher e o dinheiro são, afinal, as únicas coisas sérias deste mundo.
Nosso amor que eu não esqueço,
e que teve o seu começo numa festa de São João,
morre hoje sem foguete, sem retrato e sem bilhete,
sem luar e sem violão.
Pobre de quem já sofreu nesse mundo
A dor de um amor profundo
Eu vivo bem sem amar a ninguém
Ser infeliz é sofrer por alguém
Às pessoas que eu detesto, diga sempre que eu não presto.
Que meu lar é um botequim, que eu arruinei sua vida e não mereço a comida que você pagou pra mim.